Como Controlar o Impulso de aconselhar - SIte Cultura Alternativa

Como Controlar o Impulso de aconselhar e melhorar as interações

Como Controlar o Impulso de Aconselhar e Melhorar as Interações

Oferecer orientações pode parecer uma iniciativa espontânea e bem-intencionada, contudo, pode comprometer um diálogo produtivo.

Na palestra “Como Domar o Monstro do Conselho”, o especialista Michael Bungay Stanier destaca como essa tendência pode ser prejudicial e apresenta alternativas para tornar as trocas interpessoais mais eficazes.

Os Riscos de Aconselhar sem Contexto

Frequentemente, ao escutarmos um relato, sentimos a necessidade de sugerir soluções imediatas. No entanto, essa prática pode ser contraproducente.

Quando intervimos sem compreender completamente o contexto, corremos o risco de apresentar respostas genéricas ou inadequadas.

Michael Bungay Stanier explica que o problema real raramente é o primeiro a ser mencionado. Ao sugerirmos caminhos precipitadamente, focamos em questões superficiais, sem chegar à essência do desafio. Isso pode frustrar quem busca apoio e limitar sua capacidade de aprofundamento na própria questão.

Além disso, o hábito de oferecer saídas prontas pode enfraquecer a confiança do interlocutor. Quando alguém recebe respostas sem que tenha a chance de explorar suas próprias reflexões, pode desenvolver uma sensação de incapacidade para resolver suas dificuldades.

Como Controlar o Impulso de aconselhar

Os Três Perfis do “Monstro do Conselho”

Stanier identifica três padrões que influenciam nossa comunicação e nos levam a intervir excessivamente. Reconhecê-los é fundamental para superá-los e aprimorar nossos diálogos.

O primeiro é o “Diga”, que induz a crença de que nosso valor está em fornecer todas as respostas. Esse impulso nos faz pensar que, sem soluções prontas, falhamos. Isso pode nos levar a falar impulsivamente e a apresentar ideias infundadas.

O segundo é o “Salve”, que cria o sentimento de responsabilidade por evitar que os outros enfrentem desafios. Esse comportamento impede que a pessoa passe por experiências necessárias ao seu crescimento e desenvolvimento.

Por último, há o “Controle”, que sugere que devemos supervisionar todas as situações. Esse instinto nos faz acreditar que, se não tomarmos as rédeas, tudo pode dar errado. Contudo, o controle excessivo sufoca a criatividade e a autonomia alheias.

O Site Cultura Alternativa, já escreveu sobre:

📍 A importância que as relações pessoais tem no nosso cotidiano

As Consequências Negativas do Aconselhamento Excessivo

O hábito de sugerir soluções a todo instante pode desgastar relações e criar barreiras na comunicação. Em vez de apoiar, podemos desencorajar a reflexão e a tomada de decisão independente.

Quando oferecemos respostas diretas, limitamos a oportunidade do outro de explorar possibilidades variadas. Isso reduz sua capacidade analítica e de encontrar soluções que realmente se adaptem ao seu contexto. Além disso, nem sempre o conselho fornecido é aplicável à realidade do interlocutor.

Outro efeito adverso é o desgaste emocional. Quando assumimos a responsabilidade de solucionar tudo, acabamos sobrecarregados. Esse peso pode gerar frustração, cansaço e até ressentimento, prejudicando futuras interações.

Como Controlar o Impulso de aconselhar

Trocando Conselhos pela Investigação Curiosa

Para controlar o impulso de aconselhar, Stanier sugere substituir essa tendência pelo hábito da curiosidade genuína. Isso significa adotar uma postura mais investigativa, ouvindo ativamente antes de sugerir qualquer recomendação.

Uma maneira eficaz de aplicar essa abordagem é perguntar a si mesmo se a pessoa realmente precisa de uma sugestão ou apenas de um espaço para expressar seus pensamentos. Muitas vezes, um ambiente acolhedor já possibilita que ela mesma encontre as respostas que procura.

Além disso, estimular a reflexão aprofunda as trocas. Em vez de apressar uma solução, podemos explorar melhor os sentimentos e desafios do outro, promovendo diálogos mais enriquecedores e eficazes.

Três Perguntas para Elevar o Nível das Conversas

Stanier propõe três questionamentos estratégicos que ajudam a aprofundar o diálogo e a evitar intervenções impulsivas.

A primeira é: Qual é o verdadeiro desafio aqui para você? Essa questão incentiva a pessoa a refletir sobre o cerne do problema, indo além da superfície.

A segunda é: O que mais? Esse questionamento mantém a atenção ativa e permite que o interlocutor explore novos ângulos da questão. Muitas vezes, a resposta inicial não é a mais relevante.

A terceira pergunta é: O que você deseja alcançar? Esse direcionamento promove clareza sobre as reais intenções e necessidades do outro. Em vez de impor sugestões externas, essa abordagem auxilia a pessoa a buscar seu próprio caminho.

Como Controlar o Impulso de aconselhar

Criando Ambientes de Apoio em Vez de Dependência

Ao trocar respostas automáticas por escuta ativa e perguntas reflexivas, fortalecemos a autonomia e a confiança de quem está ao nosso lado.

Esse processo permite que as pessoas desenvolvam soluções por conta própria, tornando-se mais independentes e assertivas.

Essa mudança de abordagem também reduz a pressão sobre nós mesmos. Quando entendemos que não precisamos ter todas as respostas, nos libertamos da exaustão de tentar resolver tudo.

O papel de um bom interlocutor não é solucionar problemas alheios, mas sim incentivar descobertas individuais.

Dominar o impulso de aconselhar não significa eliminar completamente as sugestões, mas sim equilibrar escuta, questionamento e orientação de maneira mais consciente. O resultado?

Conversas mais significativas, conexões fortalecidas e decisões mais alinhadas com as reais necessidades de cada indivíduo.

Anand Rao e Agnes Adusumilli

Editores Chefes

Cultura Alternativa