Jovens desistem da faculdade por causa de apostas online: nova pesquisa revela realidade preocupante
Gastos com apostas esportivas online adiam o sonho universitário de 34% dos brasileiros entre 18 e 35 anos. Fenômeno impacta sobretudo jovens do Nordeste e das classes D e E.

Apostas ou educação? Uma escolha que custa caro
Você sabia que um em cada três jovens brasileiros adiou a entrada no ensino superior em 2025 por causa de apostas online?
Essa é a constatação de um levantamento realizado pela Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), em parceria com a Educa Insights.
Segundo o estudo, o vício nos chamados “jogos do tigrinho” e outras modalidades virtuais vem drenando não apenas recursos financeiros, mas também expectativas acadêmicas.
Ainda segundo os dados, 34% dos jovens entre 18 e 35 anos deixaram de iniciar um curso universitário neste ano por terem comprometido a renda com apostas esportivas.
Além disso, a situação é mais alarmante entre aqueles que planejavam estudar em instituições privadas, onde o custo das mensalidades exige planejamento orçamentário.
O perfil de quem aposta: renda baixa e alto comprometimento
De forma preocupante, o impacto é mais acentuado entre os jovens das classes D e E. Para se ter uma ideia, 43% desses jovens afirmam que só conseguirão ingressar no ensino superior em 2026 se abandonarem os gastos com apostas.
Por outro lado, mesmo os estudantes já matriculados enfrentam dificuldades. Cerca de 14% relataram atrasos no pagamento das mensalidades, e outros precisaram trancar o curso. Em média, um jovem das classes mais baixas investe R$ 421 por mês em apostas. Em contraste, nas classes A e B, esse valor ultrapassa R$ 1.200.
Ou seja, o problema não se restringe a um grupo isolado: ele atinge diferentes camadas da sociedade, ainda que em intensidades distintas.
O recorte regional: Nordeste lidera abandono educacional por bets
Além da divisão por classes sociais, o levantamento evidencia desigualdades regionais. No Nordeste, por exemplo, 44% dos jovens disseram ter adiado a faculdade por conta das apostas — o índice mais alto do país. Já no Sudeste, esse percentual é de 41%.
Esses números mostram que, quanto maior a exposição ao marketing agressivo das plataformas e menor o acesso à educação financeira, maior é a vulnerabilidade ao comportamento compulsivo.
Portanto, é possível notar que o problema das apostas online está longe de ser meramente individual: ele reflete desigualdades estruturais profundas.
Consequências além do ensino: saúde, lazer e relações afetadas
Os efeitos das apostas online ultrapassam os muros da universidade. A pesquisa revela que 23% dos jovens deixaram de pagar a academia, e 28% preferem apostar a sair com amigos.
Dessa forma, observa-se um impacto direto também na saúde física, no convívio social e no equilíbrio emocional dos jovens. De acordo com especialistas, a compulsão por apostas pode causar sintomas semelhantes aos do vício em substâncias, exigindo inclusive acompanhamento psicológico.
Em resumo, estamos diante de um problema multifacetado, com efeitos colaterais que vão além da esfera financeira.
Caminhos para enfrentar o problema
Diante desse cenário, é urgente pensar em soluções concretas. Entre as propostas, destacam-se:
- Implementar educação financeira nas escolas: ajudando os jovens a lidar melhor com seu dinheiro e a evitar armadilhas digitais;
- Promover campanhas de conscientização: informando sobre os riscos e prejuízos do vício em apostas;
- Aumentar a regulamentação das plataformas: controlando a publicidade voltada aos jovens e impondo limites éticos.
Além disso, é importante que instituições de ensino ofereçam apoio psicológico e alternativas de financiamento para quem enfrenta dificuldades.

Reflexão final: qual futuro estamos construindo?
A popularização das apostas online no Brasil gerou um alerta que não pode mais ser ignorado. O que antes parecia inofensivo, hoje impacta diretamente o futuro acadêmico de milhões de jovens.
Portanto, se quisermos garantir acesso igualitário à educação, é essencial combater essa tendência com informação, políticas públicas e acolhimento.
Afinal, nenhum jogo vale mais que um diploma.
Referências:
- Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior – ABMES (2025).
- Click Petróleo e Gás. Vício em apostas pode afastar jovens da universidade, 2025.
- Jornal de Brasília. Apostas afastam 34% dos jovens da faculdade, 2025.
- Brasil 247. Bets afetam educação no Nordeste, 2025.
- Folha de Pernambuco. Bets ameaçam juventude, 2025.
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA