Fake News existem, e não é de agora!
Elas de fato, são notícias falsas publicadas propositadamente em veículo de comunicação, como se fossem realmente informações seguras, verdadeiras e real.
Na sua maior parte, são boatos maldosos que foram divulgados com o intuito de legitimar um discurso difamatório, transformando uma mentira ou um ponto de vista contrário aos fatos, como verdade absoluta, com o objetivo de prejudicar uma pessoa, geralmente uma celebridade, um político no poder ou algum grupo específico.
Porém, mesmo sem saber que são falsas, elas têm um grande poder apelativo de divulgação, e se espalham rapidamente como virais, pois apelam para o sentido mais emocional da notícia e quem as acompanha vai entender, certamente, que aquele embuste noticioso é uma verdade incontestável, que não há necessidade de confirmação da origem e conferir se de fato há veracidade daquele conteúdo. Muitas vezes, por pura preguiça, não se busca ao certo quais foram realmente os dados comprobatórios que certificaram e definiram se é ou não verdade.
A palavra “fake news”, nos países de língua inglesa, era utilizada para denominar os boatos de grande circulação. Ao longo da história, isso sempre esteve presente na mídia e nas relações de poder, mas foi na modernidade que surgiu o maior vetor de divulgação midiática: a internet.
O mundo mudou definitivamente a maneira de se trabalhar estrategicamente com a informação, não importando se são fatos, notícias e boatos. Esse veículo ampliou muito o potencial maligno de repercussão e de alienação, pois por seu potencial de globalização da informação, vem mostrado o poder de sua força como uma eficaz ferramenta de comunicação, boa em promover, disseminar, espalhar por todos os cantos do mundo informações de boa qualidade, conteúdos confiáveis comprovados com fontes sérias, como também tem sido muito utilizada com intuito de levantar calúnias e difamação, um marketing “maldoso” que, a todo custo, busca envolver o navegador do cyber espaço como massa de manipulação ideológica ou mesmo utilizando esse espaço para práticas covardes, egoístas e de vingança pessoal.
Nos últimos anos, a internet se tornou o local ideal de propaganda política para gerar o descrédito da opinião pública e distorção da notícia. É um veículo muito eficiente quando utilizado para espalhar informações destorcidas para a sociedade, e com isso, é o Jornalismo sério a grande vítima, pois sofre com a impotência diante da força e velocidade que as Fake News têm em fazero grande público desacreditar dos fatos comprovados veridicamente.
O poder de persuasão das ditas Fake News consegue envolver toda a sociedade para segui-las como tolos cegos, divulgando as suas intrigas como verdade. Quem nesse momento estiver navegando nas redes sociais da moda, certamente entrará em contato com mais uma Fake News, e é por isso, pela facilidade de chegar às pessoas, que elas conseguem ser retransmitidas e replicadas rapidamente para todo mundo, por meio dos contatos de cada pessoa, como se fosse uma praga viralizando uma notícia que na verdade é uma mentira.
Ultimamente, no mundo tem se utilizado das Fakes News para disputar processos eleitorais, pelo seu poder de alcance e da rapidez em atingir as várias camadas da sociedade de forma universal, impondo seu discurso tóxico, aliado as tendências e ideologias partidárias e suas verdades que muitas vezes reforçam preconceitos e discriminação, apenas por denegrir a imagem do adversário.
E isso é certo? Creio que não. Seria mais correto que os eleitores tivessem o direito de saber a verdade plena sobre cada candidato, para que dessa forma poder decidir a sua opção e eleger o candidato que mais se afinar com seu discurso. Quantas vezes desconhecemos nossos candidatos por não conhecermos de perto seu caráter, seu compromisso com as instituições públicas, nem mesmo seu plano de governo. É nesse contexto, que as famigeradas Fakes News realmente assassinam as práticas democráticas no país…
As Fakes News ganharam mais força mundialmente em 2016, com a corrida presidencial dos Estados Unidos, e a divulgação dos conteúdos falsos sobre a candidata Hillary Clinton que foram compartilhados de forma intensa pelos eleitores de Donald Trump. No Brasil, país que tudo copia como bom exemplo o que faz os norte-americanos, não seria diferente, e nas eleições de 2018, o que não faltou foi uma onda de boatos, muitas Fake News que interferiram nos resultados do pleito.
Apesar do fato de nossos políticos no passado sempre ter utilizado dessa prática difamatória, denegrindo a imagem do adversário e não apresentando suas reais propostas de trabalho, em nome de se “fazer política”, não se sabe ao certo como surgiu essa maneira torpe de manipulação das massas, pois sempre existiu desde tempos passados, e a origem dessa referência se perdeu lá atrás.
É uma estratégia fortemente impulsionada pela mídia e potencializada pela internet, pelos marqueteiros políticos de plantão, que fazem questão de fechar os olhos para as normas éticas e moral, numa atitude menos democrática, preferindo enganar toda a sociedade, apenas para não perder uma disputa para o adversário que se apresentar mais bem qualificado, ou mesmo para proteger seus negócios movidos por interesses particulares, até porque qualquer um, quando recebe uma notícia de algum conhecido, inegavelmente vai acreditar de imediato que a fonte pode ser considerada confiável, principalmente quando aquele conteúdo é picante, que macula a moral alheia, uma fofoca maldosa, que mexe emocionalmente com o receptor da mensagem, e por isso jamais vai ser entendida como uma notícia falsa. Será culpa da natureza humana que dá mais valor a tragédia, a notícia negativa, a insustentável vontade de se entregar a fofoca e ver sempre o pior do outro e esperando este se dar mal?
A produção e veiculação de Fake News é um mercado altamente especializado, alimentado por pessoas que tem grande influência e por uma casta de políticos que contratam suas equipes técnicas competentes, apenas para tratar desse tipo de conteúdo viral. Essas equipes podem ser compostas por jornalistas, publicitários, profissionais de marketing, profissionais da área de tecnologia e até mesmo policiais, que tentam garantir a segurança dos conteúdos de forma que não seja identificada a sua origem, complicando a vida de inocentes, por não permitir que sejam elucidadas as acusações, desmascaradas a conspirações por falta de veracidade dos fatos, por serem apenas mentiras maldosas sem comprovação.
Os produtores de Fake News compram ilegalmente os endereços de e-mail e números de celular para disparar para milhões de pessoas os conteúdos falsos diariamente, de preferência para os contatos de líderes religiosos ou de movimentos políticos, pela facilidade com que eles podem repassar para todos os seus seguidores, por ideologia e também por acreditarem que a informação seja verdadeira, pedem para que seja compartilhada.
Porém, as Redes Sociais um campo fértil para criação e divulgação das Fakes News. É nesse “locus” onde são criados perfis falsos com uma identidade visual semelhante aquelas que o público já está acostumado a consumir, contendo imagens e fotografias, além de dados pessoais e com publicações diárias para interagir com as pessoas.
A partir daí. começa o processo inicialmente com publicações verdadeiras, para dar maior veracidade as fontes de notícias, e assim, atrair seu público-alvo, ganhando relevância nos sites de busca, e só a partir daí, passam a publicar as informações falsas intencionais como se fossem as reais, espalhando notícias e vídeos de sites falsos, mobilizando e incentivando a todos para fazerem o mesmo. Os contratantes desses serviços investem altos valores para que as notícias falsas sejam produzidas e veiculadas de forma sigilosa e sem deixar rastros para possíveis investigações e permaneça na boca das pessoas formando sua opinião.
Então, se você receber alguma notícia, uma história que parecer duvidosa, desconfie e pesquise. As Fake News costumam ser sensacionalistas e apelam para a emoção do leitor, por meio do sentimento de pertencimento de algum grupo, por ideologia político-partidária, e até pelo desejo de conhecer fragilidades do outro, a fofoca institucionalizada, como direito de saber a privacidade de pessoas públicas e celebridades, não importando o quanto seja prejudicial possa ser aquela informação, e não considerar qual estrago faça na vida das pessoas vítimas das Fakes News. Quem deseja espalhar o boato, basta retirar de contexto um dado ou declaração e usar como título ou no texto de sua postagem, ou mesmo montagens em vídeos e imagens. O usuário da internet é muito visual e uma fotografia manipulada ou fora de contexto pode falar por si só e ser muito bem ser divulgada como verdadeira.
Divulgar Fake News é um ato muito perigoso e criminoso. Compartilhar informações falsas, fotos e vídeos manipulados e publicações duvidosas podem trazer riscos irreparáveis para a saúde pública, incentivar o preconceito e discriminação, além de até resultar em mortes. Posições contrárias a uma ideologia política podem alimentar o discurso de ódio. Denunciar políticos por abusos de poder e outras violações sem comprovações e provas cabais podem acabar com a vida política de um líder politico inocente e gerar mais descrédito à população em relação ao que se propõem as políticas públicas.
Cabe agora à sociedade combater, de forma incisiva, o compartilhamento de notícias que sejam prejudiciais ao bom relacionamento social, a justiça e ao direito de cidadania que cada indivíduo tem em não ser injuriado nem caluniado em vão. É um processo educacional que deve priorizar a retidão moral e ética no país, já que há tantos outros problemas sociais para serem resolvidos.
Combater as Fake News é um trabalho árduo, pois os mecanismos de produção e veiculação dessas falsas informações são muito eficientes e escondem a identidade dos criminosos. Para nós que somos, a priori, meros usuários da internet, é muito importante contribuir para a erradicação do boato maldoso e conseguir identificar se a notícia recebida é falsa ou sensacionalista, nunca compartilhando conteúdos duvidosos que não tem comprovação de fonte confiável oficial.
Existem as agências de jornalismo especializado como ferramenta que devem ser utilizadas para confirmar se a natureza da notícia seja um conteúdo considerado Fake News ou não. A Agência Lupa, a Agência “Aos Fatos” e o site Boatos.org investigam conteúdos que circulam nas redes e informam aos leitores se são verdadeiros ou falsos. Participem! Sejamos honestos, não vamos compactuar com falsidades e mentiras!
Acesse todos os artigos – > Wellington de Mello – Escritor, Redator, Publicitário, Designer Gráfico e Fotógrafo.
**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha do Cultura Alternativa.