B&H, melhor loja de eletrônicos do mundo, está vazia de brasileiros em Nova York com o real desvalorizado
A B&H foi fundada em 1973 em Nova York, inicialmente como uma pequena loja voltada para fotógrafos profissionais e amadores.
Com o tempo, a loja cresceu, expandindo seu portfólio de produtos para abranger uma vasta gama de eletrônicos, desde câmeras e equipamentos de vídeo até computadores e acessórios.
A localização estratégica em Manhattan, aliada ao compromisso com o atendimento especializado e a variedade de produtos, transformou a B&H em uma referência global, especialmente para aqueles que buscam qualidade e inovação em tecnologia.
Nas décadas seguintes, a B&H consolidou sua reputação, atraindo clientes não apenas dos Estados Unidos, mas de diversas partes do mundo.
A loja tornou-se sinônimo de excelência em eletrônicos, especialmente em segmentos de fotografia e produção audiovisual. O serviço de atendimento ao cliente, com profissionais altamente capacitados, foi um dos diferenciais que contribuíram para essa trajetória de sucesso.
Além disso, a B&H sempre se destacou por sua capacidade de adaptação às mudanças do mercado e da tecnologia. Desde a era das câmeras analógicas até a revolução digital, a loja manteve-se atualizada, oferecendo os produtos mais modernos e relevantes para seus clientes.
Esse compromisso contínuo com a inovação garantiu à B&H um lugar cativo no coração de muitos consumidores, incluindo os brasileiros.
B&H em Nova York
Ao longo da história, a loja dos brasileiros para eletrônicos
Para os brasileiros, a B&H sempre foi um destino obrigatório durante viagens a Nova York. A combinação de preços competitivos, variedade de produtos e a confiança na qualidade dos eletrônicos fez da loja uma escolha natural para aqueles que buscavam tecnologia de ponta.
Muitos brasileiros reservavam parte de suas viagens para visitar a B&H, fazendo compras que variavam de câmeras fotográficas a laptops e outros dispositivos essenciais.
A B&H tornou-se um ícone entre os turistas brasileiros, conhecida não apenas pela vasta oferta de produtos, mas também pela experiência de compra.
Era comum ver grupos de brasileiros explorando cada seção da loja, discutindo as melhores opções e aproveitando as promoções exclusivas para adquirir equipamentos que, no Brasil, teriam preços significativamente mais altos.
Essa relação entre a B&H e os brasileiros não era apenas comercial, mas cultural. A loja representava um ponto de encontro, um local onde os brasileiros se sentiam à vontade para explorar as últimas novidades tecnológicas.
Ao longo dos anos, a presença constante de brasileiros na B&H ajudou a moldar a dinâmica do comércio na loja, tornando-a um reflexo do fluxo turístico entre Brasil e Estados Unidos.
B&H em Nova York
A desvalorização do real
Nos últimos anos, a desvalorização do real em relação ao dólar americano teve um impacto profundo na capacidade de consumo dos brasileiros no exterior.
Com a moeda nacional cada vez mais fraca, os custos das viagens internacionais aumentaram significativamente, e o poder de compra dos turistas brasileiros diminuiu. Esse cenário afetou diretamente as compras em Nova York, incluindo aquelas feitas na B&H.
O real, que já teve um poder de compra robusto, hoje se encontra em uma posição de fragilidade em comparação ao dólar.
Essa desvalorização não é apenas resultado de fatores econômicos internos, como inflação e instabilidade política, mas também de influências externas, como a economia global e as políticas monetárias dos Estados Unidos.
O impacto disso é sentido nas transações cotidianas dos brasileiros que, agora, pensam duas vezes antes de fazer compras no exterior.
Com a queda do poder de compra, a B&H, que antes era um paraíso de compras para os brasileiros, viu uma redução significativa na quantidade de turistas do Brasil.
O que antes era um fluxo constante de clientes brasileiros, transformou-se em um movimento esporádico, refletindo as dificuldades econômicas enfrentadas por muitos.
