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O marketing em crise: redes sociais e imediatismo dominam o mercado publicitário

O marketing em crise: redes sociais e imediatismo dominam o mercado publicitário

O mercado de marketing e publicidade está vivendo um momento de crise, marcado pelo imediatismo, superficialidade e dependência das redes sociais. Essa é a visão de Igor Puga, vice-presidente de marketing da Zamp, empresa controladora das redes de fast-food Burger King e Popeyes no Brasil.

Com uma extensa experiência no setor, que vai desde agências renomadas até grandes corporações como Santander e Enjoei, Puga alerta para os rumos da publicidade, onde métricas e resultados rápidos parecem ter substituído o foco na construção de marcas duradouras e relações emocionais com o público.

Neste artigo, exploramos as opiniões de Puga sobre o estado atual do marketing, a crescente dependência das redes sociais e as pressões que moldam o cenário atual da comunicação.

As observações de Puga fornecem uma visão crítica sobre como o setor se transformou e o que o futuro reserva, especialmente com a iminente revolução da inteligência artificial.

Marketing em crise

O mercado publicitário: entre a crise e o imediatismo

Igor Puga acredita que o marketing está atravessando uma crise não apenas financeira, mas também conceitual. “O mercado se perdeu”, afirma. Ele explica que as empresas estão focando excessivamente em métricas de curto prazo, o que impede a construção de uma identidade sólida para as marcas.

Em vez de se preocuparem em criar memórias significativas para os consumidores, as companhias buscam resultados rápidos, muitas vezes esquecendo de um ponto essencial: a experiência emocional.

Para ele, a urgência em gerar resultados imediatos reflete um fenômeno antropológico mais profundo. As redes sociais, enquanto ferramentas poderosas de engajamento, estão sendo supervalorizadas. Puga argumenta que, embora importantes, elas são também extremamente voláteis. “Se algo é tão volátil, não deveria estar no centro das atenções”, enfatiza.

A influência das redes sociais e a superficialidade das métricas

Puga acredita que o imediatismo das redes sociais criou uma dependência das empresas por resultados rápidos. Isso tem levado as companhias a abandonar a construção de legados em prol de metas semanais ou mensais. “As empresas passaram a querer resultados a partir de uma comunicação e marketing de curtíssimo prazo”, explica.

O impacto disso pode ser percebido na falta de identificação e emoção associadas às marcas. Puga questiona a relevância de investir em campanhas que não geram lembranças significativas.

“Qual a relevância de lembrar um negócio que não me deixou boas impressões, que não me emocionou?”, reflete. Segundo ele, o mercado se transformou em um ciclo vicioso de resultados rápidos, sem foco em uma estratégia a longo prazo.

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Inteligência Artificial e o futuro do marketing

Outro ponto de destaque na análise de Puga é o impacto da inteligência artificial (IA) no mercado publicitário. Para ele, a IA trará uma transformação exponencial, muito além do que as empresas estão preparadas para enfrentar.

“Quem acha que está preparado, está se enganando”, afirma. Puga acredita que as maiores agências e publicitários premiados do Brasil ainda subestimam o impacto que a IA terá nas suas operações.

Ele aponta que, em muitos casos, a IA será capaz de realizar tarefas publicitárias de forma mais eficiente e econômica, especialmente em segmentos como anúncios regionais e campanhas repetitivas.

Porém, ressalta que essa mudança ainda não foi completamente absorvida pelo setor, que parece estar aguardando passivamente pela revolução digital.

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A superficialidade da propaganda em um Brasil continental

Com uma vasta experiência no marketing digital, Igor Puga observa que a maioria das grandes empresas publicitárias está concentrada em poucas regiões do país, o que cria uma visão distorcida do impacto das redes sociais e da inteligência artificial no Brasil como um todo.

Ele ressalta que, apesar da mudança estrutural iminente, muitas das conversas sobre o futuro do marketing ainda estão limitadas aos grandes centros urbanos.

“Quando você vai para o mundo real, para o campo, e vê o cheque das praças e lida com o consumidor de verdade, vê o quão trivial, o quão simples é”, diz Puga. Ele acredita que ferramentas como o ChatGPT, por exemplo, já poderiam escrever um título de outdoor em Juazeiro do Norte com a mesma, ou até maior, eficiência que publicitários de renome.

O perigo de subestimar o futuro

Para Puga, o mercado publicitário está fingindo que as mudanças causadas pela inteligência artificial e pela digitalização não os afetarão de maneira significativa.

No entanto, ele alerta que essa visão é ilusória. A transformação já está acontecendo, especialmente nas bases da pirâmide de consumo, e quem não estiver preparado para isso será deixado para trás.

“O que estamos vendo hoje é apenas o começo de uma mudança estrutural gigantesca. A inteligência artificial vai transformar a maneira como fazemos publicidade, e as empresas precisam parar de ignorar esse fato”, conclui.

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Conclusão: um setor em transformação

A crise no marketing e publicidade, conforme descrita por Igor Puga, é multifacetada e vai além da simples transição para o digital.

As empresas estão cada vez mais focadas em resultados imediatos, impulsionadas pela urgência das redes sociais e pelas pressões internas para cumprir metas de curto prazo. Ao mesmo tempo, a inteligência artificial se prepara para redefinir o cenário, oferecendo eficiência e agilidade, mas também exigindo uma adaptação radical.

Puga finaliza sua análise com um alerta: a mudança está acontecendo, quer as empresas estejam preparadas ou não. O futuro do marketing dependerá da capacidade de adaptação, inovação e, principalmente, da disposição em voltar a focar no que realmente importa: construir marcas que criem conexões emocionais e duradouras com seus consumidores.

Anand Rao e Agnes Adusumilli

Editores Chefes – Cultura Alternativa

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