Qual o vinho preferido dos jovens no mundo, segundo pesquisas?
Qual o vinho preferido dos jovens no mundo, segundo pesquisas? Estudos apontam que entre Millennials e Geração Z, a preferência recai sobre vinhos leves, frutados e acessíveis, com destaque para tintos suaves, rosés refrescantes e brancos aromáticos. Os hábitos de consumo dessa geração revelam não apenas um gosto específico, mas também uma nova maneira de se relacionar com a bebida.
Tendências globais de consumo entre jovens
Antes de tudo, é importante compreender o contexto. Segundo o relatório Global Wine Consumption Trends da Wine Intelligence (2024), os jovens consumidores impulsionam uma transformação no mercado global. Eles buscam vinhos que unam qualidade, autenticidade e práticas sustentáveis. Isso reflete a valorização de produtos que dialogam com estilo de vida consciente e conectado a causas ambientais.
Além disso, esse estudo destacou que Millennials e Geração Z são mais propensos a experimentar novos rótulos, variedades de uvas e formatos de embalagem. Vinhos em latas e garrafas menores têm sido alternativas bem-aceitas, pois combinam conveniência e praticidade. A diversidade no consumo se tornou uma marca registrada dessa faixa etária.
Contudo, mesmo diante dessa mudança, os tintos permanecem líderes em várias regiões. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Hábitos de Consumo de Vinhos, realizada em 2025 pela Ideal Consulting em parceria com a Agência Agromais, mostrou que 80% dos jovens preferem vinho tinto, contra 9% que optam pelo branco e 7% pelo rosé. Entre os tintos, o tipo suave, mais leve e com menos tanino, predomina entre jovens mulheres (63%), enquanto homens com maior escolaridade e renda demonstram inclinação ao tinto seco (49%).
Diferenças culturais no gosto pelo vinho
Por outro lado, o comportamento varia bastante de acordo com a cultura e o país. Em pesquisa publicada na revista científica Beverages (MDPI) em 2025, analisando o mercado chinês, constatou-se que jovens consumidores do país têm preferido vinhos brancos aromáticos, mais frutados e florais, em detrimento de tintos considerados “tradicionais” ou ligados a gerações mais velhas. Essa mudança revela como os jovens associam frescor e leveza a um estilo de vida moderno e inovador.
Da mesma forma, em países da Europa mediterrânea, os rosés ganham cada vez mais espaço. De acordo com dados da plataforma espanhola Vinetur (2024), há uma clara migração do consumo de tintos robustos para brancos e rosés entre jovens europeus. A tendência está ligada ao clima quente e às ocasiões sociais ao ar livre, como festivais, praias e encontros em praças, onde bebidas refrescantes se tornam mais adequadas.
Entretanto, não se trata apenas da bebida em si, mas do que ela representa. Pesquisas apontam que, para jovens, o vinho simboliza conexão social, experiência cultural e estilo de vida. Em mercados como Estados Unidos e Reino Unido, relatórios da Wine Intelligence também mostram que vinhos sustentáveis e com certificação de origem possuem maior apelo entre essa geração, que prefere investir em marcas transparentes e alinhadas a valores éticos.
Preço, ocasião e perfil sensorial valorizado
Finalmente, um dos pontos decisivos é o preço. O relatório da Agência Agromais (2025) destaca que jovens brasileiros compram vinhos, em média, na faixa de R$ 30 a R$ 70 por garrafa. Essa faixa de preço é considerada acessível, permitindo que o consumo ocorra com frequência mensal. Além disso, a conveniência na compra — tanto em supermercados quanto em aplicativos de delivery — tem ampliado o acesso.
Consequentemente, além do preço, o perfil sensorial influencia diretamente na escolha. Jovens priorizam vinhos com sabor frutado, baixo teor alcoólico e frescor. O consumo se associa a momentos específicos, como refeições em casa, encontros com amigos ou celebrações informais. A bebida deixa de ser vista apenas como um item sofisticado e se torna parte da rotina social.
Outro fator de destaque é a curiosidade por harmonização. Muitos jovens, influenciados por conteúdos em redes sociais, experimentam combinar vinhos com pratos variados. Essa prática impulsiona o consumo de brancos e rosés, que apresentam maior versatilidade gastronômica. O fenômeno reflete uma geração que busca experiências, não apenas produtos.
Conclusão
Diante dos dados, fica claro que os jovens ao redor do mundo valorizam vinhos que traduzem leveza, frescor e acessibilidade. No Brasil, o tinto suave domina a preferência; na China, o branco aromático ganha espaço; e na Europa, o rosé se torna símbolo de momentos descontraídos. Globalmente, Millennials e Geração Z mostram afinidade por bebidas que expressem identidade, sustentabilidade e praticidade.
O mercado de vinhos, portanto, encontra nesses jovens não apenas consumidores, mas agentes de mudança cultural. Ao escolherem rótulos que combinam sabor, preço e valores éticos, eles redefinem o futuro da indústria. O vinho, outrora ligado a formalidades, hoje se reinventa como bebida plural, democrática e integrada ao estilo de vida das novas gerações.
Fontes:
- Wine Intelligence – Global Wine Consumption Trends (2024)
- Agromais / Ideal Consulting – Pesquisa Nacional de Hábitos de Consumo de Vinhos (2025)
- MDPI – Beverages Journal (2025)
- Vinetur – Tendências Globais do Consumo de Vinho (2024)
Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa