Funcionários viram microinfluenciadores e fortalecem marcas
Funcionários viram microinfluenciadores e fortalecem marcas nas redes sociais, mostrando que a comunicação corporativa pode ser mais autêntica e próxima do público. Em vez de depender apenas de influenciadores digitais tradicionais, empresas brasileiras estão apostando na criatividade e no carisma de seus próprios colaboradores para gerar engajamento e transmitir confiança.
Contar com vozes internas dá novo fôlego às estratégias digitais, especialmente porque o público valoriza autenticidade. De acordo com pesquisa da CoCreators em 21 países, 67% dos brasileiros afirmam preferir conteúdos feitos por funcionários em vez de campanhas convencionais. Esse fenômeno, conhecido globalmente como Employee Generated Content (EGC), já é realidade em setores variados, do varejo à tecnologia, passando por cosméticos e alimentação.
Além disso, o impacto se traduz em números. Um levantamento do LinkedIn em 2023 apontou que marcas que incentivaram funcionários a postar tiveram crescimento de 23% no uso de conteúdos internos. Em alguns casos, os resultados são ainda mais expressivos: um perfil corporativo no Instagram saltou de 12 mil para 70 mil seguidores apenas com postagens espontâneas de colaboradores, aumentando a taxa de engajamento de 2,1% para 3%.
Bastidores que geram proximidade
Nesse cenário, exemplos práticos ajudam a entender a força do movimento. O vendedor Lucas Zanin, de 21 anos, que atua em uma franquia da Chilli Beans em São Miguel do Oeste (SC), começou a postar sobre o dia a dia por acaso e descobriu que o conteúdo aproximava clientes da loja. Sua autenticidade transformou simples publicações em estratégia de engajamento valiosa.
Do mesmo modo, empresas estruturadas também exploram a tendência. Na Americanas, Rayanne Alvez, de 31 anos, que trabalha em vendas e logística, passou a mostrar bastidores no ambiente digital, enquanto Janaína Souza, inicialmente contratada como assistente, migrou para o marketing na CVC após conquistar espaço com sua naturalidade nas redes.
Por consequência, as companhias passaram a investir em treinamentos digitais, mentorias e até campanhas institucionais para reconhecer seus embaixadores internos. Essas iniciativas reforçam o carisma natural dos colaboradores e transformam narrativas pessoais em ativos de marca que impactam diretamente consumidores.
Estratégia que amplia engajamento
Outro caso notável vem da Farmasi, empresa de cosméticos. Sua diretora de marketing, Paloma Paiva, de 45 anos, é conhecida nas redes como Palu da Farmasi. Além de divulgar produtos, ela apoia e acompanha outros funcionários que também se tornaram microinfluenciadores. A estratégia fortalece a relação com os clientes, oferecendo conteúdo personalizado e humanizado.
Na Vilan (ex-BR Distribuidora), o mesmo movimento trouxe ganhos expressivos. Setores da empresa passaram a produzir conteúdos para redes sociais, resultando em aumento de 40% no engajamento. A explicação está na proximidade: consumidores sentem-se mais conectados quando quem fala pela marca é quem realmente faz parte dela.
Assim, cresce a percepção de que o bastidor interessa mais do que o anúncio tradicional. Para Él Heiss, CEO da CoCreators, “o valor está na autenticidade do dia a dia”. Ele reforça que os funcionários são os verdadeiros porta-vozes das empresas, transmitindo credibilidade de forma espontânea.
Limites e cuidados necessários
Contudo, especialistas alertam para a importância de definir limites claros. As empresas precisam orientar os colaboradores sobre privacidade, sigilo e alinhamento institucional. Esse cuidado garante que a produção de conteúdo se mantenha positiva para a marca e segura para o funcionário.
Apesar disso, estimular talentos internos continua sendo uma das formas mais eficazes de comunicação digital atualmente. A tendência mostra que empresas que confiam em seus colaboradores colhem resultados sólidos em engajamento, ampliam a proximidade com o público e constroem narrativas que unem profissionalismo e humanidade.
Anand Rao
Editor Chefe
Cultura Alternativa