O Cultura Alternativa segue acompanhando as apresentações do festival Jazz In Marciac (JIM), um dos maiores do gênero na Europa.
O festival ocorre desde 1978 na pequena e graciosa cidade do Sudoeste francês. Entre o final de julho e o começo de agosto, a população de Marciac se quintuplica diariamente, recebendo o público do JIM.
Alguns números do festival:
10% do financiamento é provido pelo setor publico;
90% é bancado pela venda de ingressos, pelos bares e restaurantes coletivos;
800 mil euros são providos por mecenato;
900 voluntários cuidam da estrutura
40 empresas contribuem como patrocinadoras;
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Shows de sábado
A penúltima noite do JIM foi uma explosão de sons urbanos, do Caribe e de Paris, em altíssimo volume e com forte apelo à dança.
Com isso, a organização do festival transformou o Chapiteau (palco principal do evento) numa imensa discoteque. Boa parte dos acentos foi removida para deixar a parte frontal ao palco livre à dança.
Eram 21h quando o trio fracês Delgres subiu à cena. Trata-se de uma formação pouco usual para um trio de música eletrificada: guitarra, bateria e tuba. Eles fazem um blues créole com forte acento roqueiro, onde se destaca o groove do baterista Baptiste Brondy.
O guitarrista e cantor Pascal Danae tem total domínio de cena e da temática social anti-imperialista que retrata em suas letras (o nome do grupo é uma alusão ao anti-escravagista antilhano Louis Delgrès).
A tuba não só exerce importante papel como base na massa sonora do grupo como ganha espaço para um sofisticado solo ao final do show.
Com seu blues créole potente e encorpado o Delgres botou fogo no Chapiteau, deixando o público querendo mais para a segunda metade da noite.
E quem se encarregou de manter a platéia “acesa” foi o septeto parisiense Caravan Palace. Formado pela simpatissíssima cantora Zoé Colotis e por seis músicos que se dividem entre sax, trombpne, teclado, guitarra, baixo e sintetizador, o grupo é uma bomba sonora dançante.
Na inebriante fórmula do Caravan entra de jazz manouche a música eletrônica, sob influência de artistas como Django Reinhardt, Daft Punk, Billie Holiday e Lionel Hampton.
Pense numa Madonna que não precisa apelar a ousadias estético-eróticas para entreter o público. É a sensacional cantora Zoé! Pense num grupo de música eletrônica que não precisa se apoiar em blip-blips ou artifícios sintetizados para envolver o público. É o Caravan Palace!
Tudo isso com a proposta de fundo de não deixar sua platéia sem mexer cada parte do corpo durante duas horas de show.
Caravan Palace
O Caravan Palace surpreendeu cinco mil pessoas em Marciac com seu elétro suingue físico (mesmo os músicos dançam todo o tempo). Quando a platéia se deu conta, era tarde. Todos haviam caído na dança sem ressalvas.
O que se viu no Chapiteau na noite de sábado foi uma impagável comunhão humana. Dançavam crianças, jovens, adultos, idosos e muito idosos. Sem barreiras, etarismo ou ismo ou aquilo. O Caravan Palace é um grupo domesticador de platéias, no melhor dos sentidos. Deveria haver muitos!
Por Carlos Dias Lopes