Idoso, você tem que ser craque na tecnologia: inclusão digital
Idoso, você tem que ser craque na tecnologia: a inclusão digital entre os idosos cresce rapidamente. De acordo com a PNAD Contínua do IBGE, quase 70% das pessoas com 60 anos ou mais acessaram a internet em 2024 — um salto de quase 25 pontos percentuais em cinco anos, visto que em 2019 eram apenas 44,8%. Esse avanço revela não apenas maior acesso, mas também uma transformação cultural que coloca os mais velhos como protagonistas da era digital. A adaptação, antes vista como improvável, agora é uma realidade que modifica a forma de viver, aprender e se conectar.
Inovação e inclusão digital: um novo protagonismo sênior
Além disso, os idosos demonstram alto engajamento no universo digital: cerca de 87,9% daqueles que acessam a internet o fazem diariamente. O celular é o principal dispositivo de navegação, representando 98,8% do acesso, e se tornou uma ferramenta essencial para comunicação, redes sociais, serviços bancários e até mesmo compras online. Essa frequência de uso mostra que a presença da terceira idade não é tímida, mas sim ativa e integrada aos hábitos contemporâneos.
Consequentemente, a digitalização se tornou indispensável para realizar tarefas do dia a dia. Os idosos utilizam aplicativos de mensagens para conversar com familiares, plataformas de vídeo para se entreter, e até telemedicina para cuidar da saúde sem sair de casa. Essa nova rotina reforça o papel da tecnologia como facilitadora da autonomia e do bem-estar. Ao contrário de ser uma barreira, o universo digital passou a ser uma oportunidade de liberdade e de maior participação social.
Ademais, esse protagonismo abre espaço para a quebra de estigmas. Por muito tempo, associou-se a tecnologia apenas à juventude, mas os dados comprovam que os mais velhos também são capazes de dominar recursos digitais. A inclusão, portanto, não é apenas um benefício individual, mas também uma revolução social que redefine a forma como a sociedade enxerga o envelhecimento.
Desafios e barreiras no caminho digital
Entretanto, apesar do avanço na conectividade, muitos idosos ainda enfrentam obstáculos significativos. O medo de errar, de danificar o aparelho ou de ser vítima de golpes digitais é uma preocupação comum. Além disso, limitações visuais, auditivas ou motoras podem dificultar a experiência com dispositivos que não oferecem acessibilidade adequada. A insegurança, somada à ausência de instrução personalizada, leva muitos a desistirem do aprendizado.
Porém, o desafio não é apenas técnico, mas também cultural. Persistem preconceitos sobre a suposta “impossibilidade” do idoso aprender a lidar com tecnologia. Esse estigma social pode gerar frustração e diminuir a autoconfiança, reduzindo a motivação para explorar o ambiente digital. É necessário, portanto, que familiares, instituições e a sociedade ofereçam suporte encorajador, respeitando o ritmo de cada aprendiz.
Ainda assim, vale ressaltar que cada barreira vencida representa um passo em direção à independência. Quando há paciência, orientação clara e exemplos práticos, os idosos demonstram grande capacidade de adaptação. O processo de aprendizagem pode ser mais lento, mas não menos eficaz, desde que seja acompanhado de acolhimento e incentivo.

Caminhos que transformam: estratégias e benefícios reais
Entretanto, há soluções acessíveis e eficientes para superar as dificuldades. Iniciativas que oferecem instruções passo a passo, materiais de fácil compreensão e repetição prática se mostram altamente eficazes. Cursos presenciais em centros comunitários, tutoriais online e até o auxílio de familiares contribuem para uma aprendizagem mais confiante e autônoma. O segredo está em respeitar o tempo de adaptação e em valorizar cada conquista alcançada.
Do mesmo modo, os recursos de acessibilidade desempenham papel fundamental. Ajustes de fonte, assistentes de voz, aplicativos com interface simplificada e tutoriais em vídeo garantem uma experiência inclusiva. Essas ferramentas tornam possível que mesmo idosos com limitações físicas consigam explorar todo o potencial da tecnologia, fortalecendo sua independência no dia a dia.
Por fim, os benefícios vão muito além da conexão digital. O uso da internet ajuda a manter laços familiares, reduz o isolamento social, estimula a memória e a cognição, além de promover maior bem-estar emocional. Programas de inclusão digital e políticas públicas que ampliam o acesso à conectividade são essenciais para consolidar esse processo. Afinal, quando o idoso domina a tecnologia, ele não apenas acompanha o mundo moderno, mas também assume papel ativo em sua própria história.
Idoso, você tem que ser craque na tecnologia — mais do que um slogan, essa é uma realidade possível. A tecnologia, antes vista como barreira, é hoje ponte para autonomia, cidadania e qualidade de vida. A terceira idade não precisa assistir de longe à revolução digital: ela pode ser protagonista dessa transformação.
Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa