A NOVIDADE… É O NOVO DE NOVO!

A NOVIDADE… É O NOVO DE NOVO!

“A novidade veio dar a praia na qualidade rara de sereia, metade o busto de uma deusa maia, metade um grande rabo de baleia. A novidade era o máximo, um paradoxo estendido na areia. Alguns a desejar seus beijos de deusa, outros a desejar seu rabo pra ceia…”.
A novidade – Gilberto Gil /Joao Barone /Herbert Vianna / Bi Ribeiro

A natureza humana é muito insatisfeita com suas conquistas, por maior que sejam grandiosas nada nos satisfaz. Por isso mesmo, vivemos numa acelerada busca pela novidade que venha aquecer o nosso bem-estar, o estar do ser que não irá conseguir saciar a sede da busca que deveria dar o real significado e uma razão para viver consistente e sã… A busca é pelo novo. O novo que não é novo, o novo que é o resinificado.

É uma eterna busca pelo sucesso profissional e da felicidade no trabalho, pelo amor, sublime, amor, e pelo status social com muita publicidade de que seremos um sucesso apenas pelo consumo compulsivo da novidade, que em seu cerne retorna na busca pelo o novo, o novo da novidade que nunca veio mesmo de lá, como dizia o poeta, e mesmo que viesse de lá, estando lá, ainda assim não bastaria em si enquanto novidade.

Quais seriam as perspectivas para o novo? Para que novo estamos buscando? O novo que comove, o novo que mobiliza, o novo que assusta e dá medo, e mais uma vez vem e é sempre a busca pelo novo. O novo de hoje irracional e reacionário, impositivo e discriminativo. Somos uma sociedade não preparada para refletir e raciocinar para assim criticar pelo fato do novo ser novo, percebendo os seus defeitos e desvios, e até qualidades.

Hoje o novo se garante, porque é simplesmente o novo que temos que aceitar sem questionar para não ter que se justificar como o diferente, o alienado, o excluído… e para que?  Tudo para permanecermos igualmente longe de sermos novos, não aceitando o rótulo de sermos iguais por não podermos ser diferentes, mas por sermos novos porque estamos seguindo o modelo novo.

A questão aqui não é confundir ninguém, mas, por muito observar, constatar o real consumo do novo, e perceber que, alienados, seguimos achando que a novidade ressignificada possa realmente representar o novo que se apresenta como o certo, o melhor, o invencível e a imensurável norma a se seguir, consumir sem questionar, e sempre aceitar como certo.

Hoje é proibido filosofar, só porque o novo decretou que o nosso país fosse analfabeto funcional, incapaz de um pensamento lógico que pudesse por em cheque, com sua critica, o poder do novo. O novo que não reconhece a diversidade do pensamento, das tribos, do indivíduo como ente unitário e diferente por natureza, não aceitando o pensamento crítico com medo que não se adeque ao pensamento ao novo imposto.

O novo não deveria assustar, deveria ser compreendido, analisado, criticado para poder ser assimilado pela verdade de ser, e aceito se for coerente com a realidade. A busca do novo deveria vir para ser a melhoria da qualidade de vida da sociedade, que mesmo sendo clichê o termo e muito usado, ainda permanece como o ideal a ser conquistado.

Lugar inclusivo que acolhe todos, sem distinção nem preconceito e aceita a diferença como uma particularidade positiva da humanidade. Os poetas, imbuídos de um sentimento elevado, trazem no seu poema uma radiografia crua da luta entre o consciente e o inconsciente e qual seria o paradoxo a ser considerado quando diz: “O mundo tão desigual, tudo é tão desigual o, o, o, o… De um lado esse carnaval, de outro a fome total…”.

Wellington de Mello – Escritor, Redator, Publicitário, Designer Gráfico e Fotógrafo


**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha do Cultura Alternativa.