A influência nas vendas de Manhattan
A redução no número de turistas brasileiros não afetou apenas a B&H, mas todo o comércio em Manhattan. Durante muitos anos, os brasileiros representaram uma parcela importante do consumo na cidade, frequentando lojas de eletrônicos, moda e artigos de luxo.
Com a desvalorização do real, essa dinâmica mudou, e as vendas em várias dessas lojas experimentaram uma queda perceptível.
Manhattan, que sempre foi um destino de compras por excelência, agora enfrenta novos desafios. A ausência dos brasileiros, que costumavam gastar quantias consideráveis, impactou o faturamento de diversas lojas, especialmente aquelas que, como a B&H, dependiam de um fluxo constante de turistas internacionais.
Esse declínio nas vendas forçou os comerciantes a buscar novas estratégias para atrair um público diferente ou, em muitos casos, a repensar suas operações.
Para a B&H, o impacto é evidente. As estratégias que antes funcionavam bem para atrair os brasileiros precisam ser repensadas, pois o público tradicional já não é mais tão presente.
Isso exige uma adaptação rápida às novas realidades econômicas, algo que a B&H sempre fez bem, mas que agora apresenta desafios ainda maiores.
A quebra do Century 21 em Nova York
O impacto da crise econômica global e a diminuição do turismo não pouparam nem mesmo ícones do varejo em Nova York, como o Century 21.
O fechamento dessa loja emblemática, conhecida por suas ofertas de roupas e acessórios de marcas renomadas, foi um duro golpe para a cidade e um sinal dos tempos difíceis enfrentados pelo comércio local.
O Century 21 era um destino popular para turistas de todo o mundo, incluindo muitos brasileiros que aproveitavam as pechinchas oferecidas pela loja.
No entanto, as dificuldades financeiras geradas pela pandemia e pela retração do turismo global culminaram em sua falência, deixando um vazio significativo no cenário de compras de Nova York.
A situação da B&H, embora diferente, encontra paralelos com o caso do Century 21. Ambos os estabelecimentos são marcas tradicionais de Nova York que sentiram o peso das mudanças econômicas e a retração do turismo.
A diferença é que, enquanto o Century 21 fechou suas portas, a B&H continua operando, mas com desafios consideráveis pela frente.
Nunca vi nos últimos anos a B&H vazia
Visitar a B&H nos últimos anos e encontrar a loja quase vazia de brasileiros foi uma experiência desoladora. A loja, que antes vibrava com a presença constante de turistas do Brasil, agora apresenta corredores tranquilos, sem a agitação que caracterizava suas dependências. Para quem, como eu, frequentou a B&H por anos, essa mudança é impactante.
Lembro-me de anos anteriores, quando a loja estava repleta de brasileiros, todos animados para levar para casa os mais recentes lançamentos em eletrônicos.
O idioma português era ouvido em todos os cantos, e a sensação de estar em uma extensão do Brasil era inegável. Hoje, essa presença quase desapareceu, e a ausência é sentida não apenas na loja, mas também no coração daqueles que, como eu, guardam memórias afetivas daquele lugar.
Essa mudança é um reflexo direto das dificuldades econômicas enfrentadas pelo Brasil e da consequente diminuição do turismo internacional.
Ver a B&H assim, esvaziada de seus clientes mais leais, é um sinal de como o cenário mudou de forma drástica, deixando uma sensação de nostalgia e preocupação com o futuro.
Minha memória afetiva
Minha relação com a B&H vai além de uma simples transação comercial. Ao longo dos anos, adquiri ali muitos dos equipamentos que me permitiram trabalhar e criar, tanto como jornalista quanto como músico. Laptops, notebooks, câmeras fotográficas, todos comprados naquela loja, tornaram-se ferramentas essenciais na minha vida profissional.
Como músico, a B&H foi uma verdadeira fonte de recursos. Mesas de som, microfones, e diversos outros equipamentos de áudio foram adquiridos ali, cada compra acompanhada de uma expectativa de criar algo novo e emocionante.
