Mulheres que viajam sozinhas: desafios e avanços no Brasil
Viajar sozinha já não é apenas uma tendência, mas uma escolha consciente de muitas mulheres em busca de liberdade, autoconhecimento e conexão com novas culturas.
No entanto, esse movimento ainda encontra obstáculos no Brasil, especialmente relacionados à segurança. Para compreender melhor esse cenário, o governo brasileiro, em parceria com a UNESCO e a ONU Mulheres, abriu uma consulta pública até setembro de 2025.
O objetivo é identificar o perfil das viajeras, suas demandas e preocupações, a fim de criar a primeira “Guia para mulheres que viajam sozinhas”.
Essa iniciativa pretende reunir depoimentos, sugestões e ferramentas práticas, como listas de verificação, QR codes e canais de apoio. Além disso, a proposta abrange temas fundamentais: planejamento de viagens, saúde, direitos das mulheres e estratégias de fortalecimento feminino.
Crescimento global da autonomia feminina
De acordo com um levantamento internacional, 40% das mulheres afirmam que pretendem viajar sozinhas em 2025. Esse número cresce conforme a idade aumenta.
Entre viajeras com 55 anos ou mais, 21% preferem viajar desacompanhadas em vez de com parceiros ou grupos. Portanto, o fenômeno é mundial e demonstra que a busca por autonomia feminina no turismo ganha cada vez mais espaço.
Segurança: a maior barreira
Entretanto, quando o assunto é viajar sozinha pelo Brasil, a realidade se mostra desafiadora. Uma pesquisa realizada com 454 brasileiras apontou que:
84,1% acreditam que a falta de segurança pública influencia na decisão de viajar.
65,6% não se sentem seguras em viagens solo pelo país.
76,9% veem a insegurança como principal desvantagem.
Esses números revelam que, embora o desejo de viajar sozinha seja crescente, a sensação de vulnerabilidade ainda é predominante.
Assim, políticas públicas específicas e mudanças estruturais tornam-se indispensáveis.

Mulheres que viajam sozinhas
As vantagens de viajar sozinha
Ainda assim, as mulheres destacam inúmeros benefícios nas viagens solo. Entre os principais pontos positivos estão:
38,2% valorizam a liberdade e a autonomia.
30,3% ressaltam o contato cultural e novas amizades.
20% veem a viagem como autoconhecimento e superação pessoal.
15% consideram viajar em território nacional, com sua língua nativa, um diferencial importante.
Dessa forma, percebe-se que, além da independência, viajar sozinha também proporciona experiências enriquecedoras de crescimento pessoal e cultural.
Iniciativas que inspiram
Além da consulta pública, o setor privado e coletivos femininos já começam a responder a essa demanda. Um exemplo inspirador é a comunidade “Elas nas Montanhas”, criada por duas brasileiras que oferecem excursões apenas para mulheres.
O grupo investe em tecnologia para garantir segurança mesmo em áreas remotas e hoje reúne mais de 100 participantes. Essa rede mostra que é possível transformar medo em apoio mútuo, promovendo sororidade e empatia.
Mulheres que viajam sozinhas
Quando o risco se torna alerta
Infelizmente, episódios trágicos também marcam esse cenário. O assassinato da artista venezuelana Julieta Hernández, em 2024, durante uma viagem pela Amazônia, expôs a vulnerabilidade das viajantes solo.
Esses casos não devem servir para desencorajar mulheres, mas sim para acelerar mudanças e reforçar a urgência de medidas de proteção.
Caminhos para o futuro do turismo feminino
Portanto, o turismo voltado a mulheres que viajam sozinhas precisa avançar em três frentes:
Fortalecer políticas públicas com foco em gênero e segurança.
Tornar visíveis os serviços especializados para viajeras.
Apoiar iniciativas coletivas que ofereçam acolhimento e proteção.
Com esses passos, será possível transformar a experiência de viajar sozinha em algo não apenas seguro, mas profundamente enriquecedor.
O que penso?
As mulheres que viajam sozinhas representam um segmento em expansão, mas ainda enfrentam obstáculos significativos no Brasil.
A criação da Guia para mulheres que viajam sozinhas e o fortalecimento de redes de apoio abrem caminho para um turismo mais inclusivo.
Viajar só deve ser um direito seguro, prazeroso e enriquecedor. Mais do que tendência, é uma forma de empoderamento feminino que merece ser reconhecida e protegida.
Mulheres que viajam sozinhas
Seguem outras dicas para viajar sozinha que podem ser úteis:
Bagagem leve: como será preciso monitorar a mala a todo momento, inclusive indo com ela a locais como o banheiro, carregar muito peso pode atrapalhar bastante. Nesse caso, vale considerar levar a boa e velha mochila.
Informação salva: logo ao chegar ao destino, vale checar com o hotel se há pontos da cidade perigosos para andar sozinha.
Na rua, priorizar famílias, mulheres e funcionários de lojas e restaurantes ao pedir informação é mais seguro.
Mantenha-se conectada: é essencial ter em mãos contatos de emergência e da embaixada, caso a viagem seja para outro país.
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA
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