A Música Está Mudando: IA Já Produz Quase 1 em Cada 5 Faixas no Deezer

A Música Está Mudando: IA Já Produz Quase 1 em Cada 5 Faixas no Deezer

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A Música Está Mudando: IA Já Produz Quase 1 em Cada 5 Faixas no Deezer

O avanço das composições geradas por inteligência artificial desperta debates sobre autoria, ética e o papel do artista na era digital.

A Expansão das Composições Digitais

Diariamente, mais de 20 mil faixas criadas por inteligência artificial são inseridas na base do Deezer, segundo dados da própria plataforma. Isso representa 18% de todas as novas músicas enviadas, um salto significativo em relação aos 10% registrados no início de 2025.

Trata-se de uma transformação silenciosa, mas profunda, na maneira como a música é produzida e consumida globalmente.

Esse crescimento é impulsionado por ferramentas como Suno e Udio, que permitem que qualquer pessoa gere músicas completas apenas descrevendo o estilo, ritmo ou emoção desejada.

A partir de algoritmos avançados, surgem canções com vocais, harmonias e letras produzidas em minutos, sem músicos ou estúdios envolvidos.

A acessibilidade tecnológica, embora encante pela praticidade, levanta dúvidas sobre a autenticidade das obras.

Será que uma composição sem vivência, emoção humana ou suor de ensaio pode ter o mesmo valor artístico de uma canção feita à mão, nota por nota?

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As Iniciativas do Deezer Frente à Inundação Algorítmica

Diante da enxurrada de conteúdo gerado por máquinas, a Deezer adotou medidas tecnológicas e políticas para preservar a integridade da curadoria musical.

Desenvolveu um sistema interno de detecção capaz de identificar músicas criadas por IA, mesmo sem conhecer os bancos de dados que alimentaram os modelos.

É um sistema baseado em reconhecimento de padrões, vocais sintéticos e estruturas previsíveis.

Além disso, a plataforma se comprometeu com os princípios da campanha internacional Human Artistry, assinando um acordo que impede o uso de obras protegidas por direitos autorais para treinar modelos de inteligência artificial sem autorização expressa. O objetivo é equilibrar inovação e respeito à criação autoral.

Outra ação importante foi remover essas faixas artificiais dos algoritmos de recomendação personalizados.

Assim, o conteúdo automatizado não interfere na descoberta musical promovida pela plataforma, protegendo a visibilidade dos artistas humanos.

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Dilemas Jurídicos e o Clamor de Músicos Reconhecidos

O crescimento das músicas sintéticas chegou aos tribunais. Plataformas como Udio e Suno estão sendo processadas por treinar seus modelos com catálogos musicais protegidos, sem licença.

Os processos alegam violação de direitos intelectuais, e a indústria fonográfica começa a se mobilizar para exigir compensações e regulamentações claras.

Estrelas da música como Stevie Wonder, Nicki Minaj e Billie Eilish demonstraram preocupação. Em declarações públicas, afirmaram que a apropriação não autorizada de seu trabalho pode anular décadas de luta criativa, ao permitir que máquinas clonem timbres, estilos e identidades artísticas em segundos.

As discussões legislativas já acontecem em diversos países. Entre as propostas, estão a criação de selos obrigatórios para identificar músicas feitas por IA, o pagamento de royalties para artistas cujas obras forem usadas em treinamentos de modelo e a possibilidade de artistas recusarem o uso de suas vozes e estilos como base para cópias.

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Ouvinte: O Que Muda na Sua Experiência?

Para o público geral, a diferença pode passar despercebida — por enquanto. Muitas das faixas criadas por IA estão inseridas em playlists de música ambiente, lo-fi e trilhas instrumentais para relaxamento ou estudo.

No entanto, com o avanço dos sintetizadores de voz e da interpretação emocional artificial, é provável que músicas com letras e refrões impactantes entrem em playlists populares.

Isso gera um dilema: se uma canção te emociona, importa saber quem a criou? Para alguns, a resposta é sim — a autoria humana carrega um valor subjetivo, poético e até espiritual.

Para outros, o que importa é a qualidade final, independentemente de sua origem.

Nesse contexto, cresce a demanda por transparência. Muitos usuários defendem que as plataformas indiquem de forma clara se determinada faixa foi composta por um artista humano ou por uma IA.

Esse tipo de sinalização pode influenciar não só a experiência de escuta, mas também decisões éticas de consumo cultural.

Anand Rao e Agnes Adusumilli

Editores Chefes

Cultura Alternativa