Folclore do Vale do São Francisco

Lendas enriquecem folclore do Vale do São Francisco

Folclore do Vale do São Francisco

Além das inúmeras riquezas naturais e potencialidades, o rio São Francisco é rico também em tradições culturais e manifestações folclóricas ao longo da sua extensão.

O Velho Chico desperta na comunidade ribeirinha os mais profundos sentimentos afetivos, exercendo influência sobre a imaginação das pessoas e fazendo surgir diversas lendas, histórias, superstições e mitos.

O próprio surgimento do rio é relatado de forma lendária. Conta a tradição que nas proximidades da Serra da Canastra, em Minas Gerais, havia uma grande tribo indígena na qual vivia uma bela mulher chamada Iati.

Ela era noiva de um bravo guerreiro, que certo dia precisou partir para uma grande guerra que aconteceria no Norte.

Os guerreiros da tribo de Iati eram tantos que seus passos afundaram a terra, e eles morreram engolidos pelo grande sulco.

A bela moça, então, chorou em abundância até os últimos dias de sua vida. Suas lágrimas correram para o grande sulco e depois seguiram por muitas léguas até serem derramadas no Atlântico.

Quando ali chegaram, estava formado o leito completo do rio São Francisco.

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Folclore do Vale do São Francisco

Muitos mistérios

Todo o Vale do São Francisco é repleto de lendas. Há quem diga que os “contadores” revestem as narrativas de cores tão reais que muita gente se sente arrepiada com tais contos.

São muitos os personagens mitológicos, alguns de origem indígena, que povoam a imaginação do povo ribeirinho:

Goiajara, Anhangá, Angaí, Galo Preto, Capetinha, Cavalo d’Água, Cachorro d’Água e tantos outros. Dos mitos que habitam as águas do rio, os mais conhecidos são o Caboclo D’água, a Mãe d’Água e o Minhocão.

O Caboclo D’água também é conhecido como nego D’água. É, segundo a lenda, uma criatura de cabeça grande e um olho bem no meio da testa, muito temida pelos pescadores.

Ele mora em uma gruta de ouro, nas profundezas do São Francisco. Quando se depara com barcos pequenos ou canoas, vira-os, espanta os peixes, faz desabar barreiras.

Dizem que ele gosta muito de fumo, e uma forma de agradá-lo é oferecer-lhe um tanto. Pintar estrelas embaixo dos barcos faz com que ele não se aproxime.

Alguns acham que existe apenas um Caboclo D’água, em todo o rio São Francisco, mas muitos dizem que existem vários deles por aí.

Folclore do Vale do São Francisco

Outra história folclórica que se destaca é a Mãe d’Água, uma espécie de sereia que vive no São Francisco.

Para os barqueiros, o rio dorme quando é meia-noite, permanecendo adormecido por dois ou três minutos. Neste momento, o rio para de correr e as cachoeiras de cair.

Os peixes deitam-se no fundo do rio, as cobras perdem o veneno e a Mãe-d’água vem para fora, procurando uma canoa para sentar-se e pentear seus longos cabelos.

Nesse mesmo momento as pessoas que morreram afogadas saem do fundo das águas e seguem para as estrelas.

Os barqueiros que se acham no rio à meia-noite tomam todo o cuidado para não acordá-lo. Se um barqueiro sente sede, antes de pegar a água do rio joga nela um pedacinho de madeira.

Se ele fica parado, o barqueiro espera, porque não convém acordar o rio: quem o fizer, poderá ser castigado pela Mãe-d’água, pelo Caboclo-d ’Água, pelos peixes, pelas cobras e pelos afogados, que não podem alcançar as estrelas.

A lenda do Minhocão também é destaque no leque de histórias fantásticas que povoam o Velho Chico.

Trata-se de uma serpente gigantesca, fluvial e subterrânea, que vive no rio São Francisco e vara léguas e léguas, por debaixo da terra, indo solapar cidades e desmoronar casas, explicando os fenômenos de desnivelamento pela deslocação do corpanzil.

Escava grutas nas barrancas, naufraga as barcas, assombra pescadores e viajantes

Fonte Codevasf