Conto - Sombras sussurros a sinfonia do caos

Sombras, sussurros, a sinfonia do caos

Conto – Sombras sussurros a sinfonia do caos

Desde o início das obras de reforma do Edifício JK, minha vida mudou drasticamente.

O constante barulho das construções tornou-se um tormento diário, um intruso indesejado em meu lar e em minha mente. Cada martelar, cada estrondo das máquinas pesadas, era como um golpe em meu peito, abalando as estruturas da minha sanidade.

Eu caminhava pelos corredores, meus passos ecoando na sinfonia do caos, com as mãos pressionadas contra os ouvidos numa tentativa vã de bloquear o som. O barulho invadia meus pensamentos, um zumbido constante que não me deixava pensar, nem descansar.

Durante as noites, que antes eram meu refúgio, o barulho persistia, invadindo meus sonhos. Eu me via preso em pesadelos, soterrando-me sob escombros e recordações.

Conto – Sombras sussurros a sinfonia do caos

Comecei a falar sozinho, dialogando com as paredes, como se elas pudessem me ouvir e me oferecer algum consolo. Em momentos de silêncio, minha mente perturbada enchia o vazio com ecos imaginários do barulho, tornando impossível distinguir a realidade da ilusão.

O zumbido das máquinas transformou-se em uma presença constante, um monstro que devorava meu sossego. Eu via sombras nas paredes, ouvia vozes sussurrando palavras ininteligíveis em meio ao estrondo, e sentia presenças invisíveis me seguindo pelos corredores de casa, agora desconhecidos e empoeirados.

Este tormento incessante tornou-se o cerne da minha existência no Edifício JK. Cada martelada ressoava como um lembrete cruel daquilo que estava sendo arrancado de mim, pedaço por pedaço, não apenas o prédio, mas a essência do meu ser, fragmentando-se sob o peso do progresso incontrolável.

Assim permaneço atingido e inatingível.

Anand Rao

Editor Chefe

Cultura Alternativa

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