Felicidade depois dos 60: um novo olhar sobre a satisfação com a vida na terceira idade
A ideia de que a juventude é a fase mais feliz da vida vem sendo cada vez mais questionada por estudos recentes.
Um deles, o Ipsos Global Happiness Index 2023, aponta que os idosos tendem a se sentir mais satisfeitos com a vida do que os jovens, tanto no Brasil quanto em diversos países.
A pesquisa, realizada com cerca de 24 mil pessoas de até 75 anos em 30 países, revelou que os 60 anos marcam uma virada importante no nível de contentamento pessoal.
Mas o que estaria por trás dessa mudança de percepção? Seriam apenas os anos vividos, ou há algo mais profundo a ser compreendido?
A curva da felicidade e o paradoxo do envelhecimento
A chamada “curva em U” da felicidade tem sido documentada em diversos estudos acadêmicos. Segundo essa teoria, os níveis de bem-estar diminuem na meia-idade e voltam a subir a partir dos 50 ou 60 anos.
O paradoxo surge justamente porque, nessa fase da vida, os desafios físicos e emocionais são significativos: doenças crônicas, perdas afetivas e aposentadoria podem impactar a rotina. No entanto, o sentimento geral de felicidade aumenta.
Para a psicóloga Lúcia Mendonça, especialista em gerontologia, “a maturidade traz uma aceitação maior da vida como ela é, e isso tem um valor imenso para o bem-estar emocional. Não é que os problemas desapareçam, mas o olhar sobre eles muda.”
Essa capacidade de adaptação é um dos pilares do envelhecimento positivo e ajuda a explicar por que muitas pessoas se sentem mais livres e realizadas após os 60.
Felicidade depois dos 60
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Exercícios Físicos depois dos 60
A vida após os 60 pode ser a fase mais gratificante e enriquecedora de todas, basta dar o primeiro passo.
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Felicidade depois dos 60
Felicidade depois dos 60: um novo olhar sobre a satisfação com a vida na terceira idade
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Falhas Metabólicas no Envelhecimento: Como Isso Impacta sua Saúde?
O metabolismo é responsável por converter os nutrientes que consumimos em energia, permitindo que nossas células desempenhem suas funções essenciais.
Por que os idosos são mais felizes?
Além do autoconhecimento, alguns fatores contribuem diretamente para o aumento da felicidade nessa etapa da vida:
- Menor pressão social: Aos 60, grande parte das cobranças profissionais, familiares e sociais diminui, o que alivia o estresse e promove uma vida mais leve.
- Redes afetivas mais sólidas: Com o tempo, os vínculos que permanecem tendem a ser mais significativos e duradouros.
- Revalorização do tempo: O cotidiano passa a ser vivido com mais consciência, e prazeres simples, como caminhar ao ar livre ou cozinhar para os netos, ganham novo significado.
- Resiliência emocional: A experiência acumulada fortalece a capacidade de enfrentar adversidades com equilíbrio.
Entretanto, é importante lembrar que essa não é uma realidade uniforme. Muitos idosos enfrentam solidão, exclusão social, dificuldades financeiras ou problemas de saúde mental que comprometem seu bem-estar.
Felicidade depois dos 60
A realidade brasileira: otimismo ou sobrevivência?
Segundo o instituto Gallup, os idosos brasileiros estão entre os mais felizes do mundo, ocupando a 37ª posição no ranking global.
Já os jovens brasileiros aparecem apenas na 60ª colocação. A diferença chama atenção e levanta questionamentos: por que os jovens parecem menos satisfeitos?
As respostas passam por múltiplas questões. Insegurança no mercado de trabalho, crise habitacional, ansiedade generalizada e pressão por sucesso nas redes sociais são fatores que pesam sobre os mais novos. Já os idosos, em muitos casos, contam com uma rede familiar de apoio, moradia própria e tempo para cultivar suas preferências pessoais.
Contudo, isso não significa que a vida na velhice seja fácil no Brasil.

Políticas públicas: avanços e contradições
O país possui legislações importantes, como o Estatuto da Pessoa Idosa, que garante direitos como prioridade em filas, gratuidade no transporte público e acesso à saúde. Na prática, porém, ainda há muito a ser feito.
Filas extensas no SUS, falta de acessibilidade urbana e atendimento desumanizado em instituições de saúde ainda fazem parte do cotidiano de muitos idosos. Além disso, o etarismo — preconceito contra a idade — continua presente em ambientes de trabalho e no discurso público, limitando a inserção ativa de pessoas com mais de 60 anos.
Programas como universidades abertas à terceira idade, centros culturais e iniciativas de capacitação profissional são bem-vindos, mas ainda restritos a grandes centros urbanos.
Para ampliar a felicidade na terceira idade, é essencial garantir acesso a oportunidades reais de participação social em todo o país.
Felicidade depois dos 60
Felicidade é privilégio ou conquista?
Embora as pesquisas indiquem um aumento da felicidade após os 60 anos, é necessário ponderar: essa felicidade é acessível a todos os idosos ou apenas a um grupo com condições mínimas de saúde, renda e apoio?
A resposta não é simples. Se por um lado a idade traz sabedoria e liberdade, por outro, o envelhecimento exige estrutura, cuidado e inclusão.
É possível — e necessário — envelhecer com dignidade, mas isso depende de uma combinação entre escolhas individuais e políticas públicas eficazes.
O que podemos aprender com os mais velhos
Se a felicidade aumenta com a idade, talvez o maior aprendizado esteja em repensar o modo como vivemos agora.
O que os idosos felizes nos mostram é que a vida ganha mais sentido quando se tem tempo para si, quando os vínculos são valorizados e quando se deixa de lado a ilusão da perfeição.
Portanto, mais do que esperar pela felicidade aos 60, talvez devêssemos perguntar: o que estamos fazendo hoje para garantir que ela nos encontre no futuro?
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA
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