Um dos
melhores espetáculos que vi e senti na vida.
Concepção
Poemas
cantados por músicos espetaculares.
Várias
vozes, vários instrumentos percussivos e harmônicos.
Um
maestro que além de conduzir a orquestra, dançava e tocava um instrumento
percussivo.
Músicos
do Deserto Rajasthani, cujo a concepção do espetáculo é a solidão e a magia da
conquista, idealizado por Roysten Abel.
Nenhuma
mulher no espetáculo e pequenos abrigos sobrepostos para exemplificar a
solidão, mas, na execução da música a harmonia e união está presentes.
Porque
fui
Por ser
música indiana. Fui criado ouvindo esta música.
Por estar
em busca do novo e quando vi a divulgação pensei em dança e não entendi a
arquitetura do espetáculo.
Pensei
que ia ver o novo e vi uma bagunça desenfreada.
Tudo que é novo, quero ver, pois, o velho me cansou, leia o texto que fiz sobre os 50 anos da ECM Records.
Neste
espetáculo, fui para ver o novo e foi o que vi, nunca vi um show com esta
concepção.
O
infinito
No texto
da decepção fiz questão de dizer que a música hoje para ser boa tem que me
trazer o infinito.
Já ouvi
técnica, ouvi músicas oriundas de uma massificação midiática, mitifiquei, mas,
agora só valorizo a que me faz percorrer o infinto dos sonhos, das magias, da
ilusão e da verdade.
E foi
exatamente isso que vi neste espetáculo.
Fui ao
infinito sob todos os aspectos e não voltei ainda.
Escrevo
este texto um dia depois do show e percorro ainda os sons, tons, ritmos,
timbres, tudo do espetáculo que vi.
Respeito
ao Público
Em
determinado momento o maestro percussionista dançarino vira para o público e
envolve o mesmo no espetáculo fazendo com que este bata palmas em ritmos
diversificados, alguns, outros em contra tempos, enfim, faz com que o mesmo
interaja, entre no palco.
Tenho
feito isso nos meus espetáculos ao contar histórias e explicar as composições
que faço ao vivo.
Isso é
realmente importante, o público no palco, envolvido e descobri isto
tardiamente.
Fui,
tempos atrás, um músico que não trazia o público para o palco, fechado em mim,
fazia minhas improvisações.
Aprendi
tarde que levar o público para o palco é fundamental sob todos os aspectos.
Luz,
Câmera, Ação
Luz, o
espetáculo tem luz, e que luz, e que templo de solidão cada espaço no palco.
Câmera,
pois, você filmar um espetáculo destes é divino, as imagens, casadas ou
privadas, são espetaculares.
Ação, na
própria dança do maestro, nas mãos dos cantores evocando a altura da nota, a
tonalidade, o pulsar do diafragma, tudo um laço de harmonia, cores e tzão.
Música
acima de tudo
Meu Deus,
quanta música ouvi ontem.
Harmonias
entonando os micro sons indianos.
Ritmos,
onde determinado minuto pensei, não há como tocar mais rápido do que isso, do
que este tema, é humanamente impossível.
Dinâmica,
como tenho aprendido com o canto indiano sobre dinâmica, e Keith Jarret, nos
mostrou com seu piano que dinâmica é tudo, é muito importante a agilidade, mas,
a dinâmica expressa e conduz a emoção.
A russa e
o amigo do metrô
Uma russa
sentou do nosso lado, ela dançou e era livre, se encantou com o som que chegou
a incomodar nossa editora com sua dança expressando sensibilidade.
O lado
medíocre da russa foi quando tentou sentar em outros locais para ficar num
lugar com uma visão melhor, ou locais mais caros, mas, não o que havia
comprado.
Esta
estupidez é uma atitude notória em países subdesenvolvidos e é um desrespeito à
produção e ao próximo.
Chegou a
sentar em um camarote e o corpo organizacional do espetáculo teve que tira-la,
pois, os donos dos assentos chegaram.
Um
espetáculo deprimente para uma representante do país que foi sede da última
copa do mundo.
