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Saneamento Básico no Brasil: A Urgência de Concluir Obras Inacabadas

Saneamento Básico no Brasil: A Urgência de Concluir Obras Inacabadas

A Ineficiência dos Projetos Inacabados

A gestão de saneamento básico no Brasil enfrenta um desafio significativo: a finalização de obras em andamento ou inacabadas. A pesquisadora Antonella Bancalari, do Institute for Fiscal Studies (IFS) e especialista em políticas sociais pela London School of Economics (LSE), aponta que a prioridade não deve ser apenas iniciar novos projetos, mas garantir que aqueles já iniciados sejam concluídos de forma eficiente.

A falta de conclusão de projetos de saneamento tem consequências desastrosas, como o aumento de doenças infecciosas e da mortalidade infantil. Segundo Bancalari, há uma tendência preocupante em muitos países da América Latina, incluindo o Brasil, de investir em novas infraestruturas sem concluir as existentes, o que acaba por desperdiçar recursos públicos e prejudicar a saúde da população.

Bancalari destaca que, em países como a Bolívia e o Peru, programas de saneamento mal implementados resultaram em impactos negativos significativos na saúde pública. No caso do Programa Nacional de Saneamento do Peru, entre 2006 e 2015, a falha em concluir as metas estabelecidas levou a um aumento de doenças e mortalidade infantil.

O problema não é apenas a falta de recursos, mas a gestão ineficiente e descentralizada, onde múltiplas entidades tomam decisões de forma isolada, sem coordenação eficaz, o que agrava ainda mais a situação.

Saneamento Básico no Brasil

A Tentação de Novos Projetos e a Necessidade de Conclusão

Há uma tentação recorrente entre gestores públicos de lançar novos projetos como forma de demonstrar ação e comprometimento com o desenvolvimento. No entanto, Antonella Bancalari alerta que essa prática pode ser contraproducente se as obras em andamento não forem concluídas.

A pesquisadora enfatiza que, antes de iniciar novas construções, é fundamental revisar a necessidade real dessas infraestruturas e garantir que os projetos existentes sejam finalizados.

Essa prática de investir em novas obras sem concluir as anteriores não só desperdiça recursos, mas também compromete a credibilidade do setor público e a confiança da população.

A eficiência na gestão de recursos deve ser uma prioridade, com foco na conclusão dos projetos, o que pode gerar impactos positivos mais imediatos e significativos na saúde pública e na qualidade de vida da população.

Além disso, Bancalari argumenta que a implementação descentralizada de projetos, comum em países da América Latina, necessita de uma revisão urgente. A falta de integração entre as várias entidades envolvidas leva a uma fragmentação na execução das obras, resultando em ineficiências e na perda de controle sobre o progresso dos projetos. O custo dessa má gestão é alto, tanto em termos financeiros quanto em saúde pública.

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Conclusão: A Eficiência na Gestão como Prioridade Nacional

A solução para os problemas do saneamento básico no Brasil não reside na construção de novas infraestruturas, mas na conclusão eficiente dos projetos em andamento. Antonella Bancalari reforça que a prioridade deve ser a melhoria da administração pública, com maior responsabilidade e coordenação entre as entidades envolvidas.

É fundamental que os dados disponíveis sejam utilizados de forma integrada para a tomada de decisões informadas e que os gestores públicos se comprometam a finalizar as obras, evitando o desperdício de recursos e os impactos negativos na saúde da população.

O Estado precisa fiscalizar rigorosamente o cumprimento das metas e padrões estabelecidos para garantir que os projetos sejam concluídos de maneira eficaz. Essa abordagem não só contribuirá para a redução das taxas de doenças infecciosas e mortalidade infantil, mas também reforçará a confiança da população na capacidade do governo de gerir os recursos públicos de forma responsável.

Concluir obras inacabadas não é apenas uma questão de eficiência econômica, mas uma necessidade urgente para assegurar o bem-estar da população e promover o desenvolvimento sustentável. O Brasil precisa reavaliar suas prioridades e focar na conclusão dos projetos de saneamento como um passo essencial para melhorar a qualidade de vida de seus cidadãos.

Anand Rao

REDAÇÃO SITE CULTURA ALTERNATIVA

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