A solidariedade é o melhor investimento - Cultura Alternativa

A solidariedade é o melhor investimento

A solidariedade é o melhor investimento

Entenda como um grupo de pais mudou a realidade de centenas de crianças e adolescentes com apoio da comunidade.

Investir em vidas por meio de uma ONG pode trazer benefícios para a sociedade que nenhuma cotação monetária disponibiliza. Uma prova disso é o trabalho da Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias (Abrace), instituição sem fins lucrativos que há 35 anos atua na luta contra o câncer infantojuvenil no Distrito Federal.

Criada por um grupo de pais de pacientes em tratamento no Hospital de Base de Brasília, rapidamente se tornou uma obra social coletiva graças ao trabalho voluntário, às doações da sociedade civil e às parcerias de empresas engajadas na missão.

“Abrace é união de todos nós, fundadores ou não fundadores, de todos aqueles que com solidariedade e amor ajudam construir essa obra abençoada”, destaca a presidente da associação, Maria Angela Marini, que foi uma das fundadoras ao lado do marido Roberto Nogueira Ferreira.

Três décadas e meia depois do surgimento da instituição, a situação é totalmente diferente. O índice de abandono do tratamento foi de 28% para zero, já que a Abrace oferece todo suporte necessário para a família, como hospedagem, alimentação e transporte para o hospital.

Outra conquista foi o aumento do índice de cura, que foi de 50% para 70%, chegando a 80% quando diagnosticado precocemente.

Tudo isso graças a solidariedade de pessoas como o Gustavo Henrique de Lima Jaculi, que ajuda a Abrace desde 2013. “Eu vivi uma experiência com ela e sei o tanto que é uma organização séria que realmente dá suporte às famílias que precisam. Há 18 anos, fui diagnóstico com Leucemia e mesmo morando em Brasília e a Abrace foi fundamental com seus voluntários”, revela o rapaz.

A solidariedade é o melhor investimento

Ajuda que não tem preço

Ao apoiar uma causa social e ser solidário, o valor doado se transforma em assistência e muda histórias como a da Patrícia Emely Vaz Lopes. Ela tinha apenas um ano quando foi diagnosticada com Aplasia de Medula e é assistida pela Abrace desde então, recebendo todo o suporte necessário durante o tratamento.

“Meu sentimento, acima de tudo, é de gratidão por ter recebido tanta atenção, carinho de uma instituição que é amor. Nem todos os agradecimentos serão o necessário para suprir todo o cuidado que recebi”, destaca.

O resultado desse investimento da sociedade é positivo e incalculável. Hoje, Patrícia tem 22 anos e um largo sorriso no rosto. Retribuindo o apoio recebido, ela optou por um caminho especial: “Escolhi a enfermagem por conta de toda a trajetória que tive em meu tratamento. Por ser uma profissão que cuida, que preza pelo ser humano.

O mesmo cuidado que tive em meu tratamento quero passar ainda melhor para meus futuros pacientes. É dando amor que recebe”.

Apoio que permite ir além da assistência

São 3.276 pessoas assistidas pela Abrace. Na Casa de Apoio da instituição, as crianças que não moram no Distrito Federal podem ficar hospedadas com acompanhante e têm acesso a alimentação, transporte para o hospital e até medicamentos, quando não são disponibilizados pela rede pública de saúde.

Para quem mora em Brasília, o apoio também ultrapassa o tradicional quando se trata de assistência social. Até mesmo as cestas básicas entregues às famílias são montadas de acordo com a necessidade de cada uma e contam com verduras orgânicas colhidas na horta da instituição.

Os familiares do paciente também têm acesso à assistência odontológica, disponibilizada por dentistas voluntários em um consultório doado em 2015.

A Abrace também realiza passeios, palestras, festas comemorativas e pequenas reformas ao perceber residências em condições precárias que colocam em risco a saúde do paciente. Tudo por meio da solidariedade de pessoas e empresas.

Investindo também em um atendimento humanizado

O cenário hospitalar brasiliense também mudou muito desde o nascimento da Abrace. Em maio de 1986, ano da fundação da instituição, o tratamento contra o câncer infantojuvenil era realizado por médicos especializados, porém, a criança dividia espaço com o adulto. Se a doença já é grave em qualquer idade, na infância esses fatores influenciam ainda mais na chance de cura.

Para mudar essa realidade, a Abrace mobilizou a comunidade e, por meio de doações e parcerias, construiu o primeiro bloco do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), inaugurado em 23 de novembro de 2011.

O hospital é gerido pelo Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (ICIPE) e integra a rede da Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Disponibiliza atendimento público pelo Sistema Único de Saúde (SUS), oferecendo atendimento humanizado e de alta qualidade em todas as especialidades pediátricas, além de novos serviços como diálise, tratamentos oncológicos, cirurgias e procedimentos ambulatoriais sob sedação.

O hospital custou 30 milhões de reais, valor arrecadado por meio de doações de pessoas e empresas. “O HCB é o maior projeto realizado pela Abrace.

Esse é um compromisso assumido desde sua fundação para as crianças e seus familiares enfrentarem a doença com o melhor atendimento hospitalar, humanização e segurança, num ambiente alegre e lúdico que transforma a dor em uma melhor vivência hospitalar, com qualidade de vida, gerando expectativas de dias felizes tendo como pilar principal a esperança na cura das doenças”, revela a presidente da Abrace.

A humanização está presente até mesmo ao esperar o atendimento. Inaugurado em maio de 2017, o Espaço da Família Instituto Ronald McDonald oferece um local confortável à família do paciente do HCB.

O ambiente possibilita descanso, acomodação, realização de tarefas lúdicas, terapia ocupacional para os pais, além de recreação para crianças e adolescentes por faixa etária, como jogos, pintura e mini cinema.

Para Dra. Isis Magalhães, que acompanhou todo o crescimento da Abrace e a construção do HCB, o sucesso do projeto está no se doar, motivando outras pessoas a fazer o mesmo. “Eles arregaçam as mangas e conseguem fazer toda a sociedade de Brasília se juntar nessa causa, nesse esforço transformador”, conta a doutora, que hoje atua como diretora técnica do hospital.

A solidariedade é o melhor investimento

Investindo fortemente no futuro

A Abrace também oferece suporte para que as crianças e adolescentes não desistam dos estudos durante o tratamento. Com essa proposta, nasceu em 2017 o Espaço pedagógico, que conta com sala de aula, brinquedoteca e até sala de leitura e web.

As mães também acabam deixando para traz profissões e estudos para acompanhar os filhos durante o tratamento e têm dificuldade de retomar as suas atividades pelo tempo que ficou afastada do mercado de trabalho. Por conta disso, nasceu o projeto Abrarte, que oferece por meio do artesanato uma atividade de cunho profissional e terapêutico.

Para a Elisangela Souza, o projeto também despertou o empreendedorismo. “Trouxe muito crescimento para mim. Eu não tinha profissão. Hoje eu sou registrada como artesã profissional e me sinto capacitada para o mercado de trabalho. Agradeço a Deus e a Abrace por ter acreditado em mim”, destaca a mãe, que hoje passa o que aprendeu para frente e expõe suas obras em grandes festivais e feiras de Brasília.

Além disso, a Abrace também promove campanhas para alertar a sociedade sobre o diagnóstico precoce e participa da Confederação Nacional de Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (Coniacc). Também realiza iniciativas com o objetivo de motivar pessoas durante o tratamento com depoimentos de quem já venceu a doença.

O câncer não faz quarentena

Os desafios para manter essa assistência só cresceram. Comparando com os preços de abril de 2020, o arroz está 108% mais caro, ou seja, o valor para compra dobrou. Já o feijão aumentou 99,7% e o óleo de soja 76%, fora os outros itens da cesta. Mesmo diante da redução das doações de alimentos não-perecíveis durante a pandemia do Covid-19, a Abrace aumentou o número de cestas básicas mensais entregues, que chegam na casa das famílias em situação vulnerável mensalmente.

Magna Maria da Silva Araújo é doadora e se sente feliz por fazer parte dessa corrente de solidariedade. Ela sentiu na pele como o próprio apoio é importante após o filho iniciar um tratamento contra Leucemia no HCB, hospital construído pela instituição que contribui. “É muito bom saber que estou ajudando. É aquele pouquinho que junta com um outro pouquinho e faz uma diferença enorme na vida de uma criança”, contou emocionada.

Tem interesse em apoiar a causa e investir em vidas? Acesse o site abrace.com.br ou ligue para (61) 3212-6000/ e saiba como ajudar.

Texto de Arisson Tavares