Ah, mergulhar na obra de Mário de Andrade é como abrir uma janela colorida para o modernismo brasileiro.
Mário de Andrade – Vida
Nascido em 1893, sua paixão pelas artes se iniciou na juventude, quando começou a aprender piano. Em carta de 1940 a sua amiga e ex-aluna de piano, Oneyda Alvarenga – era um verdadeiro aficionado pela correspondência escrita –, Mário reflete: “Que mistério, que intuição, que anjo-da-guarda, Oneida, quando aos 16 anos e muito resolvi me dedicar à música, me fez concluir instantaneamente que a música não existe, o que existia era a Arte?”.
Graduou-se professor de Piano e Dicção em 1917 e fez dessa a sua principal fonte de renda. Recebia seus alunos em casa, em uma sala destinada para isso – a sala do piano.
Mário de Andrade
Mário de Andrade, figura central do Modernismo brasileiro, deixou um legado inestimável, não apenas nas artes literárias, mas também na preservação do patrimônio cultural do Brasil. Seus escritos, como “Macunaíma”, “Pauliceia Desvairada”, “Amar, Verbo Intransitivo” e “O Turista Aprendiz”, são reflexos de uma jornada profunda na busca pela essência da cultura brasileira.
Recentemente, suas contribuições foram relembradas e celebradas, evidenciando a contínua relevância de sua obra e pensamento. O lançamento do livro “Correspondência Anotada”, que reúne cartas trocadas entre Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco de Andrade, revela aspectos pitorescos de suas viagens e seu empenho na valorização do patrimônio cultural brasileiro.
Esta obra mostra a dedicação de Mário à construção de um campo de estudo negligenciado no Brasil, marcando sua influência além da literatura, na proteção do patrimônio histórico e cultural do país.
Em 2023, ao celebrar o aniversário de 130 anos de Mário de Andrade, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) organizou uma cerimônia especial. A sede do Iphan em São Paulo, um casarão histórico da primeira década do século 20, foi o palco de leituras de cartas escritas por Mário de Andrade.
Mário de Andrade
Combate Existencial
A interação entre Mário de Andrade e Rodrigo Melo Franco foi fundamental na fundação do Sphan (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), hoje conhecido como Iphan.
Mário desempenhou um papel importante no projeto de criação do Sphan, a convite do então ministro da Educação e Saúde, Gustavo Capanema, em 1937. Sua visão de preservação cultural não se limitava ao material, mas abrangia também o patrimônio imaterial, como manifestações culturais e saberes tradicionais.
Mário de Andrade, através de sua obra e de seu envolvimento direto na formulação de políticas culturais, lutou por reconhecer e valorizar os aspectos únicos da cultura brasileira, desafiando a tendência de importar estéticas estrangeiras. Sua abordagem era revolucionária e libertária, voltada para a criação de um espírito nacionalista e autêntico.
Assim, Mário de Andrade permanece uma figura inspiradora, cujo legado transcende o tempo e continua a influenciar a cultura e a identidade nacional brasileiras.
Agnes Adusumilli.