Igualdade racial no turismo: Embratur lança guia prático
Igualdade racial no turismo é o eixo central do novo guia lançado pela Embratur em parceria com o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF). O material foi apresentado em Salvador durante o workshop Trilhas do Afroturismo Internacional e marca um avanço importante para a inclusão e valorização da diversidade no setor turístico brasileiro.
Um segmento que ganha visibilidade
Antes de tudo, o documento apresenta o conceito de afroturismo como segmento que valoriza a cultura, a história e a ancestralidade negra. A proposta não se resume à oferta de roteiros turísticos. Ela busca incluir protagonistas negros na condução das experiências, fortalecendo a presença dessas comunidades na narrativa turística nacional.
Além disso, o guia responde a um cenário de exclusão estrutural que ainda persiste. Ao alinhar-se aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, como a redução das desigualdades e a promoção da igualdade de gênero, a iniciativa transforma o turismo em ferramenta social. Para o presidente da Embratur, Marcelo Freixo, promover igualdade racial é também estratégia de competitividade, tornando o Brasil referência mundial no segmento.
Por fim, o lançamento em Salvador tem forte simbolismo. A capital baiana, reconhecida como berço da cultura afro-brasileira, torna-se vitrine de um movimento que busca atrair visitantes interessados em vivenciar a riqueza cultural do país de forma justa e respeitosa.
Diretrizes para um turismo inclusivo
Nesse contexto, o guia prático surge como ferramenta de orientação para empresas e profissionais do setor. Ele sugere medidas concretas, como revisar editais de contratação para evitar linguagem excludente. Também recomenda ampliar a divulgação em redes comunitárias negras e diversificar os painéis de entrevistadores.
Do mesmo modo, orienta que as equipes recebam formação em letramento racial, conceito que estimula a compreensão das diferentes formas de racismo no cotidiano. A publicação incentiva ainda a criação de materiais de divulgação que representem a diversidade de forma positiva, sem limitar pessoas negras a papéis estereotipados.
Segundo a coordenadora de Afroturismo, Diversidade e Povos Indígenas da Embratur, Tania Neres, o guia materializa o compromisso da instituição. A meta é construir práticas que promovam acolhimento e respeito em todos os níveis da cadeia produtiva.

Impactos econômicos e sociais
Por consequência, o fortalecimento do afroturismo não se limita ao aspecto cultural. Ele traz impactos diretos para a economia. Ao incluir comunidades historicamente marginalizadas, o setor amplia sua rede de atores e cria oportunidades de renda. Para o diretor de Diversidade da CAF, Eddi Marcelin, esse modelo celebra a memória coletiva e promove desenvolvimento sustentável.
Igualmente, o documento é considerado inédito. A consultora da Embratur/CAF, Natália Oliveira, destacou que oferecer diretrizes específicas para acolher o turista negro é um avanço na construção de um turismo antirracista. Trata-se de um material que convida empresas a adotar postura ativa contra o racismo, indo além de ações pontuais.
Em última análise, o guia reforça que o reconhecimento da cultura afro-brasileira é condição indispensável para reposicionar o Brasil no cenário internacional. Assim, a diversidade deixa de ser apenas discurso e passa a ser compreendida como diferencial competitivo.
Um marco para o turismo brasileiro
Nesse sentido, a publicação da Embratur e da CAF estabelece um novo patamar para a indústria. O guia defende um turismo que integra justiça social, desenvolvimento econômico e valorização cultural. Dessa forma, reforça que não há futuro promissor para o setor sem inclusão racial.
Ao mesmo tempo, abre espaço para que empresas repensem sua atuação. A adoção de medidas práticas em prol de um mercado representativo torna-se fundamental. O Brasil, com sua vasta herança afrodescendente, possui condições singulares para se tornar referência internacional em afroturismo.
Portanto, o lançamento em Salvador não simboliza apenas a entrega de um manual técnico. Ele representa a consolidação de uma agenda estratégica que fortalece o país no turismo global. O foco está no respeito à diversidade e no combate às desigualdades históricas.
Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa