Museologia e seus olhares - Cultura Alternativa

Museologia e seus olhares – Por Guilherme Tavares.

Museologia

Conhecemos o Guilherme em Ouro Preto e observamos sua paixão pela museologia.

Abaixo vamos conhecer no texto enviado por ele

Uma definição partilhada por muitos dicionários de língua portuguesa conceitua a museologia como “a ciência que estuda os museus, sua história, sua influência na sociedade e técnicas de conservação e catalogação”.

Uma definição bem colocada, porém, não suficiente, já que a museologia, como corpo de conhecimento, apresenta-se em constante “construção” e “ressignificação”. Para compreendê-la, é necessário compreender um pouco do papel dos museus, sua importância e o contexto no qual se inserem.

No início, em um tempo muito longínquo da história humana, a elaboração e estruturação dos primeiros espaços destinados a abrigar os museus foram concebidas dentro da mentalidade mítica então vigente nas antigas cidades-estados gregas, antes da era cristã. Museu provém de museion que, em grego arcaico significa “templo das musas”.

Da relação entre Zeus, senhor do olimpo e Mnemósine, a deusa da memória, nasceram nove musas, divindades das quais cada uma representava um domínio intelectual humano no campo das artes e ciências de até então.

Com o propósito de enaltecê-las e destacar o seu reconhecimento foram erguidos tais templos. Os itens ali reunidos compunham o acervo dos templos. Representavam sua identidade e sua aura.

Nos primórdios da história do colecionismo, a função proeminente associada a maioria dos acervos era contemplativa. O fascínio pelos itens expostos dialogava mais ativamente com seus interlocutores.

MUSEOLOGIA

As funções associadas ao processo de investigação, educação, comunicação e reflexão basicamente, só começam a adquirir realce a partir da passagem dos séculos XVIII para o XX, por influência dos ideais iluministas.

Frente às mudanças intrínsecas pelas quais o mundo e as mais distintas sociedades vivenciaram ao longo dos tempos, os museus não ficaram inertes em meio a tudo isso.  O caráter acumulativo e contemplativo que sempre acompanhou muitos desses espaços começou a perder cada vez mais força.

Paralelamente a todo esse quadro de mudanças que estavam em curso dentro e fora dos espaços museológicos, a museologia como domínio teórico do conhecimento, e a museografia como sua aplicação prática adquiriram contornos cada vez mais nítidos, por promover uma análise mais empírica, sistemática e crítica dos itens que compõe o acervo dos museus, uma análise dos próprios museus e do conjunto material e imaterial conferido de valor simbólico para um ou mais agrupamentos sociais.

No Brasil, a museologia é um curso de formação acadêmica que ainda busca seu “lugar ao sol”. Embora a profissão já seja regulamentada, reconhecida e conte com um conselho federal, o curso não é tão conhecido em âmbito nacional, apesar do vasto patrimônio tangível e intangível que abrange o território brasileiro carente de profissionais especializados para preservá-los e mantê-los.

Por fim, a museologia está permeada por uma imbricação de significados. Mais do que uma disciplina acadêmica, ela representa uma visão de mundo sobre as pessoas, o passado, suas representações materiais no espaço e maneira de nos relacionar com tais signos e uns com os outros.

Estabelecendo um canal entre diferentes áreas de interesse e entre diferentes épocas por meio de seus signos sociais, tendo toda a produção cultural como seu canal de comunicação, a museologia reforça seu papel em meio aos desafios presentes e futuros do mundo.

Guilherme Tavares da Silva