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Escrever melhor para aprender mais

Escrever melhor para aprender mais

O Movimento Escrever para Aprender leva estudantes dos anos finais do ensino fundamental a compreender conteúdos de vários componentes curriculares por meio da escrita colaborativa

“Vamos ajudar um colega que perdeu as aulas sobre fração, quantidades e medidas em matemática? A gente pode escrever uma instrução, como se fossem as regras de um jogo.” 
“Que tal falar de história usando o rap? Você deve escrever a letra de um rap que trata do Iluminismo. Expresse sua opinião, o que sabe e o que está aprendendo nas aulas.”

Os desafios acima foram lançados a alunos no sexto e no oitavo ano da Escola Municipal de Tempo Integral Professor Álvaro Costa, de Fortaleza (CE), pela professora de língua portuguesa.

A ideia era que eles aprendessem a escrever e, ao mesmo tempo, adquirissem conhecimento matemático ou histórico durante a atividade. Produzir esses textos estimulou os adolescentes a envolver-se ativamente na aprendizagem e a criar hábitos de pensamento e de estudo.

A escrita como ferramenta de ensino foi o tema da pesquisa “Escrever para Aprender: diagnose e dispositivo pedagógico para os anos finais do ensino fundamental”, de autoria de Karine Alves David, professora da escola e pesquisadora doutorada em linguística, e Clemilton Lopes Pinheiro, docente de linguística na graduação e na pós-graduação da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

Escrever melhor para aprender mais

O estudo foi um dos 14 projetos contemplados pelo edital “Anos finais do ensino fundamental: adolescências, qualidade e equidade na escola pública”, do Itaú Social, em parceria com a Fundação Carlos Chagas.

Uma série de atividades práticas conduzidas na escola ajudou a estruturar a descrição do dispositivo pedagógico, que tem por base a escritura (mais complexa do que a escrita em si).

“Quando estou em uma atividade de escritura, planejando para elaborar algo por escrito, estou raciocinando, pensando, abstraindo, então estou aprendendo”, descreve o pesquisador.

Pinheiro relembra uma frase célebre de 1989, época de muitos estudos sobre a função epistêmica da escritura, cunhada pela americana Lucy Calkins: “Eu penso com o lápis na mão!”.

Uma preocupação comum incomodava ambos os professores-pesquisadores em sala de aula, tanto na universidade como na escola: a dificuldade dos alunos em aprender os conteúdos e suas deficiências nas habilidades de leitura e escrita.

Decidiram se apoiar nos pressupostos da Escrita através do currículo, assunto pesquisado por Karine durante seu estágio doutoral na Califórnia, que indica que as atividades de escritura atuam como ferramenta de aprendizagem, no contexto acadêmico, e facilitam a elaboração e a construção do conhecimento.

“Clemilton já tinha feito um projeto desse tipo com os estudantes de letras, e, quando abriu o edital, desenhamos uma pesquisa com foco nos anos finais e fomos classificados”, relembra Karine.

A BNCC reconhece que as competências e habilidades de escrita são condições para o sucesso escolar, mas ainda não havia, no Brasil, projetos com o tema escritura-para-aprender que trouxessem orientações sobre atividades em sala de aula ou programas no ensino fundamental.

*Texto originalmente publicado no site ITAU CULTURAL

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