Bienal Internacional do Livro do Ceará

Bienal Internacional do Livro do Ceará

Bienal Internacional do Livro do Ceará: Vozes femininas que escrevem resistência

“As palavras podem queimar mais que o fogo.” Essa frase poderia resumir o espírito da XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, que acontece de 4 a 13 de abril de 2025, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.

Com o tema “Das Fogueiras ao Fogo das Palavras: Mulheres, Resistência e Literatura”, o evento se consolida como uma das mais importantes vitrines culturais do país — e desta vez, acende um novo tipo de fogueira: aquela que ilumina as vozes femininas silenciadas ao longo da história.

Um evento que transcende o livro

Criada em 1990, a Bienal Internacional do Livro do Ceará é um marco da cena literária do Nordeste. Ao longo de suas edições, reuniu milhares de leitores, escritores e editoras, e se transformou em muito mais que um ponto de encontro de amantes da leitura: tornou-se espaço de debate político, social e cultural.

Nesta 15ª edição, o protagonismo é todo delas: mulheres escritoras, editoras, pensadoras, professoras, indígenas, quilombolas e periféricas que têm usado a palavra como ferramenta de enfrentamento e afirmação identitária.

A curadoria, formada por Sarah Diva Ipiranga, nina rizzi, Amara Moira e Trudruá Dorrico, propõe uma escuta atenta e urgente das vozes femininas que escreveram (e continuam escrevendo) caminhos de resistência.

Bienal Internacional do Livro do Ceará

Literatura que pulsa nos corpos e territórios

A programação da Bienal foi cuidadosamente desenhada para refletir esse espírito combativo e diverso. Serão mais de 500 lançamentos literários, rodas de conversa, apresentações culturais, oficinas e espaços interativos. Autoras como Jarid Arraes, Socorro Acioli, Auritha Tabajara, Aline Bei e Ana Miranda estão entre as presenças confirmadas.

Chamam atenção os espaços pensados para além do livro tradicional: o Espaço Literatura e Moda aproxima a estética do vestir da narrativa escrita, enquanto a Arena Bece, da Biblioteca Pública Estadual do Ceará, abre espaço para a produção popular, comunitária e periférica. Ali, a literatura ganha corpo e voz em performances, saraus e encontros entre leitores e criadores.

Cultura local em primeiro plano

Um dos grandes trunfos da Bienal é a valorização da literatura cearense. Autoras como Tércia Montenegro e Márcia Tiburi, com trajetórias construídas no estado, têm lugar de destaque, assim como vozes emergentes que escrevem do sertão, do litoral e da periferia urbana.

A presença de autoras indígenas e quilombolas, como Auritha Tabajara, reforça o compromisso com a pluralidade das narrativas brasileiras.

Essa ênfase não apenas descentraliza a produção literária — muitas vezes restrita ao eixo Rio-São Paulo — como também fortalece o mercado editorial local, promovendo novas conexões entre autores, leitores e editores.

Bienal Internacional do Livro do Ceará

Educação e acessibilidade como pilares

Com entrada gratuita, a Bienal reafirma seu compromisso com a formação de leitores e a democratização do acesso ao livro. O evento conta com agendamentos para visitas escolares, permitindo que alunos da rede pública vivenciem experiências de leitura e cultura em um ambiente instigante.

A acessibilidade também é destaque: a programação contempla intérpretes de Libras, audiodescrição e espaços inclusivos, garantindo que mais pessoas possam vivenciar a literatura como direito e não como privilégio.

Resistência que inspira

Falar de literatura feminina e resistência, especialmente em um estado como o Ceará — onde o analfabetismo funcional ainda afeta cerca de 17% da população adulta, segundo dados do IBGE —, é uma afirmação política. A Bienal não oferece apenas livros, mas promove transformações simbólicas e reais.

Em tempos de retrocessos e censuras culturais, o evento se posiciona como espaço de liberdade, crítica e escuta. Um local onde a palavra se torna semente de mudança e cada página virada acende uma nova possibilidade de futuro.

A Bienal do Livro do Ceará convida o público a pensar, sentir, dialogar — e principalmente, ler com os olhos e o coração atentos ao presente. Porque a literatura que nasce da resistência não apenas denuncia injustiças: ela transforma, afeta e reencanta o mundo.

Um convite ao fogo das ideias

Serviço:

🌐 Informações completas: https://bienaldolivro.cultura.ce.gov.br

📅 De 4 a 13 de abril de 2025

📍 Centro de Eventos do Ceará, Fortaleza

🎟️ Entrada gratuita

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