O pai. Eu.

Um pai espectador

Muitos vão discordar, eu apenas vou relatar para ajudar outros pais.

Sou separado das minhas filhas

Duas com uma mulher que foi minha esposa e a outra não. 

Amo todas, mas, não consegui passar meus valores para nenhuma delas.

Será que este texto vai ser um texto medíocre, onde vou fazer do mesmo um muro de lamentações. Não.

Este texto visa comprovar um fato. 

Hoje, os pais, são meros espectadores. A internet nos venceu e temos que assistir os atos dos nossos filhos que seguem suas convicções.

O pai – O meu

Meu pai me orientou. Minha mãe costuma dizer que sou uma cópia dele. Ele era meu gurú, meu sonho, tinha uma admiração incomensurável por sua sensibilidade e visão de mundo. Me passou valores e passou muitos valores. Essa foi minha relação com ele, uma relação de respeito e admiração.

É bem verdade que morei com ele a vida toda, meus pais não se separaram. Isso deve traduzir meu respeito e admiração ou não?

Não sei, deixo para o caro leitor decidir

Eu – O pai

Eu tentei passar valores para minhas filhas, mas, separei das duas primeiras quando elas estavam pequeninas e com a outra nunca morei.

É bem verdade que convivi com as duas primeiras, elas moraram comigo, mas, cada uma ficava no seu quarto curtindo sua internet e eu nunca consegui passar minhas crenças, valores, para elas.

O colégio, o relacionamento delas com os amigos desportivas, as duas jogaram tênis, venceram todos meus ensinamentos e valores. Será? Será que estou sendo dramático?

Realmente não sei, mas, é o que sinto.

Com relação à terceira ela nunca conviveu comigo. Quando a vejo, muitas vezes ela solicita o que todo adolescente solicita. Mas, ela é muito legal e tento devagarzinho passar um pouco dos meus valores e da minha experiência de vida.

Por sinal cito, as outras duas que viveram comigo também são muito legais.

Quanto a valores, se vou conseguir passar para a terceira, só Deus saberá.

O pai – As mães

As mães nunca me privaram de qualquer relação com minhas filhas. São muito legais. Creio que elas também não conseguiram legitimar seus valores e experiências com minhas filhas, não sei o que elas pensam. 

Mas, vejo e sinto que a internet, os grupos de amigos, os relacionamentos na escola e etc, estes sim, transitam com facilidade no coração das minhas filhas. Isso eu já disse acima, quero dizer de novo aqui e quantas vezes puder. Como é fácil estes grupos, a escola, a internet nos vencer. Antigamente era difícil.

Fazer o quê? Chorar. Nunca, viver. Temos que viver, pois, o nosso tempo também está passando. Temos que ser felizes, viver nossas convicções, nossos sonhos e nossas ideias e ideais.

Estamos envelhecendo, tivemos doenças sérias, e temos que realizar tudo na vida que nos resta.

Eu – Minhas Orações e Desejos

Só posso orar e rogar por uma coisa. Para que elas sejam felizes em suas escolhas e convicções.

Fico triste é claro em não ter conseguido passar minha ideias, convicções, informações e valores. Mas, não vou criticar as meninas, elas são boas pessoas e lutam cada dia mais para fazer valer suas ideias e ideais.

Só me resta o que? Assistir. E quando elas me colocarem em suas vidas, aproveitar o tempo que me for destinado.

Só que neste momento que elas me incluirem, vou entrar com um olhar crítico, pois, gostaria de ter sido pai e sinto que não fui.

Gostaria de ser ídolo e sinto que não sou.

Então vou entrar de mansinho, devagarinho, observando o que elas querem de mim quando me procurarem.

E depois, espero que Deus, o bom senso e a magia, guiem nossos relacionametos e possamos nos admirar mutuamente sob todos os aspectos.

Anand Rao

Editor do Cultura Alternativa