Além do Óbvio

Além do óbvio. Texto filosófico e psicológico sobre o tema.

O que é o óbvio

Sendo aquilo que está claro e evidente para todos, algo que não necessita de esforço intelectual para ser compreendido. Aristóteles, em sua obra “Metafísica”, menciona que é aquilo que se apresenta de maneira natural, como um dado inquestionável da realidade.

Porém, é importante lembrar que o óbvio pode ser relativo, já que o que é evidente para uma pessoa pode não ser para outra, dependendo de seu conhecimento, experiência e perspectiva.

No campo da psicologia, é muitas vezes associado ao senso comum e àquilo que é esperado e aceito sem questionamentos.

De acordo com o psicólogo social Solomon Asch, o ser humano tende a se conformar às normas e expectativas do grupo para ser aceito e evitar conflitos.

Assim, se torna um mecanismo de adaptação e convivência em sociedade.

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Além do Óbvio

Desconstruindo o óbvio

Desconstruir é desafiar as percepções e os pressupostos que são tidos como certos e indiscutíveis.

O filósofo Sócrates, em sua busca pela verdade, defendia a prática da maiêutica, um método que consiste em fazer perguntas para levar o interlocutor a questionar suas próprias crenças e, assim, encontrar respostas mais fundamentadas e coerentes.

A desconstrução do óbvio também pode ser observada na perspectiva da psicanálise. Sigmund Freud propôs a ideia de que o inconsciente influencia nossos pensamentos, sentimentos e ações, revelando que há muito mais além do que aparenta ser óbvio.

Ao explorar o inconsciente, somos capazes de compreender melhor nossas motivações e conflitos internos, desvendando camadas ocultas da realidade.

Além do Óbvio

Ser Óbvio

Ser óbvio significa agir e pensar de acordo com as expectativas e padrões estabelecidos pela sociedade, reafirmando as normas vigentes.

A filósofa Simone de Beauvoir, em “O Segundo Sexo”, argumenta que ser óbvio pode ser uma forma de opressão, especialmente quando se trata das questões de gênero.

As pessoas são moldadas de acordo com papéis pré-determinados e, consequentemente, acabam por reproduzir comportamentos e crenças impostas.

No campo da psicologia, ser óbvio pode estar relacionado ao conceito de conformismo. Solomon Asch, em suas pesquisas sobre conformidade social, demonstrou que indivíduos tendem a se submeter à opinião da maioria, mesmo quando esta é claramente equivocada.

Nesse sentido, pode significar a renúncia à autonomia e ao pensamento crítico em prol da aceitação e da harmonia social.

Não ser óbvio

Não ser óbvio é desafiar as convenções e buscar caminhos alternativos e inovadores. O filósofo Friedrich Nietzsche, em “Assim Falou Zaratustra”, propõe a ideia do “Super-homem”,

um ser que transcende os valores e crenças estabelecidos, buscando criar novas formas de pensar e viver. Ao questionar o óbvio, é possível romper com padrões e abrir espaço para a originalidade e a criatividade.

A psicologia também oferece insights sobre a importância de não ser óbvio. Carl Rogers, um dos principais representantes da psicologia humanista, defendia a ideia de que cada indivíduo possui um potencial único para o crescimento e a autorrealização.

Para Rogers, não ser óbvio é se permitir explorar e desenvolver as próprias habilidades e interesses, respeitando a singularidade de cada ser humano.

Técnicas para vencer o óbvio

Vencer o óbvio envolve desenvolver habilidades de pensamento crítico e questionamento. A dialética, um método filosófico proposto por Hegel, consiste em confrontar ideias opostas para alcançar uma síntese mais abrangente e profunda. Através da dialética, é possível explorar diferentes perspectivas e desafiar o óbvio.

Na psicologia, uma técnica para vencer o óbvio é a resolução criativa de problemas, proposta por Alex Osborn e Sidney Parnes. Esse método consiste em identificar problemas e gerar soluções inovadoras através de brainstorming, pensamento lateral e outras técnicas que estimulam a criatividade e a flexibilidade cognitiva.

Se eternizar no óbvio

Se eternizar no óbvio significa permanecer preso às ideias e convenções estabelecidas, sem buscar o autoconhecimento e o desenvolvimento pessoal. Immanuel Kant, em “Crítica da Razão Pura”, alerta sobre os perigos da dogmatismo, que consiste na aceitação cega de princípios e verdades sem questioná-los.

Na perspectiva da psicologia, a acomodação cognitiva, um conceito desenvolvido por Jean Piaget, refere-se à tendência de assimilar informações e experiências de acordo com as estruturas mentais já existentes.

A eternização pode ser vista como uma forma de acomodação excessiva, que impede a pessoa de adaptar-se a novas situações e aprender com elas.

Conclusão

Ir além do óbvio é um desafio que nos coloca em contato com as profundezas do pensamento e da experiência humana. Ao questionar e desconstruir o óbvio, somos capazes de explorar novas possibilidades e desenvolver nosso potencial criativo e crítico.

A filosofia e a psicologia nos oferecem ferramentas e insights valiosos para enfrentar esse desafio e, assim, transcender as limitações impostas pelo óbvio, rumo ao autoconhecimento e à autorrealização.

Anand Rao

Editor Chefe

Cultura Alternativa

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