Brad Mehldau lança Ride into the Sun
Gravação em Nova York e produção refinada
Brad Mehldau lança Ride into the Sun em agosto de 2025. Ele gravou Ride into the Sun entre os dias 24 e 28 de janeiro de 2025 no conceituado The Bunker Studio, localizado no Brooklyn, em Nova York. A escolha do local reflete a busca por uma sonoridade íntima e ao mesmo tempo expansiva, típica dos projetos mais introspectivos do pianista. O ambiente técnico favoreceu a execução de arranjos detalhados e colaborações precisas, resultando em uma produção de alta qualidade.
Além disso, a produção do álbum foi assinada por Brad Mehldau em parceria com Dan Coleman. Mehldau, além de liderar musicalmente o projeto, também se envolveu diretamente em decisões criativas e técnicas. A colaboração com Coleman garantiu um equilíbrio entre a sensibilidade estética e o rigor técnico necessários para uma obra de tributo, sem perder o frescor da inovação.
Por fim, o engenheiro de som John Davis foi responsável pela captação e mixagem do álbum, enquanto a masterização ficou a cargo de Alex DeTurk. A equipe de produção buscou enfatizar a delicadeza das interpretações e preservar as nuances emocionais presentes nas composições originais de Elliott Smith. O resultado é um disco com atmosfera coesa, sonora e conceitualmente envolvente.
Repertório homenageia Elliott Smith e outras influências
Sobretudo, Ride into the Sun é uma homenagem direta à obra de Elliott Smith, com dez faixas interpretadas a partir do repertório do cantor e compositor americano. Mehldau selecionou músicas que dialogam com sua própria linguagem pianística, como “Better Be Quiet Now”, “Everything Means Nothing to Me” e “Between the Bars”, recriando-as com arranjos que mesclam piano, cordas e instrumentação sutil.
Ademais, o álbum inclui quatro composições originais de Mehldau, que dialogam diretamente com a estética e os temas recorrentes do homenageado. Faixas como “Sweet Adeline Fantasy” e “Somebody Cares, Somebody Understands” funcionam como extensões criativas das ideias harmônicas e emocionais presentes nas composições de Smith, respeitando sua memória sem imitá-lo.
Com isso, duas faixas adicionais completam o repertório: “Thirteen”, da banda Big Star, e “Sunday”, de Nick Drake. Essas escolhas ampliam o espectro de influências sonoras de Mehldau e colocam Elliott Smith em um contexto mais amplo de compositores melancólicos e líricos que marcaram a música alternativa e a canção de introspecção nas últimas décadas.
Participações especiais enriquecem a sonoridade
De modo especial, a presença de músicos convidados dá ao álbum uma textura ainda mais rica e variada. O multi-instrumentista Daniel Rossen, da banda Grizzly Bear, participa das faixas “Tomorrow Tomorrow” e “Southern Belle”, contribuindo com vocais e guitarras que trazem uma sonoridade indie refinada ao projeto. Sua colaboração oferece um contraponto à abordagem clássica de Mehldau ao piano.
Igualmente, outro destaque é Chris Thile, conhecido por seu trabalho no Punch Brothers e no Nickel Creek, que participa da faixa “Colorbars”. Seu mandolim e vocais adicionam uma dimensão folk e artesanal à canção, reafirmando o diálogo entre estilos musicais distintos, mas emocionalmente convergentes. A contribuição de Thile complementa a sensibilidade melódica da faixa com delicadeza.
Ao todo, completam o elenco o baterista Matt Chamberlain e os baixistas Felix Moseholm e John Davis, além de uma orquestra de câmara regida por Dan Coleman. Os arranjos orquestrais ampliam a densidade harmônica das composições, criando paisagens sonoras que envolvem o ouvinte. Essa combinação de elementos faz do álbum uma experiência musical múltipla e sofisticada.
Conexão pessoal entre Mehldau e Elliott Smith
Curiosamente, Brad Mehldau conheceu Elliott Smith durante apresentações no clube Largo, em Los Angeles, onde ambos se apresentaram em shows liderados por Jon Brion. Essa convivência gerou admiração mútua e plantou as sementes do que viria a ser um tributo futuro. A memória dessa conexão está impregnada na escolha do repertório e na forma de interpretá-lo.
Posteriormente, para Mehldau, Smith possuía uma habilidade singular de mesclar modos maiores e menores, criando harmonias inesperadas e emocionalmente impactantes. Essa sofisticação harmônica é um dos elementos que aproximam a obra de ambos os artistas. Mehldau reconhece em Smith um compositor completo, capaz de unir lirismo melancólico e rigor musical.
Consequentemente, o título do álbum, Ride into the Sun, é extraído da letra da canção “Colorbars” de Elliott Smith, e representa a jornada musical proposta por Mehldau. Trata-se de um gesto simbólico, que articula despedida, reverência e reinvenção. O álbum, portanto, é tanto uma homenagem quanto uma continuação artística dos caminhos abertos por Smith.

Lançamento e formatos disponíveis
Atualmente, o álbum será lançado oficialmente em 29 de agosto de 2025 pelo selo Nonesuch Records. A data marca o retorno de Mehldau a um projeto conceitual com repertório baseado em releituras e colaborações. O lançamento ocorre simultaneamente em plataformas digitais, CD e vinil duplo, permitindo acesso amplo a diferentes públicos.
Além disso, já é possível realizar a pré-compra do álbum em sites como Bandcamp, Amazon e Apple Music. As versões físicas trazem encartes com informações sobre os músicos, notas de produção e trechos de entrevistas com Mehldau sobre o processo criativo. A edição em vinil, por sua vez, destaca-se pelo design gráfico e pela qualidade do áudio analógico.
Finalmente, esse novo trabalho de Brad Mehldau promete repercutir tanto entre os fãs do pianista quanto entre admiradores da obra de Elliott Smith. Sua concepção cuidadosa, a escolha sensível do repertório e a execução refinada revelam um artista em sintonia com o passado, mas com olhar voltado ao futuro da música contemporânea.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa