O Bom Poder na Liderança: As Três Regras de Ginni Rometty

O que é poder?

Ao ouvir a palavra “poder”, muitas pessoas a associam a algo egoísta, autoritário ou motivado pelo medo. 

No entanto, para Ginni Rometty, ex-CEO da IBM, o poder pode ser exercido de forma positiva e inspiradora. 

Em sua visão, o “bom poder” não se impõe unilateralmente, mas motiva pessoas a agirem por vontade própria.

Com anos de experiência no comando de uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, Rometty compartilha três princípios essenciais para uma liderança eficaz: construir crença, ser pessoal e empático e agir com autenticidade e honestidade.

Construir Crença: Inspirar ao Invés de Ordenar

Para Rometty, um dos aspectos mais fundamentais do “bom poder” é a capacidade de construir crença. Isso significa motivar as pessoas a fazerem algo porque querem, e não porque foram obrigadas.

Ela cita uma experiência marcante durante uma visita ao Japão, logo após o desastre de Fukushima. 

Enquanto muitas empresas retiraram seus funcionários do país, Rometty decidiu permanecer e visitar clientes. 

Ao desembarcar, percebeu a cidade vazia e foi questionada por um agente da alfândega se tinha certeza de que queria entrar. 

Sua presença ali não era apenas um ato de coragem, mas uma mensagem poderosa para sua equipe: ela acreditava que estavam seguros e que era importante estar junto deles. 

Anos depois, seus funcionários ainda lembravam dessa atitude.

Esse episódio ilustra um conceito que Maya Angelou expressou bem: as pessoas podem não lembrar exatamente do que você disse, mas sempre se lembrarão de como você as fez sentir. 

Construir crença não envolve apenas palavras, mas principalmente ações e exemplos.

Ginni Rometty

Ser Pessoal e Empático: O Papel da Conexão Humana

Outra lição que Rometty destaca é a importância da empatia. Ela relembra a aquisição da Price Waterhouse Cooper Consulting pela IBM e os desafios que surgiram. 

Na época, outras grandes aquisições semelhantes haviam falhado, pois empresas tendiam a focar nos ativos adquiridos, e não nas pessoas envolvidas.

Ao perceber que estava lidando com indivíduos que precisavam de apoio para se adaptar às mudanças, ela adotou uma abordagem mais humana. 

Rometty compartilhou com sua equipe que também sentia os riscos da transição e compreendia suas inseguranças. 

Ela sabia que mudar os títulos, os salários e a cultura organizacional de um grupo não era apenas um processo burocrático, mas um impacto real na vida de cada um.

Ao se conectar pessoalmente, os líderes aumentam o comprometimento e fortalecem o vínculo entre a equipe e a organização. 

Esse envolvimento gera um ambiente de confiança e colaboração.

Ser Autêntico e Honesto: O Equilíbrio Entre Realidade e Esperança

O terceiro princípio abordado por Rometty é a necessidade de ser honesto e autêntico ao comunicar desafios. Ela cita um ensinamento de Napoleão Bonaparte: “O papel de um líder é pintar a realidade e, então, dar esperança.”

Nenhum caminho para o sucesso é linear, e as dificuldades fazem parte da jornada. 

Um líder eficaz precisa apresentar os fatos com clareza, sem mascarar dificuldades, ao mesmo tempo em que demonstra confiança na capacidade de superá-las. Essa abordagem evita promessas vazias e constrói credibilidade.

Para Rometty, liderar não se resume a motivar com frases de efeito, mas sim a oferecer direção e perspectiva realistas. Isso faz com que as pessoas se sintam parte de um propósito e se engajem voluntariamente na busca por soluções.

Ginni Rometty

O Poder Começa Dentro de Cada Um

Ao longo de sua trajetória, Ginni Rometty aprendeu que o poder não se trata apenas do que você pode mudar externamente, mas também do impacto que pode gerar em si mesmo e nos outros. 

Com o tempo, o líder percebe que sua influência vai além de suas próprias ações e passa a transformar o ambiente ao seu redor.

O verdadeiro papel de um líder é inspirar e desenvolver pessoas, permitindo que cresçam e alcancem seu potencial máximo. Para isso, é necessário compreender que liderança não é sobre dar ordens, mas sobre construir um ambiente em que todos se sintam motivados a contribuir.

Em um mundo onde o poder é frequentemente visto como algo hierárquico e coercitivo, a visão de Ginni Rometty propõe uma abordagem diferente: uma liderança baseada na confiança, na empatia e na integridade. Um “bom poder” capaz de transformar indivíduos e organizações.

Por Anand Rao e Agnes Adusumilli

Editores Chefes

Cultura Alternativa