Dalmo Saraiva

Dalmo Saraiva, alegria em vida e na partida

Começo, por assim dizer, triste. Começo, por assim dizer, feliz. Conheci Dalmo num improviso que fiz e ele improvisou comigo. Pouco falei com falei, mas, assisti muito este palhaço, este poeta, este símbolo da arte da resistência brasileira, aquela que não é reconhecida nos veículos oficiais da mídia, mas, que é reconhecida nos veículos alternativos com o Cultura Alternativa.

Ademir Bacca publica

DALMO SARAIVA, A UNANIMIDADE

A, digamos assim, “família do Congresso Brasileiro de Poesia”, em suas 24 edições, reuniu uma infinidade de poetas, vindos da maioria dos estados brasileiros e de países das três américas e também do exterior. O seu núcleo principal é formado por 20 ou 30 poetas, unidos por um cordão umbilical de palavras, ideias e artes. Modéstia à parte, todos muito bons no seu fazer artístico. Dizer que um é melhor que o outro é difícil, a menos que se fale de DALMO SARAIVA, que nos deixou ontem, pegando o seu lugar na cauda do foguete partindo para levar seu talento, sua bondade e sua alegria para outras galáxias. Dalmo Saraiva era o único entre todos nós que não tinha divergências com ninguém e também o único que era amigo indispensável de qualquer um do grupo. Dalmo Saraiva era a unanimidade e a cereja do bolo do grupo. Todos nós o adorávamos e todos nós choramos hoje a sua partida. Vire-se o mundo da poesia de pernas pro ar e não se achará uma única pessoa que não tenha gostado dele. Além do amigo de todas as horas e broncas, do poeta irônico, do palhaço de rua sensacional e do artista de palco capaz de fazer rir até o extintor de incêndio do teatro, a mim me fará falta o parceiro de caminhadas pelo Rio de Janeiro. Ficaram as muitas histórias que, com certeza, haveremos de contá-las uns aos outros, toda vez que estivermos juntos em nome da poesia. Aqui, estamos tristes com a sua partida, mas de uma coisa tenho certeza: o rabo do cometa nunca mais será o mesmo com Dalmo Saraiva a bordo.

Jidduh avisa

Anand, tá sabendo que o Dalminho morreu?

E Eu

Fiz a abertura deste texto. E no final dele, escrevo, ouvindo Keith Jarret e seu disco The Koln Concert de 1975. Um piano com alma.

O sol de Brasília não tem nuvens, a tarde embalada por um leve frio, um vento, um rio de magias, entra na sala do Cultura Alternativa.

Eu…. Vi a “time line” do teu Facebook Dalmo e me encantei.

Senti você no meu coração, senti você presente aqui, você passou aqui e pousou, e depois, voou.

Se neste voo brincou, claro que brincou, fez-me sorrir, claro que fez, fez poemas em riste, também.

O Brasil, os brasileiros, todos têm o dever de fazer um minuto de silêncio para você. Um artista único. Ficam seus ensinamentos e o mais belo, fica sua alma cujo o nome é “alegria”.

Dalmo, agora estou rindo, foi você que fez com que eu risse neste momento de dor, pois, você é isso, alegria em vida e na partida.

Você é tudo isso que poucos são, alegria em vida e na partida.

Anand Rao

Editor do Cultura Alternativa