Evite gafes em viagens - Site Cultura Alternativa

Evite gafes em viagens: hábitos que chocam fora do Brasil

Evite gafes em viagens: hábitos que chocam fora do Brasil

Em tempos de viagens frequentes, conexões globais e trocas culturais intensas, algo tão simples quanto recusar um prato de comida ou manter as mãos fora da mesa pode causar confusão — ou até ofensa — em outro país.

O que é considerado educado no Brasil pode ser visto com estranheza, ou até como descortesia, em outras partes do mundo.

Entender essas nuances culturais não é apenas uma forma de evitar mal-entendidos: é um gesto de respeito.

A seguir, exploramos práticas culturais curiosas — e às vezes surpreendentes — que mostram como a etiqueta varia de país para país.

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Na Suécia, o jantar pode não ser para você

Em 2022, um debate nas redes sociais chamou atenção para um costume sueco: não oferecer comida aos convidados durante as refeições, especialmente às crianças.

Em muitos lares, o visitante brinca enquanto a família come — e isso não é falta de hospitalidade, mas sim reflexo de valores enraizados.

De acordo com a pesquisadora Kajsa Ekis Ekman, autora de livros sobre sociedade escandinava, essa prática reflete a valorização da autonomia familiar e do planejamento doméstico.

“Compartilhar refeições é importante, mas na Suécia, planejar e respeitar os compromissos prévios da casa também é”, explicou em entrevista à SVT Nyheter.

Evite gafes em viagens

No Líbano, recusar comida pode ser um insulto

Por outro lado, no Líbano, não aceitar a comida oferecida por um anfitrião pode ser interpretado como falta de educação. A cultura libanesa valoriza a hospitalidade como um gesto essencial de respeito e acolhimento.

Segundo o Cultural Atlas, plataforma australiana de estudos interculturais, é comum que os anfitriões insistam mais de uma vez, mesmo após uma recusa inicial.

Para eles, isso não é insistência exagerada, mas parte do ritual de cuidado e atenção ao outro.

À mesa: o que pode surpreender

As diferenças culturais são especialmente visíveis durante as refeições. Veja alguns exemplos que podem causar confusão se você não estiver atento:

Alemanha: manter as mãos à vista sobre a mesa durante o jantar é sinal de boa educação. Esconder as mãos no colo pode soar suspeito ou desatento.

Japão: levar os próprios hashis à boca de forma errada ou deixá-los espetados na tigela de arroz é considerado desrespeitoso, pois remete a rituais fúnebres.

França: cortar alface com faca é malvisto — a etiqueta francesa recomenda dobrar as folhas com o garfo.

Tailândia: comer com garfo diretamente na boca não é bem aceito. O garfo serve para empurrar a comida até a colher, que é o utensílio correto para levar à boca.

Essas regras, embora curiosas, revelam a riqueza das tradições locais.

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Gestos e comportamentos que pedem atenção

Nem só à mesa surgem as gafes. Pequenos gestos também podem ter significados opostos ao redor do globo:

Irã: a prática do taarof implica uma troca ritualizada de recusas e ofertas. Aceitar algo de imediato pode parecer ganancioso.

Tailândia e Índia: tocar a cabeça de alguém, mesmo de uma criança, é desrespeitoso, pois a cabeça é considerada a parte mais sagrada do corpo.

Rússia: sorrir sem motivo pode ser visto como falsidade. O sorriso espontâneo brasileiro pode soar artificial em contextos mais reservados.

China: dar um presente e esperar que ele seja aberto na hora é incomum. O gesto é interpretado como falta de modéstia.

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A arte de se adaptar: empatia como guia

Viajar é também aprender a observar.

Em vez de julgar os costumes com base em nossa própria vivência, o ideal é se abrir ao que o outro considera apropriado.

A empatia cultural — termo usado por pesquisadores da antropologia social — é o caminho mais eficaz para relações respeitosas e enriquecedoras.

Como bem disse o escritor Ryszard Kapuściński: “A melhor forma de entender uma cultura diferente é sentar-se à sua mesa.”

Você já cometeu alguma gafe cultural sem saber? Ao cruzar fronteiras, vale lembrar: boas maneiras não são universais — são aprendidas e adaptadas.

Embarque com mente aberta e disposição para aprender. Afinal, respeitar o outro começa por escutar, observar e se permitir surpreender.

Anand Rao e Agnes Adusumilli

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