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Crianças estão passando o dobro do tempo recomendado em frente às telas

📱 Crianças pequenas no Brasil estão expostas ao dobro do tempo recomendado em frente às telas

Uma realidade silenciosa e preocupante está se consolidando nas casas brasileiras: crianças de até seis anos passam, diariamente, mais de duas horas diante de telas.

De acordo com pesquisa recente, seis a cada dez crianças dessa faixa etária superam o limite indicado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que recomenda zero exposição para bebês de até dois anos e no máximo uma hora para as que têm entre dois e cinco.

Esse cenário revela uma mudança de comportamento que merece atenção urgente. Afinal, a infância é um período delicado, que exige estímulos adequados para o desenvolvimento integral do ser humano.

🧠 Primeira infância: o que está em jogo?

A primeira infância, que compreende os primeiros seis anos de vida, é considerada a fase mais determinante no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional.

É nesse momento que o cérebro humano se estrutura, com impactos duradouros em diversas áreas, como linguagem, raciocínio e habilidades sociais. Entretanto, o uso excessivo de telas pode comprometer esse processo.

Diversos estudos associam a superexposição a problemas como atraso na fala, distúrbios do sono, agitação constante, dificuldade de concentração e até aumento da ansiedade infantil.

Além disso, o sedentarismo precoce, resultado da substituição de brincadeiras ativas por tempo diante de celulares e televisores, contribui para o crescimento dos índices de obesidade infantil no país.

Crianças e telas

🧾 O que a população sabe sobre o tema?

Embora os riscos sejam amplamente discutidos entre especialistas, a pesquisa revelou que a maioria da população ainda desconhece as consequências da exposição prolongada às telas na infância. Isso se reflete na rotina das famílias, especialmente nas classes sociais com menos acesso à informação qualificada ou alternativas de lazer acessíveis.

Falta conhecimento sobre os direitos da primeira infância e sobre a importância dos estímulos adequados nessa fase da vida. Muitos pais e responsáveis recorrem aos aparelhos digitais por falta de tempo, apoio ou opções seguras de cuidado, principalmente em contextos urbanos mais vulneráveis.

Além disso, o apelo comercial das telas e a presença de conteúdos voltados ao público infantil nas redes sociais e plataformas de vídeo reforçam hábitos prejudiciais que muitas vezes passam despercebidos.

📜 Nova política nacional pretende transformar essa realidade

Diante desse quadro, o governo federal se prepara para lançar uma nova Política Nacional pela Primeira Infância, que será assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A proposta visa coordenar esforços nas áreas de saúde, educação, assistência social e cultura, garantindo os direitos das crianças pequenas em todas as regiões do país.

Um dos focos da política será justamente a orientação sobre o uso de tecnologias na infância, com campanhas educativas voltadas à sociedade e suporte direto às famílias. Com isso, espera-se reduzir os impactos negativos do uso indiscriminado de telas e incentivar práticas mais saudáveis de convivência, aprendizado e lazer.

👨‍👩‍👧‍👦 O papel das famílias e da comunidade

Embora políticas públicas sejam fundamentais, as mudanças mais eficazes começam dentro de casa. É essencial que pais, mães e cuidadores estabeleçam limites claros para o uso de dispositivos eletrônicos, oferecendo como alternativa brincadeiras ao ar livre, leituras compartilhadas e momentos de diálogo em família.

Além disso, é importante que escolas, postos de saúde e centros comunitários atuem como aliados na formação de uma cultura de cuidado com a infância, promovendo debates e orientações práticas para a rotina das famílias.

✅ Como reduzir o tempo de tela?

Se você é responsável por uma criança pequena, vale adotar medidas simples e eficazes:

  • Crie uma rotina equilibrada, com horários para atividades físicas, alimentação, descanso e tempo livre;
  • Evite usar telas como recompensa ou distração, especialmente durante refeições ou antes de dormir;
  • Dê o exemplo, reduzindo também o uso de celular na presença da criança;
  • Estimule interações reais, como jogos de tabuleiro, desenhos e brincadeiras cooperativas.

🌱 Infância protegida é infância com presença

Em resumo, proteger a primeira infância é investir no futuro do Brasil. O uso equilibrado da tecnologia deve fazer parte desse cuidado, respeitando os limites recomendados e priorizando o contato humano, o movimento e a imaginação.

Como sociedade, temos a responsabilidade de criar ambientes onde as crianças cresçam com saúde, afeto e oportunidades de se desenvolver plenamente. Atenção ao tempo de tela é apenas um dos primeiros passos nessa jornada.

Agnes Adusumilli
Para o site Cultura Alternativa