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Rudi Renato Jr. e Sérgio Canarim compartilham escrita em novo livro “A Pororoca”

A força do encontro: Rudi Renato Jr. e Sérgio Canarim compartilham escrita em novo livro “A Pororoca”

Publicação, com uma única poesia longa, combina elementos filosóficos e imagistas, permitindo formas distintas de leitura

O Google Drive é uma ferramenta que possibilita o compartilhamento de arquivos por mais de uma pessoa. E pode servir também para dividir a potência de boas ideias.

Foi por meio desse recurso online que os escritores Rudi Renato Jr. e Sérgio Canarim elaboraram o conteúdo de “A Pororoca”, livro que marca o primeiro encontro da dupla em um mesmo trabalho.

Escrito a quatro mãos, a obra tem lançamento oficial em 21 de outubro, às 17h, no Dude Coffee (Rua Riachuelo, 1257), em Porto Alegre. A publicação, que ganha versão impressa pela editora Bestiário, já está disponível para compra virtual neste link.

O livro consiste em um único poema elaborado durante aproximadamente 30 dias — mais alguns encontros presenciais para possíveis ajustes —, período em que os autores foram criando e lapidando estrofes.

Conforme os escritos de um iam sendo complementados pelo outro, Rudi percebeu que a obra tinha a peculiaridade de permitir duas formas de leitura, dada a disposição dos versos: uma “normal”, seguindo o fluxo comum à leitura (de cima para baixo, da esquerda à direita) e outra em zigue-zague, alternando blocos de palavras em cada página diante dos olhos.

“Ou seja: lê estrofe na página par, vai para a página ímpar e volta para a par, até terminar o texto”, explica Sérgio.

A troca de figurinhas entre os escritores, que deu início à amizade e a parceria literária, começou em um sarau organizado pelo músico e amigo em comum dos dois, Duda Fortuna. Na ocasião, Rudi e Sérgio cambiaram livros.

Tempos depois, Rudi leu o “Filhos do Vácuo” (2015), de Sergio, e inspirou-se a escrever um novo poema. Ao passar o conteúdo para Sérgio, tiveram a ideia de colocar isso em um livro, complementando com outros textos poéticos.

Contudo, o objetivo inicial foi alterado e criou-se um novo material do zero, compartilhando o documento no drive.

O resultado é uma narrativa que tem como tema amplo iluminação espiritual, e que, assim como o arquivo que lhe deu origem, compila referência de seus dois criadores, materializado em uma troca de ideias e percepções de mundo.

Além disso, brinca de destruir e reconstruir identidades poéticas, gerando uma criação diferente dos demais trabalhos literários de seus autores.

“Isso porque o Rudi tem uma enorme capacidade imaginativa, ele cria muitas imagens. Já eu, tenho uma veia mais filosófica. E juntando essas tendências, criamos algo robusto, com as partes filosófica e imagética bem definidas na escrita de cada um.

Além disso, houve uma troca interessante: eu me tornei mais imagista, e o Rudi mais filosófico”, argumenta Sérgio.

Rudi corrobora com o colega e acrescenta que busca criar uma experiência na mente do leitor.

“Seja por meio de imagens que surgem ou de sons que se repetem. Vejo que o Sérgio tem mais essa coisa do significado, de passar uma mensagem de forma poética. Na poesia, eu nunca me preocupo com o que eu estou dizendo. O resultado ficou ótimo”, afirma Rudi.

O prefácio do livro é de autoria do escritor Arthur Teló, que também é professor dos cursos de Letras, Teologia e Escrita Criativa da Escola de Humanidades da PUCRS e, em 2016, ganhou o prêmio Açorianos na categoria narrativa longa. Em seu texto preliminar, ele pontua:

“A Pororoca” é um fenômeno natural produzido pelo encontro das correntes fluviais com as águas oceânicas e não há melhor título para o trabalho de dois poetas inquietos e pensantes.(…) São versos em que a identidade de cada sujeito lírico se perde, criam-se novas máscaras para as personas que poetam, para essas identidades logo desaparecerem e começarem novas apropriações e movimentos. (…) “A Pororoca” nos ensina que a poesia é potente veículo para ideias.

Se falamos em sentido adâmico para a característica humana de nomear e simbolizar o real para criá-lo e compreendê-lo, neste livro Adão é desafiado a ir além do nome e do símbolo. A revirar o real pelo avesso. E é um barato”.

Rudi Renato Jr. e Sérgio Canarim

Sobre Rudi Renato Jr.

Rudi Renato Jr é escritor e poeta. Nascido em Porto Alegre, em 28 de novembro de 1994, é ligado à vertente mais rebelde e transgressiva da poesia. É autor de vários livros de poesia, entre eles o mais recente “Densos Delírios”.

Em outubro de 2023 lança os livros “Poemas para Ler em Silêncio” (Selo Invencionática da editora Bestiário) e “A Pororoca”. É mais conhecido na cena literária por seu poema ‘Ode a Roberto Piva’, disponível no YouTube e já recitado em saraus presenciais de Porto Alegre, bem como via online pelo Brasil.

Rudi Renato Jr. foi, e é constantemente, transformado pela poesia e acredita que, por meio dela, podemos encontrar a libertação espiritual e total — sempre na busca de um mundo melhor para todos.

Sobre Sérgio Canarim

Sérgio Kroeff Canarim nasceu em 1980, em Porto Alegre. É poeta e escritor, graduado em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Concluiu, ainda, uma pós-graduação em Gestão pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), pois também é empresário do ramo imobiliário.

Em 2015, Sérgio publicou seu primeiro livro de poesia: “Filhos do Vácuo”. E em 2017, lançou “O Absoluto e o Pós-Homem”, obra inaugural de sua própria filosofia — que cria novas possibilidades de discurso sobre o ser, além de refletir questões referentes ao futuro da humanidade. 

Em 2019, colocou na rua “Esquizo-iluminado”, mais uma publicação poética, em que mostra um indivíduo em transição do intelecto ocidental para a consciência pura oriental.

Esse trabalho, conforme o autor, tem como inspiração a revolução que a meditação e o tantra fizeram em sua vida. Atualmente, segue dedicando-se à meditação e ao tantra como práticas de cura e expansão da consciência.

Neste ano de 2023, também lançou “A Gota”, livro de poesias em que, usando a metáfora do pingo d’água que cai do céu, faz paralelos com a existência humana.

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