IDH – Brasil
Relatório do PNUD destaca melhorias em saúde e renda, enquanto desigualdades e desafios educacionais limitam o avanço nacional
Novo posicionamento no IDH
O Brasil avançou cinco colocações no ranking mundial do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), divulgado em 6 de maio de 2025 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
O país passou da 89ª para a 84ª posição, alcançando um índice de 0,786. Esse resultado mantém o Brasil na categoria de desenvolvimento humano “alto”, segundo os critérios internacionais.
O IDH avalia o progresso de 193 nações com base em três pilares: saúde, educação e renda. No caso brasileiro, a melhora foi atribuída principalmente aos indicadores de longevidade e recursos econômicos.
Esse avanço ocorre após um período de recuperação das perdas provocadas pela pandemia de COVID-19, que havia comprometido a expectativa de vida e o poder aquisitivo da população.
Apesar do progresso, o Brasil segue atrás de várias nações latino-americanas, como Chile (45º), Argentina (47º) e Uruguai (48º). Na liderança global destacam-se Islândia, Noruega e Suíça, todas com índices superiores a 0,970, refletindo elevados padrões de qualidade de vida.
IDH – Brasil
Avanços em saúde e renda
A expectativa de vida ao nascer no Brasil subiu para 76,4 anos, conforme dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revertendo a tendência de queda observada nos anos críticos da pandemia.
O aumento está relacionado à expansão do acesso aos serviços de saúde, campanhas de imunização e ao controle de enfermidades crônicas.
Na área econômica, a renda nacional bruta per capita alcançou US$ 16.870, demonstrando um crescimento impulsionado pela retomada do emprego formal e pela elevação do salário mínimo acima da inflação.
Essa tendência também reflete o desempenho positivo de setores como agronegócio, tecnologia e serviços nos anos de 2023 e 2024.
No entanto, mesmo com esses avanços, a concentração de riqueza permanece significativa.
O coeficiente de Gini, que mede a desigualdade, continua acima de 0,50 — nível considerado elevado em comparações internacionais.
Isso evidencia que os ganhos econômicos ainda não beneficiam de forma equitativa todos os segmentos sociais.
IDH – Brasil
Desafios persistentes na educação
A educação continua sendo o ponto mais vulnerável no desempenho do IDH brasileiro. O tempo médio de escolaridade da população adulta manteve-se em torno de 8 anos, inferior à média de 12 anos observada nos países com desenvolvimento humano elevado. Essa limitação compromete diretamente a produtividade e a capacidade de inovação do país.
Embora iniciativas governamentais, como a ampliação do ensino integral e a reforma do ensino médio, tenham buscado aprimorar o sistema educacional, os resultados permanecem restritos.
A última avaliação do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), referente a 2022, posicionou os estudantes brasileiros entre os últimos colocados em matemática, leitura e ciências.
Especialistas apontam que, sem uma transformação substancial na qualidade do ensino, os avanços em saúde e renda terão impacto restrito a curto e médio prazo.
A formação educacional insuficiente prejudica a inserção no mercado de trabalho e limita o desenvolvimento de tecnologias e novos conhecimentos no Brasil.
IDH – Brasil
Desigualdades regionais e sociais
O relatório do PNUD destacou que, apesar da ascensão no ranking, o Brasil continua enfrentando grandes disparidades regionais e sociais.
Estados do Sudeste e do Sul concentram os melhores índices de desenvolvimento, enquanto o Norte e o Nordeste apresentam indicadores semelhantes aos de nações em desenvolvimento médio ou baixo.
As desigualdades também se manifestam de forma acentuada entre áreas urbanas e rurais, bem como entre diferentes grupos étnico-raciais.
Pessoas negras e pardas, por exemplo, apresentam expectativa de vida e rendimento inferiores aos brancos.
Mulheres negras, em particular, enfrentam desafios significativos em termos educacionais e de acesso ao mercado de trabalho.
Essas disparidades mostram que a elevação do IDH nacional não se traduz de maneira uniforme em melhorias concretas para toda a população.
Para reduzir essas brechas, o PNUD recomenda políticas públicas específicas e investimentos direcionados a regiões e grupos em situação de maior vulnerabilidade.
IDH – Brasil
Comparação internacional e perspectivas futuras
No cenário latino-americano, o desempenho brasileiro ainda é intermediário. Supera países como Paraguai (99º), Bolívia (108º) e Venezuela (121º), mas permanece distante dos líderes regionais.
O desempenho educacional, sobretudo, continua sendo o principal obstáculo que impede o Brasil de avançar para a categoria de desenvolvimento muito alto.
Em termos globais, o relatório do PNUD observa uma desaceleração geral no progresso do desenvolvimento humano em diversas regiões, influenciada por conflitos, mudanças climáticas e desigualdades crescentes.
Algumas economias avançadas também enfrentaram retrocessos em determinados aspectos do IDH.
Para os próximos anos, especialistas destacam que o Brasil precisará adotar políticas integradas e sustentáveis.
As áreas prioritárias incluem educação de excelência, redução das desigualdades e estímulo à inovação. Sem essas transformações estruturais, o avanço do IDH poderá perder ritmo nos ciclos futuros.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa