Angela Maria. Cultura Alternativa.

Entoando o sucesso Babalu, fãs se despedem da Sapoti

Abelim Maria da Cunha, a cantora brasileira conhecida como Angela Maria, uma artista que deu voz às emoções do brasileiro, morreu aos 89 anos no fim da noite deste sábado (29), no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Nasceu no Rio de Janeiro. Filha de pastor protestante, desde menina cantava em corais de igrejas, mas sempre quis ser cantora de rádio, apesar da oposição da família. A partir de 1947, começou a frequentar programas de calouros e a usar o nome artístico de Angela Maria, para não ser descoberta pelos parentes. No ano seguinte, foi cantar na casa de shows Dancing Avenida, onde foi descoberta pelos compositores Erasmo Silva e Jaime Moreira Filho.

 

Apresentada a Gilberto Martins, diretor da Rádio Mayrink Veiga, fez um teste, e começou carreira naquela emissora. Durante a década de 50, foi uma das principais atrações nas rádios, Nacional e Mayrink Veiga, como a estrela do programa “A Princesa Canta”, nome tirado de seu título de “Princesa do Rádio”, um dos muitos que recebeu em sua carreira. Em 1954, foi eleita a “Rainha do Rádio”, e estreou no cinema atuando no filme “Rua sem Sol”.

 

Na segunda metade da década de 1960, a música de Chico Buarque, “Gente Humilde” foi o grande destaque nas paradas de sucesso. Foi a quem mais vendeu discos de sua geração e por sua grande popularidade foi apontada pelo Ibope, por três décadas, como a mais popular do Brasil, fato que a fez colecionar recordes de vendas ao longo de sua carreira, com um estrondoso sucesso nas décadas de 50 e 60. Sua voz adocicada encantava a todos, até o presidente Getúlio Vargas, que lhe deu o apelido de “Sapoti”, quando afirmou: “Menina, você tem a voz doce e a cor do sapoti”.

 

Gravou o primeiro disco em 1951 e ficou conhecida por seus sucessos “Babalu”, “Cinderela”, “Moça Bonita”, “A Noite e a Despedida”, “Gente Humilde”, “Lábios de Mel”, “Tango para Tereza”, “Falhaste Coração”, entre outros. Em 1996, lançou o CD “Amigos”, com a participação de artistas renomados como Roberto Carlos, Maria Bethânia, Djavan, Caetano Veloso, Fagner entre outros. Mais um sucesso que vendeu mais de 500 mil cópias, que teve seu reconhecimento celebrado em um espetáculo no Metropolitan (Claro Hall), no Rio de Janeiro, e a gravação de um especial para a Rede Globo.

 

A voz inigualável, uma interpretação única, é a marca da maior cantora popular que o Brasil já conheceu. Uma artista que influenciou a carreira de tantas outras como Elis Regina que dizia ter começado imitando a maior voz do Brasil, além de Gal Costa, Fafá de Belém, entre outras grandes cantoras que se inspiraram, sobretudo por seu legado. Seu último álbum lançado foi “Angela Maria e as Canções de Roberto e Erasmo”, em 2017.

 

Não houve, até então, nenhuma cantora na nossa música com história semelhante à Angela Maria, em produtividade, importância e longevidade. Ganhou centenas de troféus, foi mais de 250 vezes capa de revistas. São mais de 65 anos ininterruptos gravando e se apresentando em shows. Um exemplo de dedicação ao canto e ao público brasileiro, compromisso esse que, ao passar mal, segundo o seu marido, o empresário Daniel D’Angelo, ela não queria ir ao hospital por ter show agendado. Angela Maria, a verdadeira Estrela da nossa canção popular.

 

Wellington deMello

Publicitário, Designer Gráfico e Fotógrafo

Especial para o Cultura Alternativa

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