E o nosso
amigo do metrô? Subimos no elevador do metrô, cansados de tanto caminhar em
Nova York, subir e descer as escadas deste transporte.
Os
elevadores são usados por idosos ou por pessoas que têm limitações na locomoção
por deficiência, por estarem carregando malas pesadas e etc.
Foi um
erro usarmos o elevador do metrô, estou com 58 e Agnes com 53, ele nos olhou
com um olhar de reprovação.
Estava
conosco também no elevador um menina jovem, o que causou, tristeza e espécie ao
mesmo.
Encontramos
este senhor além do elevador do metrô, no elevador do Lincoln Center e na
saída, no elevador, onde ele me disse que a esposa não tinha vindo por absoluta
limitação de locomoção.
Conversamos
depois que critiquei os jovens que quase me derrubaram para entrar no elevador,
estúpidos em educação e joviandade.
Nesta
noite Deus nos educou com estes dois personagens e agradecemos por isso.
Mais um e
ninguém queria sair
No final,
o idealizador do espetáculo, Roysten Abel, ovacionado pelo público, por todos,
absolutamente, todos os presentes, disse que eles iriam tocar mais uma canção,
uma oração para Krishna.
Neste
momento todos sentaram, lágrimas me vieram aos olhos e ficamos encantados.
Uma
música de cinco minutos, um hino, lenta, espiritual que fazia com que toda a
platéia orasse.
Encerram
o espetáculo, fecham as cortinas, ninguém quer sair, mas, têm que sair e saem
absolutamente encantados.
Você
sente, você nota e se emociona e sente que o espetáculo mudou a vida dos
presentes.
O
Professor
Claro,
que meu gurú e mentor da música indiana, meu pai, o Professor Bhaskara Rao, que
cantava mantras no apartamento que moro hoje, estava presente.
In
memorian, ele estava do meu lado, vivo, intenso, se emocionando como sempre.
Ele
estava, sinto, não do meu lado, e sim dentro do meu coração e pulsou comigo e
choramos juntos na última canção.
O
Professor é meu esteio, minha vida, meu amor e foi uma noite onde estivemos
juntos e assistimos ao espetáculo de mãos e corações dados.
No final,
beijei-o, e na oração da última canção ele voou para sua morada, o céu.
A sua
morada, mora em mim, mas, não é minha casa
Eu moro
ainda neste mundo e estava bem acompanhado de Agnes Adusumilli, esposa, amiga e
mulher.
A
Acústica e a Cadeira
A
acústica do teatro Frederick P. Rose Hall é incrível.
A
cadeira, horrível.
A
acústica faz com que você sinta o som, o timbre, de cada instrumento.
A
cadeira, que você sinta, a dor de cada minuto e momento.
Mas, é
assim mesmo em Manhattan, cada metro quadrado é caríssimo e cada nota entoada
uma jóia rara.
O preço
Este show
que me levou ao infinito foi $35 cada ingresso.
O que me
decepcionou $70.
Nunca
senti tanto prazer com o dinheiro gasto como no “Manganiyar” e tanta
decepção como nos $140 gastos na show de comemoração dos 50 Anos da ECM
Records.
You Tube
Abaixo
assista uma gravação interessante feita por alguém que assistiu ao
“Manganiyar”. Não sei se ainda estará no ar quando você ler este
texto, pois, creio é uma gravação alternativa.
Jazz at the Lincoln Center
O Lincoln
Center tem na pessoa do pistonista Winton Marsalis o mentor, produtor,
agenciador, mas, é óbvio que há uma esquipe por traz disso.
Além
deste teatro você tem a sala “The Apple Room” e a Dizzy’s Club
Coca-Cola onde vários shows acontecem.
Ah….
Como eu gostaria que as multinacionais fizessem teatros diversos mundo afora
para músicos e públicos diversos. Seria mágico.
Mas, fica
a dica destas três salas.
Na Apple
Room, fomos há tempos atrás, é desconfortável, mas, no fundo da sala não há uma
parede, é um vitral enorme com a visão para o Central Park, um verdadeiro poema
plástico.
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