A Constelação Familiar constitui um tema de relevante interesse e ampla discussão no Brasil, envolvendo uma gama de perspectivas e aplicações que vão desde o âmbito da saúde pública até o sistema judiciário.
Este método terapêutico, que busca desvelar e resolver conflitos familiares e pessoais através da representação das relações familiares, tem sido tanto adotado em diversas esferas quanto questionado por suas bases e eficácia.
Constelação Familiar
A Constelação no Sistema de Saúde Brasileiro
No Brasil, a Constelação Familiar está inclusa entre as Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) pelo SUS, representando um marco significativo na sua institucionalização.
Desde 2018, mais de 24 mil sessões foram realizadas pelo SUS, com o Rio Grande do Sul liderando o número de sessões. Esse dado reflete a busca por alternativas terapêuticas que complementem os tratamentos convencionais, visando a promoção da saúde de forma integra.
Por outro lado, a prática enfrenta críticas, especialmente do Conselho Federal de Psicologia, que aponta a falta de embasamento científico e questiona os pressupostos éticos, científicos e epistemológicos da constelação familiar.
A entidade destaca preocupações relativas aos conceitos de gênero, sexualidade, e a dinâmica de poder dentro da família abordados pela constelação, considerando-os patologizantes e conservadores.
Debates e Divergências
A complexidade e a diversidade de opiniões a respeito da constelação familiar foram evidenciadas em uma audiência pública interativa promovida pela Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, reunindo defensores e críticos da prática.
Os defensores enfatizam a constelação como um complemento à medicina convencional e destacam seu potencial terapêutico, baseando-se em relatos de eficácia e na perspectiva de que o reconhecimento científico de novas práticas vem com o tempo.
Por outro lado, críticos argumentam que a prática carece de fundamentação científica robusta e ética para justificar seu uso com recursos públicos, além de expressarem preocupação com a possibilidade de revitimização em determinados contextos.
Constelação Familiar
Perspectivas Futuras
O cenário atual sugere que a constelação familiar permanecerá um tema de intenso debate no Brasil.
A sua inclusão nas PICS pelo SUS e a realização de audiências públicas sobre o tema indicam um interesse contínuo em explorar seu potencial terapêutico, apesar das controvérsias.
A discussão sobre a constelação familiar reflete um movimento mais amplo em direção à integração de práticas alternativas no cuidado à saúde, demandando, contudo, uma reflexão crítica sobre suas bases, eficácia e impacto ético-social.
A constelação familiar, portanto, desafia os limites entre tradição e inovação, ciência e prática alternativa, incitando uma reflexão profunda sobre como abordagens terapêuticas diversas podem contribuir para o bem-estar e a resolução de conflitos familiares e pessoais.
A medida em que essa prática ganha espaço, é crucial que as discussões continuem, privilegiando a evidência científica e o respeito aos direitos e dignidade dos indivíduos.
Júnia Augusto
Para o Site Cultura Alternativa