Os machos e o feminicídio.
O feminicídio é um crime quase sempre familiar, é dentro de casas, em lares aparentemente felizes que mulheres têm encontrado a morte, e a morte chega pelas mãos de quem um dia fez juras de felicidade eterna e trocava o nome da companheira por adocicados “mô”, “amor”, “paixão”, “minha vida” e por aí vai.
O sentimento de pose pode até parecer amor e confundir, mas não é. Mulheres são transformadas em propriedades de machos que reagem violentamente quando se sentem ameaçados pela possibilidade da perda de um ser humano que foi transformado em coisa, em objeto de servidão.
O macho é o estágio primitivo do homem, (parafraseando Simone de Beauvoir) o homem é uma construção social, aprende-se a ser homem nas relações sociais na infância, mas muitos machos são estimulados ainda crianças a permanecerem machos. É filho que escraviza os pais, que toca o terror na irmã, que agride colegas de escola, torna-se adolescente agressivo e adulto impiedoso. O macho quando criança é visto pelos pais como um ser único no mundo e a esse ser tudo será permitido. Um engano que custará caro na vida adulta.
O macho é o primitivismo violento que nega sua condição de gente, a brutalidade das relações, o sujeito que só consegue se relacionar pela força, como esses caras que encontramos pelas ruas e sem querer olhamos nos olhos deles e somos fuzilados, o macho tem medo de demostrar fraqueza, por isso quando se sente ameaçado mata, é impiedoso.
Os machos estão em todos os níveis sociais, é o parasita que só ama a si mesmo, gosta de armas, sonha com revólveres, mata por futilidade e sadismo, é o desejo homicida que se impõe sobre a civilidade, a incapacidade da empatia. O macho quando faz sexo com sua companheira só tá preocupado com seu próprio gozo, para ele tanto faz os desejos, anseios ou carências efetivas da mulher com quem divide a cama.
Homens amam, mas nunca são senhores de quem ama, homem choram, reconhecem fraquezas, não se impõe pela força, não têm relações fálicas com armas, sabem que não é não, homens não subjugam suas companheiras e não têm outros homens como inimigos ou ameaças.
Homens não são reféns de seus bens, das suas paixões, porque sabem que tudo passa, que é hoje pode não ser amanhã. Homens aceitam seus cabelos brancos, aceitam que o tempo passou e não trocam suas companheiras de uma vida toda pela tentativa estúpida de reviver a juventude em um corpo de uma mulher jovem, homens não são brutos, homens não falam por suas companheiras, homens sabem, que como cantou Waldick Soriano: Ninguém é de ninguém.
Por Ediney Santana, para o Cultura Alternativa
Artigos de Ediney Santana no Cultura Alternativa
**Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a linha do Cultura Alternativa.