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Da comédia à fantasia: o cinema como agente transformador

Da comédia à fantasia: o cinema como agente transformador

Assim como as outras formas de arte, o cinema carrega a qualidade de trazer reflexão ao seu expectador. Talvez mais do que a música e a pintura, os filmes, enquanto forma de expressão cultural, conseguem criar uma verdadeira conexão com diferentes realidades.

A representação social quando inserida em roteiros elaborados para o entretenimento, pode ser abordada de diversas formas. Temas sensíveis à sociedade, como o preconceito racial, ganharam o humor ácido e crítico de Spyke Lee, ao contar a história de Ron Stallworth em “Infiltrado na Klan”.

Ron foi um policial negro do Colorado que não só se comunicava com membros da Ku Klux Klan, como tornou-se líder dos do grupo e acabou sendo responsável por sabotar inúmeros crimes de ódio organizados pelo grupo.

Ou mesmo, a violência doméstica e sexual abordada de forma tão dramática e real no roteiro de” Preciosa”, em que Lee Daniels revelou visões de mundos e padrões de comportamento de uma sociedade esquecida que sobrevive de forma simultânea ao universo que o recebe.

Da comédia à fantasia

Inúmeras produções conseguem nos levar ao lugar de empatia e ativismo. Um grande exemplo é o clássico de 1993, “Filadélfia” estrelado por Tom Hanks.

O longa representou uma geração inteira ao quebrar as barreiras do preconceito ao apresentar a história de Andrew, conceituado advogado que ao descobrir que é HIV positivo é demitido.

O cineasta brasileiro, Daniel Bydlowski com seu premiado filme Bullies, trouxe a problemática das consequências do bullying em crianças por meio da fantasia. Com roteiro e direção assinados por ele, o longa conta a história de um garoto normal, que sofre todos os dias bullying de um grupo de valentões.

A criança, em uma das fugas para evitar o sofrimento da violência, encontra um esconderijo. Porém, para continuar nesse lugar, ele precisa desistir de outras coisas, como a sua família e as histórias em quadrinhos de que tanto gosta.

Assim, Daniel demonstra artisticamente os conflitos causados pelo bullying. A produção pretende mostrar às crianças, que muitas vezes escondem o trauma, que não estão sozinhas e que podem contar com apoio de outros.

O filme ganhou diversos prêmios, como o NewPort Beach como melhor curta infantil e no Comic-Con recebeu 2 prêmios: melhor filme fantasia e o prêmio especial do júri.

As animações também não ficam para trás e há tempos trazem poesia a questões sociais, mas aos poucos conquistaram suas posições e público cativo.

Mulan foi um sucesso por ter sua representatividade de gênero, Divertida Mente trouxe à tona de forma espetacular temas sobre a saúde mental e Wall-E, de 2008 não poderia ser mais atual com sua crítica tão relevante a dependência dos seres humanos da tecnologia e ao abandono a terra. Opções não faltam, e muitas outras ainda estão por vir.

Texto do cineasta: O cineasta brasileiro Daniel Bydlowski é membro do Directors Guild of America e artista de realidade virtual.

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