Charles Lloyd e a cantora coreana Youn Sun Nah
A edição de 2024 do Festival de Jazz de Marciac (JIM), que o Cultura Alternativa acompanha in loco na França, teve, na quinta-feira uma noite dedicada ao cool jazz e ao “pop” jazz. Apresentaram-se o saxofonista norte-americano Charles Lloyd e a cantora coreana Youn Sun Nah.
Charles veio pela segunda vez ao festival. Está com 86 anos. É um veterano da cena musical e jazzística dos EUA. Já tocou com BB King, Jack de Johnette, Keith Jarret, Howlin’Wolf… e abrigou em seus diversos grupos jovens iniciantes do nível de Ron Carter, Herbie Hancock e Tony Williams.
Tem imenso cartaz entre o público mais longevo do festival de Marciac, que o trata com extrema reverência. Nesse clima, a apresentação de Charles assemelhou-se ao encontro de um shamam com seus iniciados. A música de Charles é catalogada como uma fusão de post-bop, free jazz e soul jazz…
E, de fato, podemos dizer que se trata de um jazz espiritualizado. Charles andou sumido da cena artística por uma década. Desapareceu ao fim dos loucos anos 60’s e retornou apenas nos descoloridos 80’s.
Nesse ínterim, mergulhou na meditação transcedental e de lá emergiu com uma música de forte inspiração intimista. O sopro de seu sax e de sua flauta sugere calma e contemplação. Seu fraseado melódico é condutor de um êxtase que se apresenta ao ouvinte como poesia sonora.
O público capta, embevecido, talvez encantado, pela oportunidade de acessar, via música, o íntimo de um artista hoje considerado como um sábio entre os poucos sobreviventes do jazz dos 60’s.
Charles Lloyd e a cantora coreana Youn Sun Nah
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Youn Sun Nah
A apreaentação da cantora franco-coreana quebrou a sobriedade da noite, após o concerto de Lloyd.
Youn trouxe ao Chapieteau o repertório de seu último álbum, chamado “Elles”, homenagem a cantoras que a influenciaram.
Comunicativa ao extremo, afetada como o são os orientais uma vez em cena, ela se esforçou para conectar-se em simpatia com o público de Marciac.
É cantora de linda voz, de técnica refinada e de grandes recursos vocais, os quais não economizou ao longo da apresentação de hora e meia (e ainda teve de voltar para dois bis). No repertório cover de Youn entram Edith Piaf, Grace Slick, Roberta Fleck, Sarah Vougham, a portuguesa Maria João e até o roufenho Tom Waits (Youn vai dos agudos sos graves com grande maestria).
O ponto alto da apresentação é “Killing me softly with his song”, canção imortalizada por Roberta Fleck. Para interpretá-la, Sun Nah dispensa a dupla de pianistas e canta acompanhada apenas por um mini-realejo. É uma artista totalmente construída para dar espetáculo. E não hesita!
Carlos Dias Lopes
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