Museu do Sertão conta a história do povo sertanejo

Reaberto recentemente, o museu é uma opção gratuita de lazer e resgate da história da região

Localizado na cidade de Petrolina, o Museu do Sertão é um registro histórico da vida do povo sertanejo.

O único museu da cidade tem um acervo de cerca de 3.500 peças que contam a história do sertão e da cidade onde é sediado.

Inaugurado em 1973 como uma das comemorações do cinquentenário da Diocese de Petrolina, o museu recebe cerca de 200 visitantes por mês.

A quantidade de visitas sobe após julho, devido as excursões escolares e turísticas próximas ao aniversário da cidade, comemorado em setembro.

O Museu é uma das opções de visitação e lazer da cidade, especialmente no período de férias.

Dividido em três salões, o museu traz uma linha do tempo da vida do povo sertanejo desde a sua chegada no Sertão do São Francisco até a história recente da cidade de Petrolina.

“Há uma padronização na sequência de visitação, primeiro vem a fauna e flora, cultura, subsistência, depois vem o jardim ecológico e a visita finaliza com a Petrolina Antiga” explica Jailson Lopes, historiador e guia do Museu.

Museu do Sertão

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O primeiro Salão

Traz uma série de peças arqueológicas que mostram a fauna e flora da caatinga, fotografias, artefatos e notícias do cangaço e a casa do sertanejo, uma réplica em tamanho real das casas dos antigos moradores da região mobiliada com móveis e utensílios do início do século XX.

Além disso, um acervo das tribos Tuxá e Atikum relembra a resistência dos povos indígenas do São Francisco.

O segundo Salão 

é um grande acervo de fotografias de Petrolina, a antiga “Passagem de Juazeiro”, como ficou conhecida antes da sua emancipação.

As fotografias retratam o tráfego de pessoas, animais e mercadorias atravessando o Rio São Francisco, antes mesmo da construção da Ponte Presidente Dutra, viajando rumo a Salvador, então capital do país.

Além das fotografias, há uma série de móveis antigos, como os primeiros aparelhos de rádio, maquinas de escrever e câmeras fotográficas da cidade.

Algumas personalidades importantes na história da cidade têm no salão um espaço para resgate da sua memória, como João Ferreira Gomes, fundador d’O Pharol, primeiro jornal da cidade, o médico Dr. Giuseppe Muccini e o artista plástico Celestino Gomes, considerado o “Van Gogh do Sertão”.

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Um dos expositores da galeria é dedicado a artesã Ana das Carrancas. Natural de Ouricuri, Ana veio a Petrolina em busca de água.

Aqui se estabeleceu e com o barro do rio fez as primeiras esculturas, que iam na contramão do padrão da época. Os olhos vazados de suas carrancas eram uma forma de homenagear seu marido, que era cego.

Até hoje Ana é conhecida como uma das principais referências artísticas da região.

Devido à grande relação da Igreja com a história do município, fundado por frades capuchinhos franceses, o Museu abriga um acervo da Diocese da Cidade, com peças usadas nas primeiras missas de inauguração da cidade, que data de 1929, construída com vitrais e mobiliada com móveis franceses e também antigas vestimentas de celebrações históricas, como a procissão de Nossa Senhora Rainha dos Anjos, padroeira da cidade.

A última sala de visitação é uma linha do tempo política da cidade.

Uma parede abriga o retrato de todos os prefeitos de Petrolina, parte da mobília antiga do gabinete da prefeitura também fica exposta, além de homenagens das famílias dos políticos.

A sala é inspirada na estrutura do Palácio do Catete no Rio de Janeiro, onde cada sala conta a história dos presidentes da república que governaram ali.

“Nasci e cresci em Petrolina e só há pouco tempo vim saber que o museu existia.

É muito importante preservar a história da região e acho que o museu serve para isso.” revela Regina Rocha, 32, que visitava o museu pela segunda vez com a família, vinda da cidade vizinha de Afrânio.

Recentemente o Museu do Sertão teve problemas na sua estrutura física e ficou cerca de 2 anos parado.

Uma reforma que durou 6 meses possibilitou a reabertura do museu em outubro de 2017, mas não se sabe até quando, já que parte da estrutura reformada está visivelmente danificada por causa das últimas chuvas.

“O forro antigo não suportou o peso da água e veio abaixo. Muitas peças foram danificadas e avariadas e não temos uma equipe de restauração das peças. Na reforma, trocamos todo o forro do prédio e fizemos uma pintura” afirma Jailson.

Mesmo com os problemas, os visitantes reconhecem a importância do local para a preservação da memória da cidade.

Cristiano Oliveira, 47, visitou o museu antes e após a reforma e reafirma sua importância “É único museu da cidade, mesmo com esses problemas é muito importante ter o registro da nossa história, para sabermos de onde viemos e como chegamos até aqui.

Trouxe meus filhos para que eles vejam o conheçam a cidade onde a nossa família viveu e tenham orgulho de serem daqui”, afirma o marceneiro.

O Museu do Sertão fica na rua Esmelinda Brandão, no centro da cidade. Fica aberto 09:00h ás 17:00h e a entrada é gratuita.

 

Brasil de Fato