Evangélicos crescem e católicos caem - Cultura Alternativa

Evangélicos crescem e católicos caem

Evangélicos crescem e Católicos caem

Levantamento do IBGE revela mudanças profundas no cenário religioso brasileiro


O novo cenário da fé brasileira

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira, 6 de junho de 2025, os dados da amostra do Censo 2022 relativos às crenças religiosas no Brasil.

As informações evidenciam uma transformação marcante: redução da hegemonia católica, crescimento expressivo do movimento evangélico e ampliação da parcela da população sem religião.

O estudo, que abrange 211,7 milhões de brasileiros, confirma tendências identificadas em pesquisas anteriores. A pluralidade religiosa avança, impulsionada por mudanças culturais, dinâmicas sociais e novos padrões de comportamento, especialmente entre os jovens.

Além de registrar o quadro atual, o levantamento oferece subsídios valiosos para analisar como a religiosidade no Brasil poderá evoluir, influenciando hábitos, comportamentos políticos e a própria identidade nacional.

Catolicismo mantém maioria, mas em queda acentuada

Apesar de continuar como a maior confissão religiosa do país, o catolicismo segue em declínio. De acordo com o Censo 2022, 56,7% da população se declara católica — aproximadamente 100,2 milhões de pessoas. Em 2010, o índice era de 65,1%, o que representa uma queda de 8,4 pontos percentuais em 12 anos.

Historicamente predominante desde o primeiro censo oficial de 1872, o catolicismo enfrentava uma posição de supremacia consolidada.

No entanto, com o avanço da liberdade de crença e o fortalecimento da diversidade cultural, a predominância católica vem sendo progressivamente reduzida.

O fenômeno é especialmente visível nas faixas etárias mais jovens, onde a adesão ao catolicismo apresenta níveis significativamente inferiores. Regionalmente, o catolicismo permanece mais forte no Nordeste, embora o processo de redução ocorra em todas as regiões do país.

Evangélicos crescem e Católicos caem

Evangélicos avançam e ampliam influência

Os evangélicos continuam ganhando terreno no Brasil. Conforme o Censo 2022, 26,9% da população — cerca de 47,4 milhões de brasileiros — se identifica como evangélica. Em 2010, eram 21,6%, evidenciando um crescimento de 5,3 pontos percentuais.

O movimento evangélico é diverso e inclui vertentes como pentecostais, neopentecostais e evangélicos históricos.

O crescimento é ainda mais expressivo entre a população negra: um terço dos negros brasileiros se declara evangélico, enquanto, entre os brancos, a proporção é de um quarto.

Além da expansão numérica, os evangélicos consolidam cada vez mais sua presença em setores estratégicos da sociedade, como mídia, cultura e política. Sua influência nas decisões eleitorais e na formulação de políticas públicas já é amplamente reconhecida.

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Mais brasileiros optam por não seguir religiões

A proporção de brasileiros que se declara sem religião também cresceu. Segundo o Censo 2022, 9,3% da população — cerca de 16,4 milhões de pessoas — afirma não professar qualquer crença religiosa. Em 2010, eram 7,9%, evidenciando uma tendência de alta.

Esse grupo abrange ateus, agnósticos e pessoas que não se vinculam a instituições religiosas. A tendência é mais pronunciada entre as gerações mais jovens e nos grandes centros urbanos, refletindo um movimento global de secularização.

Embora o Brasil continue sendo um país de forte religiosidade popular, o aumento do número de brasileiros sem religião revela uma sociedade cada vez mais plural e aberta a escolhas individuais no campo espiritual.

Curta Milton

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Religiões afro-brasileiras conquistam maior visibilidade

As religiões de matriz africana, como Umbanda e Candomblé, também ampliaram sua presença no cenário religioso brasileiro. Conforme o Censo 2022, essas práticas passaram de 0,3% para 1% da população. Apesar de ainda representarem uma minoria, o crescimento é significativo.

Esse avanço reflete movimentos contemporâneos de valorização da herança cultural afro-brasileira e de combate à intolerância religiosa. Após séculos de marginalização e perseguição, essas religiões ganham maior reconhecimento e respeito social.

A expansão é particularmente expressiva em estados como Bahia e Rio de Janeiro, onde tais tradições possuem raízes históricas profundas. O fortalecimento das religiões afro-brasileiras enriquece a diversidade cultural e espiritual do país.

Um Brasil de fé cada vez mais diversa

O panorama revelado pelo Censo 2022 comprova que o Brasil caminha para um cenário de crescente pluralidade religiosa.

A supremacia católica vem cedendo espaço, enquanto o movimento evangélico se fortalece e os brasileiros sem religião se tornam uma parcela cada vez mais relevante da população.

A diversidade religiosa varia conforme as regiões: o catolicismo segue forte no Nordeste, os evangélicos predominam no Norte e Centro-Oeste, e a população sem religião cresce nos estados do Sul e Sudeste. As religiões afro-brasileiras consolidam nichos culturais relevantes.

Os dados completos, disponibilizados pelo IBGE no portal oficial e na plataforma SIDRA, possibilitam análises detalhadas por faixa etária, cor ou raça, escolaridade e localização geográfica. A compreensão dessas transformações é fundamental para decifrar o Brasil atual e os rumos de sua identidade cultural e religiosa.


Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa