O mate é uma tradição profundamente enraizada na cultura do Cone Sul, especialmente no Uruguai e no Rio Grande do Sul, estado do Brasil onde vive o povo gaúcho. Esta bebida, feita a partir da infusão de folhas de erva-mate, transcende as fronteiras políticas, unindo essas duas regiões em uma experiência cultural compartilhada. O ritual de preparar e compartilhar o mate é muito mais do que uma simples pausa para um cafezinho; é uma prática social que reflete a hospitalidade, a camaradagem e a identidade cultural.
No Uruguai, o país com o maior consumo de mate per capita do mundo, o costume de tomar mate é um símbolo de identidade nacional. Já no Rio Grande do Sul, o mate – também chamado de chimarrão – é uma parte indissociável da tradição gaúcha. Como expressou o historiador e folclorista Paixão Côrtes, “a cuia do mate é o centro da roda de chimarrão, e esta é a universidade da sabedoria popular, onde se aprende tudo”.
Chá de Erva Mate
História e origens do mate
A história do mate remonta aos povos indígenas Guarani e Kaingang, que já consumiam a bebida séculos antes da chegada dos europeus à América do Sul. A erva-mate, nativa da região subtropical do continente, era utilizada por esses povos em rituais religiosos e também como alimento e medicina. Com a chegada dos colonizadores espanhóis e portugueses no século XVI, o mate se difundiu e passou a ser consumido por toda a população, consolidando-se como uma tradição cultural.
Com a expansão do comércio e o estabelecimento de rotas comerciais, a erva-mate passou a ser cultivada e comercializada em maior escala, chegando a ser uma das principais fontes de renda do sul do Brasil e do Uruguai durante o século XIX. Essa difusão comercial ajudou a consolidar a tradição do mate, que hoje é parte da identidade cultural tanto dos uruguaios como dos gaúchos.
Chá de Erva Mate
O preparo e a cerimônia do mate
A tradição do mate envolve não apenas o ato de beber, mas também a preparação e a cerimônia que o cercam.
Embora haja variações no modo de preparo entre gaúchos e uruguaios, a essência é a mesma: colocar a erva-mate na cuia – um recipiente feito de porongo ou madeira –, adicionar água quente (não fervente) e, em seguida, saborear a bebida com uma bomba de metal, que funciona como um canudo e coador.
No Rio Grande do Sul, o chimarrão é preparado com água mais quente e sem açúcar, enquanto no Uruguai, o mate é servido com água mais morna, e algumas pessoas adicionam açúcar ou outros ingredientes, como casca de laranja, para dar sabor.
Mas, independentemente das diferenças, a cerimônia do mate é caracterizada pela socialização, com amigos e familiares reunidos em torno da cuia, que é compartilhada e passada de mão em mão.
Em muitos casos, a cerimônia do mate também é acompanhada de conversas e troca de saberes, fortalecendo vínculos e consolidando a cultura local.
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Os benefícios do mate para a saúde
O mate tem ganhado atenção internacional devido aos seus potenciais benefícios para a saúde. Estudos indicam que a erva-mate contém diversas vitaminas, minerais e antioxidantes, podendo proporcionar efeitos positivos para o coração, o sistema digestivo e a saúde cerebral. Um estudo publicado no Journal of Functional Foods, por exemplo, apontou que o consumo regular de mate pode reduzir o risco de doenças cardíacas, graças ao seu alto teor de antioxidantes.
No entanto, vale ressaltar que pesquisas também sugerem que o consumo excessivo e prolongado de mate muito quente pode aumentar o risco de câncer de esôfago. Por isso, é importante encontrar um equilíbrio e consumir a bebida de forma moderada, evitando temperaturas extremas.
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O mate na era da globalização
Com a globalização e a expansão das redes sociais, a tradição do mate tem se difundido além das fronteiras do Cone Sul. A bebida tem conquistado admiradores em todo o mundo, sendo comercializada em diferentes formas, como chás em saquinhos, bebidas prontas e cápsulas compatíveis com máquinas de café. Marcas internacionais, como a Coca-Cola, também já lançaram produtos à base de erva-mate, como o “Coca-Cola Life”.
Apesar dessa crescente popularidade, a tradição do mate mantém-se viva e autêntica na cultura uruguaia e gaúcha. Para muitos, o ritual de compartilhar o mate é uma forma de resgatar e valorizar suas raízes e tradições culturais, preservando a essência dessa prática milenar.
Conclusão
A tradição do mate entre uruguaios e gaúchos vai além do simples ato de beber uma infusão de erva-mate; é uma prática cultural que reflete a identidade, a hospitalidade e a solidariedade desses povos. Com origens indígenas e uma história rica, o mate é um elemento central na vida de muitos uruguaios e gaúchos, tanto no âmbito social quanto no aspecto da saúde. A crescente popularidade do mate no mundo é um testemunho do seu valor cultural, mas também destaca a importância de preservar a autenticidade dessa tradição, mantendo-a viva para as gerações futuras.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa