Pascoal Meirelles. Marés.

Cultura Alternativa ouviu Marés de Pascoal Meirelles

Cultura Alternativa ouviu Marés de Pascoal Meirelles

Me lembro da época da UNB, quando eu escutava música instrumental a rodo, e era um solitário gordo, míope, coisa e tal.

Tentava conquistar as menininhas e a maioria dizia que eu era doido.

E nessa época eu já ouvia Pascoal Meirelles, ouvia e curtia o mundo da música instrumental como ninguém. E haviam pessoas que escutavam este tipo de música.

Hoje, lamentavelmente, o Brasil seguiu o caminho da música sertaneja, do pagode, do funk e besteiras quetais.

O que fazer? Não parar nunca, divulgar a excelência musical, e acima de tudo, os estudiosos da música.

Pascoal Meirelles – Marés – Nossa Opinião

Marés, não inova, mantem o tom, o ritmo, o som de Pascoal Meirelles. 

A primeira faixa é ele na bateria, e nas outras faixas, batera e instrumentos.

A foto preto e branca da capa mostra um músico que envelheceu e ficou no Brasil. Um país que desvaloriza a música instrumental.

Pascoal, Robertinho Silva, o percussionista Naná Vasconcelos fazem parte de uma geração que tiram timbres, sons e tons inigualáveis dos seus instrumentos.

A ausência atual de músicos deste quilate na música instrumental e popular brasileira difundida é enorme. 

Excelentes músicos estão escondidos em escolas e universidades de Músicas, mas, infelizmente os meios de comunicação tradicionais e mesmo, os alternativos como o nosso, não dão espaços para estes. 

Então, nós não sabemos, a quantas anda a música instrumental brasileira não difundida. Devem estar perdidos em bandas de música sertaneja, pagode, e coisas do gênero para ganhar dinheiro. Devem estar escondidos em orquestras sendo funcionários públicos da música.

Já ouvi muitos discos como estes de Paschoal, não há novidades, mas foi bom ver que em 2018 Pascoal ainda lança um CD instrumental. Ainda acredita que vale a pena difundir uma música elaborada, arranjada e bem tocada. 

Infelizmente o país, os consumidores, não pensam mais assim.

Marés – A Capa

A capa do trabalho é medíocre. 

Mostra o músico envelhecido em uma foto preto e branca.

Pascoal, nos próximos trabalhos venda seu trabalho com uma capa melhor.

Pascoal Meirelles – O Músico

Músico autodidata, começou a carreira de instrumentista tocando em bailes e casas noturnas de Belo Horizonte em 1962.

Dois anos depois, juntamente com o baixista Paulo Horta e com o pianista Helvius Vilela, forma o Tempo Trio, registrando um disco pela gravadora Odeon em 1965. O grupo atuou até 1967.

Em 1969, já morando no Rio de Janeiro, ingressou no grupo de Paulo Moura, onde tocou no primeiro show de retorno da cantora Maysa ao Brasil e seguiu em tour de um ano com a cantora. 

No conjunto de Osmar Milito inaugurou a casa “Number One”. Com Ivan Lins acompanhou o cantor em shows e gravou dois LPs incluindo o sucesso “Madalena”.

Durante a década de 1970, acompanhou a cantora Simone ao lado dos músicos Tenório Jr., Chiquito Braga, Fernando Leporace e João de Aquino, em tour de dois meses e meio pelo Canadáe Estados Unidos. 

Em 1972, acompanhou o cantor Wilson Simonal por três anos incluindo uma turnê pelo México. Em 1975, acompanha por 9 meses a cantora Elis Regina. Participou de gravações de Antonio Carlos e Jocafi, Wilson Simonal, César Costa Filho, Luiz Melodia, J. T. Meirelles, João Bosco, Roberto Ribeiro, Quarteto em Cy, Silvio César, Danilo Caymmi, Edu Lobo, Tom Jobim, entre outros. 

Em 1977, ganhou uma Bolsa de Estudos para a Berklee College of Music de Boston (EUA), sendo graduado quatro anos depois. Em seguida, entra para banda do cantor e compositor Gonzaguinha, com quem trabalharia durante doze anos.

Nos anos 80, fundou o grupo instrumental Cama de Gato, lançando seis discos. O Cama de Gato comemorou 25 anos de atividade ininterrupta em 2010.

E por aí vai.

Marés – Ouça

Curta Marés no Spotify.

Curta Pascoal Meirelles no You Tube. Show a parte que não tem haver com o Marés, tem standards e etc e uma entrevista com Meirelles.

Anand Rao

Editor do Cultura Alternativa