A loja, com seu vasto estoque e atendimento especializado, sempre me proporcionou uma experiência única, conectando-me com o que havia de melhor no mercado.
Por isso, ver a B&H vazia de brasileiros, sem a mesma energia que a tornou tão especial para mim, foi um golpe duro.
A queda do poder aquisitivo no Brasil transformou o que era uma visita de rotina em uma experiência melancólica, cheia de lembranças do que já foi e de incertezas sobre o que virá.
B&H em Nova York
No Mercado Livre Brasil você encontra os produtos com 20% a mais
Atualmente, muitos dos produtos encontrados na B&H também estão disponíveis no Mercado Livre Brasil. A diferença de preços, causada por impostos de importação e pela desvalorização do real, é um dos principais motivos pelos quais muitos brasileiros pensam duas vezes antes de comprar eletrônicos no exterior.
A importação direta, com todas as taxas e encargos envolvidos, faz com que os preços no Brasil sejam, em média, 20% mais altos do que nos Estados Unidos.
Essa realidade tornou-se um obstáculo para aqueles que, anteriormente, optavam por fazer compras durante viagens internacionais, aproveitando as oportunidades de preços mais baixos.
Com a atual situação econômica, o dilema entre comprar no exterior ou no Brasil tornou-se mais complexo.
Mesmo com os preços elevados no Mercado Livre, muitos optam pela comodidade e segurança de adquirir os produtos no país, evitando as incertezas cambiais e as dificuldades logísticas de importar diretamente.
E outra, ao comprar no Mercado Livre, você divide em várias vezes o gasto adaptando o mesmo a seu orçamento.
B&H em Nova York
Conclusão
A trajetória da B&H, desde sua fundação até o presente, é marcada por sucesso e inovação. No entanto, os desafios econômicos recentes, especialmente a desvalorização do real, mudaram a dinâmica da loja, afastando muitos de seus clientes brasileiros.
A redução no poder de compra dos turistas do Brasil é evidente nas ruas de Manhattan, e a B&H não escapou ilesa dessa realidade. A loja, que outrora vibrava com a presença de brasileiros em busca de tecnologia de ponta, agora enfrenta corredores mais vazios, refletindo um cenário econômico que mudou drasticamente.
A nostalgia ao ver a B&H vazia de brasileiros é acompanhada por uma preocupação com o futuro. Será que a loja conseguirá manter sua relevância e atratividade sem o fluxo constante de turistas do Brasil?
A resposta a essa pergunta dependerá da capacidade da B&H de se adaptar, mais uma vez, às novas condições do mercado, algo que sempre fez com maestria, mas que agora requer um esforço ainda maior.
Para muitos, como eu, a B&H é mais do que um local de compras; é um lugar de lembranças, de histórias pessoais e de conquistas profissionais.
Ver essa loja icônica enfrentando tempos difíceis é um lembrete de como a economia global pode impactar até mesmo as instituições mais sólidas.
Contudo, resta a esperança de que, com o tempo, a situação econômica melhore, permitindo que os brasileiros voltem a frequentar a B&H e que a loja continue a ser um ponto de referência em Nova York, onde tecnologia e tradição se encontram.
Por ora, a realidade é esta: a B&H, a melhor loja de eletrônicos do mundo, está diferente, esvaziada de uma parte significativa de sua clientela.
Mas, assim como a tecnologia avança e se reinventa, há sempre a possibilidade de que novos ventos tragam de volta os tempos de movimento intenso, risadas em português e carrinhos cheios de produtos inovadores.
Até lá, resta-nos a memória dos dias em que a B&H era um dos destinos preferidos dos brasileiros em Nova York, e a esperança de que, um dia, esse cenário volte a ser uma realidade.
B&H em Nova York
Site – Bhphoto video
B&H – Filme 2018
Nosso setor de filmes, documentários, fez o trabalho abaixo retratando fielmente o dia dia da B&H.
Anand Rao
Editor do Cultura Alternativa