Requalificação profissional após os 40
Requalificação profissional após os 40 é uma tendência crescente no Brasil. Cada vez mais pessoas buscam uma mudança de carreira nessa fase da vida. Dados da PNAD Contínua (IBGE) mostram que a participação de brasileiros com mais de 40 anos em cursos de capacitação saltou de 6% em 2015 para 15% em 2023.
Essa evolução é impulsionada por profundas transformações no mercado. O avanço da tecnologia, a automação de processos e o surgimento de novas funções exigem que profissionais experientes atualizem suas habilidades. Além disso, a pandemia da Covid-19 trouxe um novo olhar sobre propósito, bem-estar e satisfação no trabalho.
Portanto, recomeçar aos 40 não é mais visto como um risco. Pelo contrário, tornou-se uma estratégia inteligente para manter-se relevante em um cenário dinâmico e em constante mudança.
Requalificar-se não é exceção: é tendência global
Pesquisas comprovam essa mudança de mentalidade. Um estudo da consultoria Indeed revelou que 58% dos profissionais entre 40 e 55 anos que passaram por uma mudança de profissão relataram aumento da satisfação no trabalho. No Brasil, o LinkedIn (2022) identificou um aumento expressivo de movimentações em áreas como tecnologia, educação digital e consultoria.
Além disso, o mercado valoriza cada vez mais competências que se desenvolvem com a experiência, como inteligência emocional, visão estratégica e capacidade de liderança. Equipes com diversidade etária tendem a ser mais criativas e resilientes, segundo diversos estudos.
Dessa forma, a transição profissional não é encarada como um obstáculo, mas como uma oportunidade de crescimento e reinvenção pessoal.

Setores promissores para quem deseja recomeçar
Diversos setores estão abertos a profissionais em processo de requalificação no mercado de trabalho. Segundo o SENAI, áreas como tecnologia da informação, marketing digital, gastronomia, estética, terapias integrativas e ensino técnico têm absorvido muitos desses talentos.
O ensino online tem facilitado esse movimento. Plataformas como Sebrae, Alura, FGV Online e Coursera oferecem cursos práticos e flexíveis, permitindo que os profissionais estudem sem comprometer suas fontes de renda.
Além disso, segmentos relacionados ao cuidado humano — como saúde integrativa, mentoria e mediação — valorizam experiências de vida e competências interpessoais, criando novas oportunidades para quem deseja iniciar uma nova profissão depois dos 40.
Barreiras que ainda dificultam a transição
Apesar do cenário favorável, mudar de carreira após os 40 ainda apresenta desafios. O etarismo, ou preconceito relacionado à idade, continua presente em muitos processos seletivos. Segundo a OMS, o idadismo impacta negativamente a autoestima e a empregabilidade.
Outro fator importante é a questão financeira. Profissionais nessa faixa etária costumam ter responsabilidades familiares e compromissos financeiros, o que exige um planejamento cuidadoso antes da transição.
Além disso, questões emocionais como medo de recomeçar, insegurança em relação a novas tecnologias e receio de não ser aceito em um novo ambiente de trabalho podem dificultar o processo. Redes de apoio e mentorias são fundamentais para ajudar a superar essas barreiras.
Longevidade ativa exige atualização constante
A expectativa de vida no Brasil aumentou significativamente, chegando a 76 anos em 2023, segundo o IBGE. Isso significa que muitas pessoas ainda terão décadas de vida produtiva pela frente, tornando a requalificação profissional uma necessidade, não uma opção.
O Fórum Econômico Mundial prevê que até 2027, metade da força de trabalho global precisará ser requalificada. Profissionais com mais de 40 anos têm papel fundamental nesse processo, trazendo maturidade e experiência que complementam as competências digitais.
Assim, recomeçar aos 40 ou mais não é uma aposta. É uma estratégia consciente e alinhada com as demandas de um mercado em constante transformação.
Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa