Longevidade e Diversidade - Cultura Alternativa

Longevidade e Diversidade: inclusão 60+ gera vantagem global

Panorama demográfico incontornável

Longevidade e Diversidade surgem como eixos estratégicos no relatório FDC Longevidade 2025. O relatório mostra a expectativa de vida subindo de 50 anos em 1950 para 75 anos em 2023. Invertemos assim, a pirâmide etária e tensionando previdência, saúde e trabalho.
Além disso, projeções do IBGE indicam que 38 % dos brasileiros terão 60 + em 2070, criando nova relação de dependência. Menos contribuintes ativos sustentando mais aposentados, situação que exige redesenhar políticas públicas e modelos de negócios voltados a esse contingente crescente.
O estudo ressalta que envelhecer com qualidade é meta viável. Ao equiparar longevidade às megatendências da transição digital e da crise climática, convoca Estado, empresas e sociedade civil a agir já. Vamos aproveitar assim o potencial trilionário da chamada economia prateada.

Idade, o marcador invisível da inclusão

Entretanto, apenas 9 % das companhias nacionais dispõem de metas formais para diversidade geracional. Ao revelar etarismo estrutural que afasta profissionais maduros de contratações, promoções e conselhos, apesar da experiência que carregam.
Dessa forma, softwares de RH que filtram currículos por data de formatura ampliam o preconceito. Classificam maturidade como “falta de atualização” e reforçam o etarismo high-tech descrito no relatório, barreira adicional para mulheres negras e trabalhadores de baixa renda.
Superar esse invisível exige inserir o pilar etário nos relatórios ESG, mensurar contratação e retenção 50 + e fomentar convivência intergeracional, porque apenas dados públicos e metas claras transformam boas intenções em inclusão efetiva.

Investimento social privado em dívida

Contudo, o Censo GIFE 22-23 registra retração no uso de incentivos: empresas ainda privilegiam Lei Rouanet (62 %) e Esporte (54 %), enquanto o Fundo do Idoso é acionado por só 26 % dos investidores, movimentando R$ 396 milhões em 2023.
Ademais, a comparação mostra desproporção: companhias podem destinar 4 % do IRPJ à cultura, mas somente 1 % ao idoso; mesmo assim, se parte dos R$ 3 bilhões anuais da Rouanet migrasse para os fundos, projetos de cuidado, capacitação e moradia para 60 + triplicariam o alcance.
Faltam vitrine de bons projetos e capacitação dos conselhos municipais do idoso; muitos nem estão regularizados na Receita Federal. Ampliar governança e divulgação é passo crucial para que o mecanismo cumpra o papel de financiar envelhecimento digno e ativo.

Boas práticas que inspiram ação

Porém, o relatório destaca iniciativas que provam ser possível inovar com diversidade etária: o programa BASIS, sustentado pelo Fundo do Idoso de Belo Horizonte, capacitou 806 líderes sociais (14 % com 60 +) em gestão, captação e métricas de impacto.
Logo, projetos como Labores (FA.VELA) profissionalizam artesãos seniores nas periferias de Belo Horizonte, enquanto a rede Village to Village permite que idosos norte-americanos permaneçam em casa com apoio comunitário; ambos demonstram que autonomia madura gera valor econômico e fortalece laços sociais.
Esses exemplos combinam longevidade a raça, gênero, território e classe social, mostrando que interseccionalidade, quando financiada, transforma narrativas de vulnerabilidade em oportunidades concretas de renda, saúde mental e participação cidadã.

Cinco passos para empresas protagonistas

Consequentemente, companhias que desejam liderar esse movimento devem, primeiro, diagnosticar sua pirâmide etária. Mapearão assim promoções, rotatividade e clima interno por faixa de idade, com KPIs semelhantes aos usados para gênero e raça.
Todavia, somente medir não basta: é preciso atrelar bônus executivos a metas geracionais, criar programas de reskilling digital para 50 +, implementar mentorias reversas e comunicar a diversidade longeva em campanhas internas e externas sem estereótipos de fragilidade.
Além disso, destinar 1 % do IRPJ a fundos do idoso de municípios com baixa arrecadação amplia impacto social e reputacional, unindo compliance fiscal, fortalecimento de marca e engajamento de colaboradores em causas alinhadas à economia prateada.

Longevidade como motor de inovação social

Portanto, incorporar 60 + aos debates de diversidade deixa de ser escolha moral para tornar-se imperativo competitivo. Equipes intergeracionais são 20 % mais inovadoras e até 25 % mais produtivas, segundo dados reunidos pela FDC e pela McKinsey.
Assim, quando governos simplificam fundos, empresas financiam projetos maduros. A sociedade civil desenvolve tecnologias voltadas à autonomia e ao cuidado, surge um ecossistema virtuoso onde todos ganham: pessoas, negócios e finanças públicas.
A revolução da longevidade está em curso. Decidir ser passageiro ou condutor dessa jornada definirá o sucesso de organizações e nações. Vamos prosperar em um século cada vez mais plural, maduro e, sobretudo, diverso.


Anand Rao e Agnes Adusumilli
Editores Chefes
Cultura Alternativa