Você vai ler este título e pensar: que estranho. Vou lhes explicar, meu neto está me fazendo sonhar. Meu pai me fez sonhar. Portanto, meu neto, saiba, sou teu filho.
O professor Rao
O professor me ensinou a valorizar a música e a poesia. Ele era poeta e eu estou prestes a musicar muitos poemas dele. Cantava mantras na sala da casa onde moro. Este homem, que partiu para um outro plano há muitos anos, me formou, me amou, me fez sonhar. Ele mora dentro de mim como ninguém. Ele era meu pai. Pena não ter conhecido o Kauê. Desculpem, ele conheceu, sabe porque? Porque ele está vivo dentro de mim, portanto, irá conhecer e sonhar com Kauê, junto comigo, seremos um trio, um trio ímã.
Meu Neto
Meu neto
Estou sentindo tudo isso com meu neto. Vontade de compor, de viver, de estar com ele (assim como sentia com meu pai), uma loucura, um turbilhão de emoções está nascendo dentro de mim. Torci tanto para que o filho da minha filha Raíssa fosse homem. E porque? Porque nunca tive um filho homem. E qual é a vantagem de ser avô. Não preciso educar, vou sim, sonhar com ele. Como fiz com meu pai, nos momentos de magia.
Meu Deus, estou tão enlouquecido por aqui. A música está pulsando na caixa de som, os poemas, os versos, não param de nascer no meu coração. Caramba, nem acredito, ele nasceu hoje, e já é meu pai, meu amigo, meu sonho, minha vida. Que loucura.
Meu Neto
O que farei
Sonharei com ele. E se ele não gostar de mim? Continuarei sonhando. E se ele gostar. Voaremos juntos e nunca iremos pousar. E se o voo for finito. Será infinito em mim. Nunca me senti assim, tão infinito e finito, tão sem fim, enfim. E a avó dele, a arquiteta do olhar incomensurável, que viu vitrines em Nova York como ninguém nunca viu, que vê cores como ninguém, a avó (Mary Adusumilli) disse que ele parece comigo. Se ele tiver o olhar da avó, vai olhar cores, fotos, luz e sombra, como a avó.
E minha mulher, Agnes Adusumilli, disse que estou diferente. Talvez, esteja parecendo um bebê. Sinto que Kauê é meu pai. E muitos vão dizer, vai com calma. Kauê nunca saberá do turbilhão de emoções e eu nunca vou imputar a ele pêso algum. Vou imputar sim à poesia e à música todo o pêso do meu amor por Kauê. Esta mulher, Agnes Adusumilli, vê algo especial nas crianças, sua sensibilidade é macro. Podemos estar com pressa, com a agenda cheia, mas, ela para, e sempre brinca com todas as crianças. Ela é talvez, uma criança, ou então, seu coração é tão mágico, tão feliz, que ela vê nas crianças seu par ímpar.
Meu Neto
A Bisavó
Segundo Arthur, meu sobrinho, Dona Maria do Socorro Adusumilli, minha mãe está radiante. Graças a Deus, que bom, fiquei emocionadíssimo ao saber de sua reação e espero que ela seja super feliz com o Kauê.
Candido Eurico
Tem um avô que amo de paixão, meu primo poeta Candido Eurico. Vou ser pior do que ele. Ele é demais, ama o neto “Candianamente”, inventei esta palavra agora, e eu vou amar de forma “Anandêsca”. E como será essa forma? Com muita emoção, poesia, choro, música e tudo que for ligado à arte, pois, sou um artista que agora vai explodir cada vez mais. E Kauê será que vai me admirar? Nós vamos nos admirar mutuamente. O que sei é que ele me fez sonhar, quando estou envelhecendo, sentindo que minha cognição está piorando, mas foi renovada com minha ida ao Rio para ver meu querido, amado e venerado Fluminense. Sinto que vou malhar muito mais, comer muito mais comida saudável, pois, quero cada vez sonhar com o filho homem que não tive, meu pai, meu neto, Kauê.
Caramba, parece que repeti o que disse no subtítulo anterior, e o que é que tem, virei filho, criança, posso repetir o que eu quiser, posso brincar do que quiser, aos 60 anos estou sonhando como se tivesse iniciando a vida.
Meu Neto
E será que vão me criticar?
Claro. Pois, sou “anandêsco”, filho do professor Rao, que foi casado com Dona Mary Adusumilli, a mulher do olhar arco íris e hoje é casado com Agnes Adusumilli que ama crianças como ninguém. Venci três canceres, estou aguardando um precatório, tive uma vida no Senado diferente de todos os funcionários. Torço para dois times impopulares, Náutico e Fluminense, portanto, impopular como sou, tenho que ser malhado a rodo. Eu vou dizer sempre: valeu, sensacional, e sigo com minhas convicções e caminhos. Com relação a meu neto, tudo que os pais disserem que não devo fazer, se o sonho permitir, faremos. Kauê, seja bem vindo e sonhe comigo, pois sonhar é tudo que há.
Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa