Caminhos para um Envelhecimento Saudável: Reflexões e Desafios para a Sociedade Brasileira
O Brasil está envelhecendo rapidamente. Dados recentes do IBGE revelam um crescimento significativo na população idosa do país: entre 2010 e 2022, houve um aumento de 57,47% no número de pessoas com mais de 60 anos.
Este cenário coloca a sociedade diante de novos desafios: como garantir que o envelhecimento aconteça de forma saudável e digna?
Esta foi a pergunta central debatida durante a mais recente edição do Diálogos RJ, evento realizado no Rio de Janeiro, que reuniu especialistas de diversas áreas para discutir o futuro do envelhecimento no Brasil.
Envelhecimento Saudável
Envelhecer com Qualidade: Desafios e Cuidados
Na abertura do evento, Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade (ILC Brasil), trouxe à tona a importância de se aprender a envelhecer. “Eu não quero nem mais nem menos para os mais velhos.
Eu quero que todos aprendam que só se envelhece aprendendo a envelhecer mesmo”, afirmou. Sua fala destacou a necessidade de a sociedade entender o processo de envelhecimento como algo natural e fundamental para todos, e não apenas para aqueles que já atingiram a terceira idade.
A secretária de Estado da Saúde do Rio de Janeiro, Claudia Mello, reforçou esse ponto ao mencionar que o envelhecimento saudável exige cuidados contínuos e uma atenção especial da sociedade. “Envelhecer é uma tarefa difícil, que exige cuidados e um olhar atento da sociedade”, disse Mello.
Ela ainda frisou a importância de políticas públicas que promovam a prevenção e a saúde na terceira idade, evitando que o processo de envelhecimento seja acompanhado por doenças evitáveis ou por negligência social.
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O Papel da Geriatria e a Necessidade de Integração Intergeracional
Um dos pontos mais discutidos durante o evento foi a escassez de geriatras no Brasil. Segundo os especialistas, a geriatria é uma especialidade pouco valorizada no país, tanto em termos de remuneração quanto de reconhecimento social. Isso reflete uma visão limitada sobre a importância do cuidado com os mais velhos.
Kalache destacou que, em dez anos, a demanda por especialistas em geriatria irá crescer exponencialmente, devido ao aumento da população idosa, mas não haverá profissionais suficientes para atender essa demanda.
Contudo, ele argumentou que o problema não se resolve apenas com mais geriatras. O foco, segundo Kalache, deve ser a educação de todos os profissionais de saúde para que eles saibam lidar com as especificidades do envelhecimento. “Eu não quero necessariamente mais geriatras. Eu quero que todos os profissionais de saúde aprendam sobre envelhecimento”, pontuou.
Além disso, Sandra Rabello, economista e especialista em políticas públicas para idosos, trouxe para a discussão a importância da integração entre diferentes gerações. Ela ressaltou que o diálogo intergeracional é essencial para criar uma sociedade mais harmoniosa e justa.
“Teremos que transformar essas gerações para que elas dialoguem entre si, de uma maneira harmônica”, disse Rabello. Sem essa transformação, o envelhecimento saudável pode se tornar um desafio ainda maior.
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Economia Prateada: Oportunidades e Desafios
Outro ponto relevante debatido durante o evento foi o impacto do envelhecimento no mercado de trabalho e na economia. O conceito de “economia prateada” — que se refere ao poder de consumo e à participação dos idosos na economia — foi amplamente discutido pelos especialistas.
O Rio de Janeiro, por exemplo, já enfrenta esse desafio de forma mais intensa, sendo o segundo estado com maior número de idosos no Brasil. Lícia, uma das participantes do debate, destacou que mais de 57% das pessoas com mais de 60 anos continuam ativas no mercado de trabalho.
Contudo, muitos enfrentam dificuldades para se manter conectados à economia produtiva, seja por preconceito, por falta de oportunidades ou pela falta de políticas públicas voltadas para essa parcela da população.
A economia prateada é vista como uma oportunidade para repensar o envelhecimento. Ela sugere que, ao invés de ver os idosos como um fardo para a sociedade, deveríamos reconhecê-los como participantes ativos da economia, com poder de compra e contribuição significativa para o crescimento econômico. Essa visão, segundo os especialistas, pode transformar o modo como o envelhecimento é encarado no Brasil.
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Políticas Públicas e o Futuro do Envelhecimento no Brasil
O aumento da expectativa de vida no Brasil é um fenômeno que exige, cada vez mais, um planejamento cuidadoso e políticas públicas eficazes. Os especialistas presentes no *Diálogos RJ* concordaram que não basta investir apenas na saúde da terceira idade.
É necessário criar políticas que garantam o acesso dos idosos a serviços básicos, como transporte, moradia, cultura e lazer. Além disso, há uma demanda crescente por políticas voltadas para o combate ao preconceito contra os idosos, um problema que ainda persiste em diversas esferas da sociedade.
“Sem políticas públicas eficazes, o envelhecimento da população será um dos maiores desafios para o Brasil nas próximas décadas”, alertou Sandra Rabello. Para ela, o país precisa avançar na formulação de estratégias que ajudem os mais velhos a permanecerem ativos e engajados, sem perder de vista a dignidade e o respeito.
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Família e Sociedade: Papel Fundamental no Envelhecimento Saudável
Outro ponto importante levantado durante o debate foi o papel das famílias e das instituições de longa permanência no cuidado com os idosos. Elisa Mota, coordenadora do Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública, destacou que a família ainda é o principal pilar de apoio para a maioria dos idosos no Brasil.
No entanto, as mudanças nas dinâmicas familiares — como o aumento do número de pessoas que vivem sozinhas ou a maior inserção das mulheres no mercado de trabalho — têm reduzido a capacidade das famílias de oferecerem suporte adequado.
Esse cenário exige que a sociedade como um todo se mobilize para garantir um envelhecimento saudável para todos. Instituições de longa permanência, por exemplo, precisam ser mais bem estruturadas e capacitadas para oferecer um atendimento humanizado e de qualidade, sem que os idosos se sintam abandonados ou marginalizados.
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Conclusão: Um Envelhecimento Digno para Todos
O evento *Diálogos RJ* trouxe à tona uma série de reflexões e desafios sobre o envelhecimento no Brasil. Para garantir que o envelhecimento aconteça de forma saudável, é fundamental que a sociedade como um todo — desde o governo até as famílias — se engaje na criação de um ambiente mais acolhedor e inclusivo para os idosos.
O futuro do envelhecimento no país depende de investimentos em saúde, educação, políticas públicas e, acima de tudo, de uma mudança de mentalidade sobre o papel dos mais velhos na sociedade.
Anand Rao
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA