Google reintroduz entrevistas presenciais após uso da IA - Cultura Alternativa

Google reintroduz entrevistas presenciais após uso da IA

Google reintroduz entrevistas presenciais após uso da IA

O Google reintroduz entrevistas presenciais após constatar que o uso disseminado de ferramentas de inteligência artificial em avaliações técnicas virtuais tornou a contratação remota pouco confiável. A decisão foi anunciada pelo CEO Sundar Pichai em junho, durante entrevista ao podcast de Lex Fridman. Ele afirmou que a empresa vai “introduzir pelo menos uma rodada de entrevistas presenciais para pessoas, apenas para garantir que os fundamentos estejam lá”.

Mudança impulsionada pela trapaça digital

Além disso, o movimento surge em resposta a um cenário em que mais de 50% dos candidatos utilizam sistemas de IA para resolver desafios de programação em entrevistas online. Isso torna muito difícil medir a competência real. Em uma assembleia interna no Google, funcionários pediram a volta das entrevistas presenciais para resguardar a credibilidade do processo seletivo.

Por consequência, outras empresas também estão seguindo a mesma direção. McKinsey, Cisco e Deloitte já reintroduziram etapas presenciais. Dados da Coda Search/Staffing revelam que solicitações de clientes por reuniões físicas subiram de 5% em 2024 para 30% em 2025. A tendência sinaliza uma mudança significativa em todo o mercado de trabalho global.

Outro fator determinante é o risco crescente de golpes virtuais. Relatórios do FBI alertam para o uso de identidades falsas por cidadãos norte-coreanos em tentativas de conseguir vagas remotas. Paralelamente, pesquisa da Gartner indica que 6% dos candidatos admitem ter cometido fraude em entrevistas, incluindo casos em que terceiros assumem a identidade do candidato original.

Desafios para equilibrar tecnologia e confiança

Contudo, o Google reconhece que as entrevistas virtuais têm vantagens em termos de agilidade. Elas reduzem em até duas semanas o tempo de agendamento. Brian Ong, vice-presidente de recrutamento da empresa, afirmou que ainda há “mais trabalho a fazer para integrar como a IA agora é mais prevalente no processo de entrevista”. A decisão, portanto, não elimina completamente o formato remoto, mas estabelece uma nova calibração entre tecnologia e confiabilidade.

Entretanto, diferentes companhias buscam soluções próprias. A Anthropic passou a proibir formalmente qualquer assistência de IA em entrevistas, exigindo que candidatos demonstrem habilidades de comunicação autênticas. Já a Amazon solicita que os participantes reconheçam, previamente, que ferramentas não autorizadas não serão utilizadas durante a seleção.

Esse movimento revela uma inflexão em relação ao período pandêmico, quando a contratação remota se consolidou por eficiência e economia. Sundar Pichai propõe agora um modelo híbrido. A presença física ajuda os candidatos a compreenderem a cultura corporativa e assegura uma avaliação justa de suas habilidades técnicas.

Apoio dos editores do Cultura Alternativa

Adicionalmente, os editores do Cultura Alternativa, Anand Rao e Agnes Adusumilli, que são especialistas em inteligência artificial, apoiam integralmente essa decisão do Google. Também valorizam outras empresas que seguirem pelo mesmo caminho. A experiência que possuem no estudo e análise da IA lhes permite compreender não apenas seus benefícios, mas também os riscos que ela pode trazer em processos seletivos.

Do mesmo modo, os editores reconhecem que a IA abre oportunidades extraordinárias, mas também pode distorcer realidades e criar armadilhas sofisticadas. Por isso, valorizam a postura de companhias que buscam preservar a autenticidade na contratação.

Assim, reforçam que a presença humana em momentos cruciais, como entrevistas de trabalho, é essencial. Essa prática assegura confiança, ética e transparência em um mercado de trabalho cada vez mais desafiador e competitivo.

Impacto na avaliação do talento técnico global

Ademais, a reintrodução das entrevistas presenciais ressalta a tensão entre conveniência digital e integridade profissional. A tecnologia possibilitou avanços na seleção, mas também abriu espaço para fraudes sofisticadas, como deepfakes e identidades falsas. A retomada parcial da presencialidade, portanto, busca restaurar a confiança e a autenticidade na contratação.

De modo geral, essa mudança não se restringe ao Google. O setor como um todo passa a priorizar a verificação humana em detrimento da mera eficiência tecnológica. Essa alteração redesenha práticas que podem definir a próxima década de recrutamento.

Em síntese, as entrevistas presenciais voltam a ocupar papel central na avaliação de talentos. Elas funcionam como um antídoto contra a manipulação digital e reforçam a necessidade de preservar a essência do contato humano no ambiente corporativo.


Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa