Miles Davis monstro do Jazz

Miles Davis, monstro do Jazz

Miles Davis morreu em 28 de setembro de 1991 após se consagrar como um dos músicos mais influentes do Século XX


A história da carreira de Miles Davis quase se confunde com a própria história do jazz. Foi um dos grandes inovadores, sempre apontando a direção do futuro do estilo.


A história do trompetista Miles Davis quase se confunde com a da própria história do jazz a partir do bebop. Sua inquietude criativa o levou a se reinventar continuamente, absorvendo todas as influências da cena musical.

Desta forma seu desenvolvimento esteve ao lado da criação dos maiores movimentos do jazz, como o bebop, cool jazz, o jazz modal, jazz rock e fusion.

Não foi dos maiores virtuosos do trompete como o seu contemporâneo e ídolo Dizzy Gillespie, mas seu timbre se impôs como um dos sons mais belos do jazz, uma marca registrada inconfundível.

E este timbre fantástico esteve a serviço de seu objetivo final, destacar os elementos essenciais da música onde cada nota tinha importância.

Miles não foi apenas um grande músico. Foi também um grande líder e um grande reconhecedor de talentos.

Era capaz de identificar os jovens músicos mais talentosos para incorporá-los a seu grupo. Muitos dos grandes do jazz começaram tocando com Miles, se beneficiando muito com isso, como foi o caso de John Coltrane, Chick Corea, Herbie Hancock, Joe Zawinul, John McLaughlin, Paul Chambers, Gil Evans, Keith Jarrett, Tony Williams, Cannonball Adderley, Red Garland, Gerry Mulligan e muitos outros.

Miles Davis monstro do Jazz

Família abastada

Ele nasceu Miles Dewey Davis III, nascido em 26 de maio de 1926 em Alton, no estado de Illinois, Estados Unidos. Miles nasceu em uma família de classe média alta, sendo que seu pai, Miles Dewey Davis Jr. era um próspero cirurgião dentista e sua mãe, Cleota Mae Henry era professora de música e violinista. A família possuía uma fazenda de 81 hectares em Pine Bluff, Arkansas com uma grande criação de porcos.

Em 1927 a família se mudou para East St. Louis no estado de Illinois. Eles moravam em um edifício localizado em uma vizinhança predominantemente branca. O pai de Miles tinha pouco contato com os filhos porque na época, com a Grande Depressão, era consumido pelo trabalho.

De 1932 a 1934 Miles frequentou a John Robinson Elementary School, uma escola exclusiva para negros e depois a Crispus Attucks, onde ele teve um bom desempenho em matemática, música e esportes. Em 1935 ele ganhou o seu primeiro trompete, um presente de John Eubanks, amigo de seu pai.

Passou a ter aulas com Elwood Buchanan, aquele a quem se referiu como “a maior influência da minha vida”, um professor e músico que era paciente de seu pai.

Buchanan ensinou a Miles a importância de tocar sem vibrato, algo que ia contra a moda da época e a ter um timbre claro e mais arredondado. Miles disse que sempre que tocava algo com um vibrato forte Buchanan lhe dava um corretivo.

Em 1938, aos 12 anos de idade, Miles já considerava a música como a coisa mais importante de sua vida. No ano seguinte já começou a tocar em bandas. Teve aulas adicionais de trompete com Joseph Gustat, músico da St. Louis Symphony Orchestra, começando a participar de competições de músicos amadores.

Anos depois Miles contou que foi discriminado em uma dessas competições por causa de sua raça, mas que as experiências o tornaram um músico melhor. Em outro episódio, quando um baterista lhe pediu para tocar uma certa passagem e ele não conseguiu resolveu aprender teoria musical. Devorou todos os livros especializados que encontrou.

Miles Davis monstro do Jazz

Primeiros passos na carreira profissional

No início de 1944 Miles se formou no colégio e sua namorada Irene Birth deu à luz sua primeira filha, Cheryl. Em julho daquele ano Billy Eckstine e sua banda visitaram a cidade de St. Louis.

Dentre os músicos estavam o baterista Art Blakey, o trompetista Dizzy Gillespie e o saxofonista Charlie Parker. Como o trompetista Buddy Andersen havia ficado doente Miles foi convidado a se juntar ao grupo.

Com isso ele tocou com a banda por duas semanas no Clube Riviera. Depois desta experiência Miles teve a certeza de que deveria se mudar para Nova York, “onde as coisas aconteciam”.

Assim que chegou em Nova York, em setembro de 1944, Miles começou a estudar no Institute of Musical Arts, que mais tarde mudou de nome para Juilliard School.

Lá ele estudou teoria musical e piano. Mas na maior parte do tempo Miles estava mesmo nos clubes procurando por seu ídolo, Charlie Parker. Assim que o encontrou Miles se tornou um dos frequentadores regulares dos bares Minton’s e Monroe’s no Harlem, locais onde jam sessions aconteciam todas as noites.

Miles Davis monstro do Jazz

Outros músicos da cena local eram Thelonious Monk, J.J. Johnson, Kenny Clarke e Fats Navarro. Miles trouxe sua mulher e filha para morarem em Nova York. Parker veio morar com eles.

Após algum tempo Miles desistiu das aulas em Juillard, criticando seu foco na música clássica europeia e repertório “branco”. Mas elogiou a escola pelo seu ensino de teoria musical e por ter melhorado sua técnica no trompete.

Em 1963 Miles formou um novo quinteto, o seu segundo, com George Coleman (sax tenor), Ron Carter (baixo), Herbie Hancock (piano) e o jovem de 17 anos Tony Williams (bateria).

Com este grupo Miles gravou álbuns importantes como “Seven Steps To Heaven” (1963), “Miles Davis In Europe” (1964), “My Funny Valentine” (1965) e “Four & More” (1966).

O repertório do grupo eram as mesmas canções bebop e standards da música americana das bandas anteriores de Miles, mas tocadas com uma liberdade rítmica e estrutural inéditas e em algumas vezes com velocidade sem igual.

A partir dos álbuns “Miles In The Sky” (1968) e “Filles de Kilimanjaro” (1968) Miles inicia uma nova fase em sua carreira. Esses discos trazem instrumentos elétricos como baixo, piano elétrico e guitarra em algumas faixas, apontando para a direção que sua música tomaria no futuro. A influência do rock começa a se tornar evidente.

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Por: Redação, Diário Causa Operária

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