Transformação Digital na América Latina - Cultura Alternativa

Transformação Digital na América Latina: O fim da fricção

Transformação Digital na América Latina: O fim da fricção

Transformação Digital na América Latina é o tema central do 6º Relatório Anual da Atlantico, lançado em 2025, que revela avanços marcantes em inovação, inteligência artificial e capital de risco na região. Intitulado “The End of Friction”, o documento apresenta dados inéditos que posicionam a América Latina como um dos polos mais promissores do ecossistema digital global.

Adoção tecnológica e conectividade surpreendentes

Transformação Digital na América Latina começa por seu povo. Os latino-americanos estão entre os maiores usuários de internet do mundo. Com níveis de acesso similares aos de países desenvolvidos, e superiores aos da China, a região impressiona pelo tempo médio diário de conexão: mais de duas horas a mais do que os usuários dos Estados Unidos.

Além disso, a América Latina tem se destacado como líder na adoção precoce de tecnologias emergentes. Inteligência artificial, moedas digitais estáveis (stablecoins) e aplicativos como WhatsApp são amplamente utilizados em larga escala. O comportamento do consumidor digital local revela um perfil aberto à inovação, disposto a testar e adotar novas soluções rapidamente.

Por exemplo, o Brasil aparece como um dos três principais mercados globais do ChatGPT. A versão mobile do aplicativo da OpenAI já conquistou uma base equivalente a 25% da população brasileira, número comparável ao dos Estados Unidos. Essa presença massiva demonstra não apenas curiosidade, mas integração efetiva de tecnologias avançadas no cotidiano.

Empresas de tecnologia mais eficientes e foco em IA

Notavelmente, a Transformação Digital na América Latina não se limita ao comportamento dos usuários. Empresas da região vêm liderando processos de inovação ao incorporar inteligência artificial em seus modelos de negócio com resultados expressivos.

Para ilustrar, no setor de pagamentos, companhias como a brasileira CloudWalk demonstram performance operacional surpreendente. Enquanto empresas da “segunda geração” ainda adaptam suas estratégias, as chamadas “nativas de IA” já alcançam receita por colaborador duas vezes maior, além de uma eficiência até quatro vezes superior às instituições tradicionais.

Adicionalmente, a infraestrutura digital necessária para sustentar o crescimento da inteligência artificial global encontra na América Latina um ambiente ideal. A abundância de energia limpa e barata, somada à crescente demanda por data centers para treinamento de modelos de IA, posiciona a região como alternativa estratégica para investidores internacionais.

Consequentemente, governos de países latino-americanos têm anunciado incentivos fiscais para atrair esse tipo de investimento. Até 2030, estima-se que a capacidade de data centers precisará crescer 3,5 vezes, e o continente está preparado para colaborar com esse salto.

Ecossistema de startups em expansão constante

Historicamente, os fundos de venture capital da América Latina apresentaram quatro vezes mais chances de integrar o grupo dos 5% de melhor desempenho global na última década. Parte desse sucesso pode ser atribuída ao desenvolvimento de um ecossistema empreendedor maduro, com destaque para as chamadas “máfias tecnológicas”.

Trata-se de grupos formados por ex-funcionários de empresas unicórnios, que usam sua experiência para fundar novas startups. De acordo com o relatório, essas empresas atraem seis vezes mais capital em rodadas iniciais (seed) e três vezes mais recursos em rodadas Série A. O grupo oriundo da Rappi, chamado de “Rappi Mafia”, lidera essa movimentação na região.

Além disso, a Atlantico conduziu uma análise detalhada com 100 CEOs fundadores de startups. Por meio de ferramentas de IA desenvolvidas sob medida, foram analisadas não apenas as respostas desses líderes, mas também seus estilos de comunicação. O estudo identificou cinco arquétipos recorrentes de fundadores na América Latina, revelando padrões que ajudam a compreender melhor os perfis de liderança da região.

México em foco e a vantagem do capital eficiente

Especificamente no caso do México, o relatório aponta que o país pode estar em um momento de virada. As antigas barreiras de crescimento — relacionadas tanto à oferta de recursos financeiros quanto ao comportamento do consumidor — estão sendo superadas. O resultado é um cenário promissor para a consolidação de fintechs mexicanas como protagonistas regionais.

Sob outra perspectiva, a eficiência de capital das empresas latino-americanas supera a de mercados emergentes como Índia e Sudeste Asiático. Ainda que com menor volume de investimentos, a América Latina já produziu mais empresas avaliadas em mais de um bilhão de dólares, mostrando um uso mais inteligente e eficaz dos recursos disponíveis.

Para se ter ideia, a região alcançou esse feito com apenas 1/20 do capital historicamente investido nas regiões asiáticas comparadas. Isso indica não apenas uma cultura de gestão enxuta, mas também uma maturidade crescente na construção de negócios escaláveis e sustentáveis.

Perspectiva bilionária para a próxima década

Transformação Digital na América Latina aponta para um futuro bilionário. O relatório estima que a criação de valor gerada pela inovação tecnológica no continente possa alcançar centenas de bilhões de dólares — ou até trilhões — nos próximos dez anos.

Essas projeções se baseiam tanto no Índice de Penetração Digital da Atlantico quanto na relação entre valor de mercado das empresas de tecnologia e o total do mercado acionário nas diversas regiões. Isso revela que a América Latina ainda tem muito espaço para crescer no cenário global, especialmente em setores ligados à economia digital.

Finalmente, o estudo convida investidores, empreendedores e formuladores de políticas públicas a enxergarem o potencial da região com otimismo e estratégia. A América Latina deixou de ser apenas um mercado consumidor e passou a ser protagonista no desenvolvimento tecnológico global.

Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa