18 de Junho: Dia do Orgulho Autista
Comemorado para marcar a data da criação da Aspies for Freedom (Aspies pela Liberdade, em tradução do inglês), constituída em 18 de junho de 2004 e que se converteu na primeira instituição mundial a utilizar o termo “orgulho” relacionado ao autismo, com o fim de educar o público em geral sobre as questões relacionadas com o autismo
Origem da data e sua importância para a neurodiversidade
O Dia do Orgulho Autista, celebrado em 18 de junho, surgiu em 2005 por iniciativa do grupo britânico Aspies for Freedom.
Diferentemente do Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, marcado em 2 de abril, esta data destaca o orgulho autista como forma de resistência, identidade e valorização da neurodiversidade.
A proposta não é focar em limitações, mas sim celebrar as diferentes formas de pensar, perceber e sentir o mundo.
Esse reconhecimento vai além da aceitação social — ele estimula políticas públicas, acolhimento familiar e a valorização de experiências únicas. Em outras palavras, trata-se de reforçar que ser autista não é um problema a ser resolvido, mas uma forma legítima de existência.
Avanços e dados atuais sobre o autismo no Brasil
De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicado em maio de 2025, o Brasil contabiliza cerca de 2,4 milhões de pessoas diagnosticadas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) — o equivalente a 1,2% da população. Esse número reforça a necessidade de políticas inclusivas e maior compreensão social.
Recentemente, cidades como São Paulo, Recife e Porto Alegre promoveram caminhadas, oficinas culturais e rodas de conversa para celebrar o orgulho autista.
Além disso, o movimento #OrgulhoAutista2025 ganhou força nas redes sociais, com depoimentos que ampliam a escuta de pessoas autistas sobre suas vivências e desafios.
Dia do Orgulho Autista
A preocupante disseminação de desinformação
Entretanto, junto aos avanços sociais, cresce também um fenômeno alarmante: a propagação de desinformação sobre o autismo.
Estudo conduzido pelo Laboratório de Estudos sobre Desordem Informacional da FGV, em parceria com a Associação Autistas Brasil, identificou um crescimento de 15.000% no volume de mensagens com informações falsas ou distorcidas sobre o TEA, entre 2019 e 2024.
Mais da metade dessas mensagens foi identificada em grupos brasileiros do Telegram, o que coloca o país no topo do ranking latino-americano de circulação de desinformação sobre o autismo. Esse cenário compromete o acesso a diagnósticos adequados, a confiança em tratamentos e o bem-estar emocional de muitas famílias.
Portanto, combater essas narrativas equivocadas é uma tarefa coletiva — que passa pelo jornalismo ético, pela educação formal e pelo respeito às vozes autistas.
Educação inclusiva: um caminho para a equidade
Nesse contexto, a educação inclusiva continua sendo um dos pilares mais importantes para assegurar o desenvolvimento de pessoas com TEA.
Amparada pela Lei Berenice Piana (Lei nº 12.764/2012), que reconhece o autismo como uma deficiência, a legislação garante acesso a recursos de apoio pedagógico, professores auxiliares e planos educacionais individualizados.
Estados e municípios vêm investindo em centros especializados, como o Centro de Referência em Transtorno do Espectro Autista em Palmas (TO) e o Centro Municipal de Santana, em São Paulo. Essas instituições oferecem atendimento multidisciplinar gratuito e capacitação para educadores da rede pública.
Além disso, iniciativas como a plataforma TEAcolhe, voltada à formação de famílias e profissionais, ajudam a ampliar o acesso ao conhecimento de qualidade.
Dia do Orgulho Autista
Autismo e representatividade na cultura contemporânea
A presença da neurodiversidade na cultura pop e nas mídias sociais tem contribuído para ampliar o diálogo com o grande público.
Séries como Atypical, The Good Doctor e Extraordinário ajudaram a quebrar estereótipos e mostrar que pessoas autistas são múltiplas, complexas e reais.
No Brasil, perfis como @canalteabra e @vivendoocomautismo, gerenciados por autistas adultos, vêm conquistando milhares de seguidores com conteúdos sobre acessibilidade, autodefesa e cotidiano. Esses espaços promovem pertencimento e informação de forma direta e sensível.
Conforme observa a pesquisadora da UFMG Liane Freitas, “a representação simbólica do autismo nas mídias é tão potente quanto qualquer lei: ela molda percepções, aproxima realidades e humaniza a diversidade”.
Conclusão: mais do que um dia, um movimento contínuo
Celebrar o Dia do Orgulho Autista é reconhecer que toda pessoa, com ou sem diagnóstico, merece respeito e inclusão. Mais do que uma data no calendário, este 18 de junho representa uma convocação à empatia, ao acolhimento e à ação.
Para que a neurodiversidade seja respeitada de fato, é necessário ouvir as pessoas autistas, garantir-lhes espaço em decisões públicas e investir em formação profissional, educação, cultura e saúde — sempre com base em evidências, diálogo e compromisso social.
Por Anand Rao e Agnes Adusumilli
Cultura Alternativa — Informação com sensibilidade e consciência social