Trabalho no Japão
Até o final de 2023, o Japão, que já foi a segunda maior potência econômica global no pós-guerra, enfrentou uma importante transição no cenário mundial.
Após décadas na posição de terceira maior economia, o país foi ultrapassado pela Alemanha no ranking do Produto Interno Bruto (PIB) nominal e passou a ocupar o quarto lugar.
Essa mudança reflete não apenas uma desaceleração econômica, mas também desafios estruturais que afetam diretamente a produtividade e o mercado de trabalho.
O Japão registrou uma redução de 0,4% no PIB em 2023, um reflexo da desvalorização do iene e da crescente pressão causada pelo envelhecimento da população e pela baixa taxa de natalidade.
Quase 30% dos japoneses têm mais de 65 anos, o que reduz a força de trabalho ativa e aumenta os gastos públicos com previdência e saúde. Esse cenário compromete a capacidade de crescimento econômico sustentado, enquanto países como Alemanha e Coreia do Sul continuam avançando em setores estratégicos.
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Trabalho no Japão
Outro grande desafio é a baixa produtividade do trabalho. Desde a década de 1970, o Japão apresenta os índices mais baixos entre os países do G7, grupo das sete maiores economias globais.
Embora reconhecido pela inovação e qualidade em setores como automotivo e eletrônico, o país mantém uma cultura corporativa que valoriza longas jornadas de trabalho.
Essa prática, em vez de aumentar a eficiência, resulta em esgotamento físico e mental dos trabalhadores, fenômeno conhecido como karoshi — morte por excesso de trabalho.
A produtividade japonesa, medida pelo resultado por hora trabalhada, é significativamente menor do que a de países como Estados Unidos, Alemanha e França. Enquanto outras economias investiram em automação e novos modelos de trabalho, o Japão ainda enfrenta dificuldades para equilibrar tradição e modernização em sua força de trabalho.
Em meio a esses desafios, o Japão busca alternativas para revitalizar sua economia e melhorar as condições de trabalho. Uma iniciativa promissora é a adoção de uma jornada de trabalho reduzida, com quatro dias úteis e três dias de folga, conhecida como escala 4×3.
Esse modelo está previsto para ser implementado em Tóquio a partir de abril de 2025 e tem como objetivo aumentar o bem-estar dos trabalhadores, reduzir o estresse e melhorar a produtividade.
O modelo 4×3 já foi testado em países como Islândia e Nova Zelândia, com resultados positivos, como maior satisfação dos funcionários e aumento na eficiência das empresas. No Japão, porém, a implementação desse modelo enfrentará desafios culturais, já que a dedicação extrema ao trabalho é um valor profundamente enraizado na sociedade.
Trabalho no Japão
Empresas tradicionais podem resistir à mudança, temendo impactos negativos na produção. Por outro lado, se bem-sucedida, essa iniciativa pode atrair jovens talentos e contribuir para mudar a percepção global sobre o ambiente corporativo japonês.
Apesar das dificuldades, o Japão continua sendo uma potência global com enorme potencial de recuperação. Reformas no mercado de trabalho, investimentos em automação e a promoção de indústrias inovadoras podem ser caminhos para reverter o declínio econômico.
No entanto, será necessário equilibrar tradição e modernização para que o país volte a ocupar uma posição de destaque no cenário global.
O Japão enfrenta um momento importante de transição. A adoção de novos modelos de trabalho e a busca por soluções eficientes serão determinantes para garantir um futuro sustentável para sua economia.
A mudança não será fácil, mas, se bem executada, poderá marcar o início de uma nova era de prosperidade.
Por Agnes Adusumilli
Jornalista e editora do site Cultura Alternativa
REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA